quarta-feira, julho 29, 2009

Reykjavik

O único momento em que pude ver a noite da Islândia foi à chegada tardia a Reykjavik. E mesmo assim, apenas uma espécie de noite vivida no começo da madrugada.
E os edifícios baixos da capital, de 2 ou 3 pisos, bem que merecem dias soalheiros que realcem o seu colorido para que a paisagem possa ficar mais pitoresca.





Reykjavik está situada à beira do Atlântico Norte e é uma cidade que claramente foi crescendo para e pelo porto, mantendo a linha dos seus edifícios antigos, com as casas de madeira.
Mas se o espaço no mar é dominante, o espaço na cidade não o é menos. Crescendo em comprimento e não em altura, as habitações com os jardins mostram que se preocupam com a qualidade de vida, e os prédios foram deixados para o que se pode chamar de subúrbios, numa série de cidades que foram sendo criadas à volta de Reykjavik e que com ela hoje se confundem. São cerca de 270 mil habitantes (a esmagadora maioria de todos os habitantes da ilha estão aqui concentrados) que vivem numa cidade agradável, sem ser linda de morrer, com parques à medida, uma oferta de restaurantes cosmopolita e, dizem, com uma animação nocturna das mais loucas do mundo. O lago Tjornin marca uma presença forte em toda a cidade, mais evidente ainda quando observado da torre da igreja Hallgrimskirkja.
Desta vez deixámos os museus de lado e apenas dedicámos um dia para caminhar pela cidade. Dá para ficar com uma ideia, mas, óbvio, não dá para dizer que a conhecemos ou, talvez, a entendemos. Aqui fica, no entanto, um possível best of do que não deve ser perdido:


- uma voltinha idílica pelo Lago Tjornin


- caminhar pelo porto, junto ao Atlântico Norte, e parar para observar a original escultura de um barco viking, o Sólfar


- aproveitar um passeio pelo jardim de esculturas na casa estúdio de Ásmundur Sveinsson


- deambular pelo centro descobrindo as casas de madeira, cada uma da sua cor
- olhar para o céu e tentar imaginar que horas serão… ops… 21:00? Hora de jantar no restaurante Fish Market e provar a carne de baleia como entrada.

segunda-feira, julho 20, 2009

O Centro da Terra

Não é fácil imaginar como apenas cerca de 320 mil habitantes, distribuídos por um pedaço de terreno um pouco maior do que o de Portugal Continental, conseguem constituir, sustentar e incrementar uma economia auto-suficiente e autónoma (faz de conta que escrevi isto há uns meses). Mais desafiante ainda para a imaginação: não só o conseguem como ainda fazem do seu país um dos mais ricos e desenvolvidos do mundo. E vivem do quê? Cada vez mais do turismo, mas, essencialmente da pesca, da carne de cordeiro, de um pouco de leite. Quanto a recursos naturais estamos praticamente conversados – tirando magotes de energia hidroeléctrica e geotérmica, que fazem com que os islandeses tenham água quente e aquecimento das suas casas praticamente à borla.
À parte isto, o forte da Islândia são mesmo os seus fenómenos naturais – fiordes, lagos, glaciares, quedas de água de todas as formas e feitios, piscinas naturais com água naturalmente (mais do que bem) aquecida, praias de areia preta, vulcões e suas crateras, lava, sandurs (desertos de sedimentos), montanhas coloridas, géisers, canyons, parques naturais com infindáveis oportunidades de caminhadas. Terei esquecido de alguma coisa neste rol dos fenómenos da natureza que mais encantam? Então acrescento-lhe ainda as baleias, os puffins e os cavalos islandeses, belos de morrer. Só não tivemos direito a aurora boreal, mas isso a culpa é da época do ano.
Apenas umas curiosidades mais. Apesar de geologicamente a Islândia ser parte tanto da placa continental europeia como americana, pertence à Europa, mas não se livra de ter como pedaço de terra mais perto de si a Gronelândia, a 287 km, sendo a Noruega, a 970 km, o mais perto que consegue alcançar do continente europeu. É também com o idioma norueguês, segundo uma portuguesa que encontrámos por lá a trabalhar, que a sua língua é mais parecida, não tendo evoluído muito desde o tempo dos Vikings. Será por isso que não entendemos nada do que falam e escrevem? Mas se por aqui não podemos falar em movimento e juventude, que dizer da ilha de Surtsey, parte do arquipélago das Vestmannaeyjar, uma das mais recentes ilhas do mundo, cortesia de uma série de erupções havidas em 1963? Pois, pura energia e emoção, a reviver em próximos posts.



falei das fumarolas fazendo bolhinhas na terra colorida? mais um fenómeno para acrescentar à lista

Brevíssima Introdução à Viagem ao Centro da Terra



Para a Islândia, projecto antigo, só havia uma solução: reservar parte do mês de Julho, de preferência o seu início para ganhar o maior número de horas de luz em cada um dos dias. Na parte que me toca, objectivo plenamente cumprido. Como sou – e lá me mantive – uma menina bem comportadinha, não cheguei a ver mais do que um leve lusco fusco nos 12 dias que passei na ilha com vista (quase) para o Árctico.
Se a Islândia é reconhecida pelas suas paisagens naturais fantásticas, porquê começar por aqui?
Porque é mesmo esquisito andar-se um dia inteirinho sem se notar que a terra quer anoitecer, que são horas de parar a jornada de carro e ir procurar lugar para dormir. E, então, dormir de dia, por vezes com uma claridade que não se via durante o dia propriamente dito. Sim, o sol da meia-noite existe mesmo.
Quanto ao mais, e cumprindo a tradição nórdica, a Islândia é mesmo um lugar civilizado, onde tudo corre pela certa, descontando, é claro, o facto de o país ter ido à bancarrota há meses. Resultado? Menos turistas islandeses pelas praias algarvias neste Verão. E um singelo comentário: se a moeda deles desvalorizou horrores e a economia veio por aí abaixo, continuando os preços lá bem em cima (do ponto de vista desta portuguesa, é claro), como imaginar o custo de vida anterior? A viagem de avião não é barata, o aluguer de carro é estratosférico (vá que a gasolina está ao mesmo preço de Portugal, mas aí parece que o preço das nossas gasolineiras é que é abusivo), as dormidas em saco de cama nos hostels toleram-se, os piqueniques feitos dias a fio ficam por uma pechincha apenas quando comparados com o que se paga em um (qualquer) restaurante da ilha.
Mas, lá está, é aquela viagem que todos temos (devemos) de fazer. A Viagem ao Centro da Terra, como já Júlio Verne tinha escrito.