domingo, novembro 21, 2010

Café Saudade

Depois de um passeio por Sintra, neste caso, a Monserrate descobrimos um espaço para se estar e saborear.
Junto à estação de comboios, na Av. Miguel Bombarda, aproveitando a pré-existência de uma das mais antigas fábricas de queijadas da vila surgiu o Café Saudade.



Este espaço para além de uma sala de chá, onde se come uns scones maravilhosos acompanhados de um chá ou de um chocolate quente, entre outras iguarias, procura igualmente ser um espaço cultural, onde é dado um ênfase especial às artes e aos ofícios tradicionais portugueses. Isso está expresso desde a recuperação dos interiores, aos elementos decorativos, assim como às peças em exposição para venda.
Enfim, é um espaço bonito e acolhedor, onde apetece ficar sem horas.

quarta-feira, novembro 17, 2010

Pérola à beira do Atlântico

Desde que comecei a ir para Sagres, já lá vão mais de 10 anos, esta vila do sudoeste algarvio mudou muito.
Os encantos naturais múltiplos, compostos por uma fantástica paisagem ainda selvagem, mantém-se. Porém, ainda que longe da alta densidade por grão de areia de outras paragens algarvias, já é evidente algum congestionamento no período estival. Pelo menos aos olhos de quem vivenciou tempos idos.
Nessa altura a oferta hoteleira era mais diminuta e menos qualificada que actualmente. Com excepção da Pousada de Portugal D. Infante, a oferta hoteleira era feita, essencialmente, por unidades obsoletas e por habitações particulares. Uma dessas unidades, mais que datadas, era o Hotel Baleeira, uma unidade dos anos 60 do século passado.
Depois de alguns anos em que esteve fechado, este hotel foi renovado no final da primeira década do novo milénio. O novo projecto manteve a cor branca e as linhas originais, assim como aproveitou ao máximo as vistas fantásticas sobre o oceano.
O resultado não podia ser melhor, com o reconhecido através de diversos prémios, como o de melhor renovação de hotel entregue, em 2009, pelo Turismo de Portugal.
Por tudo, vale a pena passar, nem que seja, uma noite e usufruir do seu interior elegante e cheio de design, onde o tom branco, castanho e azul água predominam.



E ter a possibilidade de iniciar o dia desta forma.


Assim como usufruir do espaço exterior, onde a paisagem deslumbrante, a luz natural e a tranquilidade da piscina têm a capacidade de nos revigorar.


Se não forem argumentos suficientes, o spa, a piscina interior aquecida e o plateau de massagem terão certamente essa capacidade.

Agora que Chegaram os Dias Frios Resta a Saudade

Agora que chegaram os dias frios e o Verão está cada vez mais lá trás, vêm à memória, com saudade, os bons momentos, em que os dias são longos e o sossego impera. Em que o dia é passado entre mergulhos, leitura, boa conversa e a absorver esta paisagem linda e plácida.


sábado, setembro 25, 2010

Vinhos do Alentejo em Lisboa

Ontem e hoje (24 e 25 de Setembro) decorre na Lx Factory, Lisboa, um evento que reúne diversos produtores de vinhos alentejanos.
Esta iniciativa pretende dar a conhecer um dos produtos de maior valia desta região do país.
Para além das provas dos vinhos, há conversas, comentadas por conceituados produtores, enólogos e especialistas, sobre os mesmos.


Dos vinhos que provámos destacamos, dos correntes, o Tapada do Barão (Granadeiro), um Tinto de 2008, muito agradável, frutado e fácil e o Monte Maior Tinto, da Adega Mayor, um vinho macio.
De um nível superior destaca-se o Quinta do Carmo Reserva Tinto, do grupo Bacalhôa Vinhos de Portugal, e o Paço do Conde Reserva Tinto.

sábado, setembro 18, 2010

Convento de Cristo

De manhã fui participar no 8.º Challenge de Águas Abertas na Aldeia do Mato, Castelo de Bode, e à tarde guardei ainda algumas energias e, já que estava por perto, não pude deixar de ir fazer uma visita ao Convento de Cristo, em Tomar. Aliar o desporto à cultura, parece-me não haver programa muito melhor.



O Castelo, Convento e Igreja, aos quais junto o Aqueduto, são elementos fantásticos do nosso património arquitectónico e monumental.
O Castelo dos Templários, ainda que não tão pitoresco como o de Almourol, é de uma importância e beleza inquestionáveis. A sua construção iniciou-se em 1160, no alto do monte que domina Tomar, e a sua geografia baseou-se no modelo da cidade de Jerusalém, onde nasceram os Templários.





Mas o deslumbre surge com a Charola do Convento de Cristo, parte integrante da Igreja Manuelina (ainda que esta tenha sido construída depois), restaurada e reaberta às visitas não há muitos anos. É uma estrutura cilíndrica, cuja construção por fases, ou por acrescentos, se iniciou em 1190, e possui uma farta decoração iconográfica, com esculturas e pinturas, onde abundam os tons dourados. Lindíssima.





Outro momento de deslumbre, esse parte do nosso imaginário de figuras que caracterizam o nosso património artístico é a janela manuelina situada na fachada ocidental da Igreja, com o mítico velhote de barbas na parte inferior e a coroa com o escudo português encimada pela Cruz de Cristo na parte superior. Pelo meio um intrincado trabalho pleno de pormenores.



O Convento, em si, traz-nos mais pormenores deliciosos, como a escada que serpenteia para além do último andar, e os pátios acolhedores vão-se sucedendo. Para ser mais precisa, claustros: o Maior, o da Hospedaria, o dos Corvos, o da Micha e o de Santa Bárbara. Passamos pelo refeitório e cozinha, pelas salas do noviciado ou salas das cortes e o espanto não cessa.









Cá fora, junto à Horta dos Frades, vemos uns grandes arcos de um aqueduto que liga ao Convento e por onde outrora lhe levava a água. Estamos ainda longe de imaginar o quão monumentais se tornarão quando, por cerca de 7 km caminho de Carregueiros, passam pelo vale da Felpinheira (com 12 arcos que chegam aos 15 metros) e, principalmente, pelo vale de Pegões (com 58 arcos gigantes que dobram a altura anterior). Talvez por viver em Lisboa e passar frequentemente pelo vale de Alcântara e com a arrogância dos lisboetas me ter habituado a pensar que não haveria outro que sequer chegasse aos calcanhares da monumentalidade do Aqueduto das Águas Livres, a surpresa que esta obra de engenharia civil do século XVI (anterior ao das Águas Livres, portanto) produz é absolutamente encantatória. A tal ponto que não hesito em colocá-la no mesmo plano que o Castelo, Convento e Igreja, como o fiz no início deste texto.





terça-feira, setembro 07, 2010

As Praias



Apesar de a costa peruana estar virada para o Oceano Pacifico e de recorrentemente associarmos algumas das mais belas praias do mundo a estas águas do nosso globo, é melhor rapidamente esquecer essa associação no que ao Peru diz respeito. Com excepção de Máncora (que não conhecemos), bem no norte, já na fronteira com o Equador, ninguém se dá ao trabalho de sonhar com praias do Peru.
Ainda assim, e mesmo tendo presente que o objectivo principal da viagem não era, de todo, fazer praia, fizemos questão de dar uma saltada – desviando até uns quantos kms – para conhecer algumas delas de areia e água escura, rodeadas pelas areias duras do deserto que se vai vendo pela Pan Americana que percorre praticamente toda a costa peruana.





Em Pimentel, perto de Chiclayo, vimos algumas das totoras dos pescadores que iríamos também ver mais a sul, fizemos parte da (permanente?) campanha eleitoral que se observa em quase todo o espaço livre dos muros e vimos uma ondaça bravamente surfada no espaço de muro que ficou livre dos políticos.









Ponderámos ir até Puerto Chicama, vilarejo segundo dizem com pouca graça mas com a fama de ser a onda mais longa do mundo. Mas para isso teríamos de desviar muitos kms, perdendo muitas horas só para ver uma onda que não iria existir por aqueles dias.
Optámos, então, por nos manter e dormir em Pacasmayo. Os seus locais reclamam para si o título de onda mais longa do país, em El Faro. Não conseguimos tirar conclusões a respeito. Mas conseguimos, sim, sentir a pacatez do seu malecón, com o pier antiquíssimo e nem sempre com as madeiras todas, facto plenamente compensado com a vista para as poucas mas lindas casas coloniais com vista para o Pacífico. É um bom sítio para se parar e deixar ficar a pensar na vida ou, simplesmente, não se pensar em nada. À noite fomos ao bar / restaurante “Puerto Escondido” – só podia ser nome de bar de surfista ao levar o nome da famosa onda mexicana – do Marcos, efectivamente surfista. Ouvíamos e íamos participando timidamente da conversa entre um brasileiro e um chileno, acompanhado de um gringo que não parecia falar espanhol, sobre as ondas do Peru e do Chile. O brasuca tinha vindo de mota, segundo a sua contabilidade para aí uns 6000km e ia voltar ao Brasil por Iquitos, porque por questões burocráticas só podia estar fora 3 meses. O chileno, esse, era um dos tais que parecia ter assentado arraiais por Pacasmayo, pela tal calmaria de Pacasmayo, assim como parecia passar os anos a assentar arraiais em outros pousos como este, porque os haverá e muitos pela costa peruana e, já agora, chilena. É só procurar e deixarmo-nos ficar, desviando ou integrando estes sítios que acabam por se tornar especiais nas nossas viagens, que não são só Machu Picchus. E ainda bem.





Uma outra praia que visitámos foi a de Huanchaco, bem perto de Trujillo. Inexplicavelmente, é muito popular entre os turistas que por lá vão passar uns dias num dos seus muitos hotéis (há quem opte por ficar aqui alojado em detrimento de Trujillo) e aproveitam para ter umas aulas de surf. As ondas por aqueles dias não apareceram e, talvez o tempo feio e nublado tenha ajudado, não lhe vimos encantos de maior. Apenas a “exposição” de totoras nos fará lembrar este “museu”.



Afinal, parece que mesmo desprovida de encantos Huanchaco é boa para relaxar.

segunda-feira, setembro 06, 2010

Trujillo





Trujillo, terceira cidade do Peru, depois de Lima e Arequipa, é uma cidade bastante agradável. Historicamente conhecida como sendo terra de poetas e de tertúlias, ainda hoje se vê um grupo de senhores entradotes bebendo e conversando numa mesa de café e, numa outra mesa, um grupo de senhoras entradotas bebendo e conversando numa mesa de café, que pode até ser o mesmo café.
Fundada em 1534 por Pizarro, o invasor, leva o mesmo nome da sua terra natal em Espanha. Conserva ainda alguns edifícios belamente restaurados e, principalmente, as fachadas são cuidadas e coloridas. Caminhar pelas suas ruas é seguro e é um bom entretenimento tentar perceber quantas cores podem ser usadas para nos encantar o olhar. A Plaza de Armas é grande e faz lembrar a sua homónima de Lima.
Eis mais algumas fotos que demonstram toda a fotogenia de Trujillo.









Rumo ao Norte

Seguindo os nossos planos de viagem, deixámos Cusco e fomos para o norte, com Chiclayo a ser o nosso novo poiso, mas com a arqueologia a continuar a ser senhora.
Chiclayo, só por si, tirando o mercado – um dos maiores da região – não merecerá uma viagem de propósito. Mas tem por perto aquele que é um dos mais surpreendentes museus arqueológicos: o Museo Tumbas Reales de Sipán.







Foi apenas em 1987 que um arqueólogo local deu por uns artefactos a serem vendidos num mercado que lhe chamaram a atenção e o levou até muitos mil anos atrás e às fabulosas pirâmides de tijolos de adobe que existem precisamente na zona de Chiclayo. Esteticamente o lugar está longe de ser bonito. Mas a historia e o conhecimento dos hábitos da cultura Lambayeque (= Sicán), que existiu entre os séculos VIII e XIV são para lá de interessantes. Assim, para além de Sipán encontramos também em Túcume (esta com 26 pirâmides já descobertas) as referidas pirâmides que seriam centros cerimoniais onde, brevemente contado, quando o chefe de família falecia era enterrado com os seus pertences, animais, criados e alguns membros da família. Por cima desta tumba, os familiares que sobreviviam ao senhor iriam construir a sua casa e por ai adiante. No lugar de Sipán foram encontradas diversas tumbas, incluindo a mais majestática do Senhor de Sipán que se encontra exposta no Museo Tumbas Reales de Sipán, ao lado de objectos finíssimos e lindíssimos (embora os da antecedente cultura Moche sejam os mais bonitos).







Deixando Chiclayo fomos para Trujillo em busca de mais arqueologia, quais Indiana Jones ou, já que somos meninas, quais Lara Croft´s.
Perto de Trujillo encontramos também algo semelhante às pirâmides nas Huaca del Sol e Huaca de la Luna. As imagens aqui, ainda bem conservadas após os trabalhos de restauro, são muito bonitas. Uma vez que a cultura Moche (do século I A.C. a IX D.C.) não conhecia a escrita, havia que recorrer às imagens para expressar a iconografia da sua cultura. Esta cultura era bastante forte na cerâmica, incluindo objectos cerâmicos onde se revelam práticas sexuais explícitas, hoje visíveis no Museu Rafael Larco em Lima. Como somos muito pudicas não fomos lá.







E, por fim, a representante da cultura Chimu (séculos XI a XIV), também perto de Trujillo, eis Chan Chan – em português “Sol Sol” –, a maior cidade pré-columbina da América e uma das maiores cidades de adobe no mundo. Estima-se que tenham vivido aqui 60000 habitantes ao mesmo tempo. Os edifícios são decorados, bem como os muros, e é visível pelo grande lago que os chimus já utilizavam a técnica dos canais para abastecimento de água à sua cidade. Em 1986 foi declarada património da humanidade e logo colocada também na lista do património em perigo. O que se visita hoje é apenas uma pequena parte da grande cidade que outrora existiu e que em 1471 foi conquistada pelos incas, depois saqueada pelos espanhóis e depois ainda arrasada pelas chuvadas de “el niño”.

Curioso foi ver que, se os peruanos e os descendentes dos incas em especial (muitos dos peruanos, certamente) têm alguns ressentimentos para com os espanhóis, também alguns chimus, de que é exemplo o guia que nos acompanhou, descendente desta civilização, mostram ressentimento para com os incas. Porque será que cada civilização que vem tem de deitar abaixo o que foi feito por quem já lá esteve? Talvez faça parte da cultura do Homem, comum a todas as civilizações. Nada a fazer, portanto, se não colocar mãos à obra e procurar mostrar o que cada uma das civilizações representou no mundo em tempos e que hoje, vemos, têm lugar umas ao lado das outras e, principalmente, cada uma à sua maneira, tem fortes argumentos de encantamento.