sexta-feira, julho 26, 2013

Compras em Banguecoque

Banguecoque é sinónimo de compras. Tudo se vende, tudo se compra. E as contrafacções estão por todo o lado, às vezes tão perfeitas que só pelo preço chegamos à conclusão de que são fakes. Outras ficamos mesmo na dúvida.


Tirando as ruas onde se organizam mercados, como a Th Khao San, em Banglamphu, ou as Patpong em Silom (para referir as que conhecermos), a grande zona das compras é ao redor da Praça Siam. Existem diversos centros comerciais finos, com corredores bonitos e lojas de marca, e existe um centro comercial onde se vende tudo o que se vende na rua, com a mesma feiura, mas agora em lojas sob um tecto com ar condicionado. E cá em baixo, no asfalto, existem ainda lojas e bancas para vender mais umas coisinhas, repetidas ou não. Para todos os gostos portanto.

Mas o mercado de Chatuchak, o JJ, é que é o paraíso das compras, seja para os turistas seja para os locais. Este mercado de fim de semana, afastado do centro de Banguecoque, vende de tudo o que se possa imaginar. Tem até uma área extensa dedicada a moda urbana, com artigos de fazer inveja a qualquer marca popular da nossa Europa, ou seja, não cairiam mal nas montras dos nossos centros comerciais. Depois vende-se ainda roupas para todos os gostos, artesanato, acessórios, mobiliário para casa, flores, memorabilia de guerra, artigos de caça, etc. Uma espécie de Camden ou Portobello.



 
Mas o mais pitoresco de Banguecoque e seus arredores são os mercados flutuantes, aqueles cujo comércio se faz à beira do canal e onde o meio de transporte mais utilizado pelos compradores e vendedores é o barco. A vida neles é intensa. Existem vários nos arredores de Banguecoque. Para primeira experiência não quisemos deixar de visitar o Damnoen Saduak, a cerca de uma hora e meia do centro. Este é o mais turístico e, diz-se, apenas isso. No entanto, vale a pitoresca visita. A quantidade de pessoas que o visitam é tal que a confusão é rainha e o trafego de barcos no canal imita o de carros nas estradas de Banguecoque. Houve uma determinada altura em que ficámos mesmo cerca de meia hora dentro do barco, sem possibilidade de andar nem para frente nem para trás, encravados no meio dos outros barcos. Mau para o negócio, que se faz de paragens nas margens do canal ou de encontros com os barcos das vendedoras (não sei porquê, mas eram só mulheres a comerciarem nos barcos). Ora se vende objectos turísticos, como artesanato vário, ou comida, fruta, em especial, mas também cozinhados na hora.
 



No final da visita para trocas comerciais, seguimos num outro barco por canais menos movimentados e pudemos ver como se vive de outra forma, no rio, do rio e pelo rio. Casas à beira da água, com canteiros à porta e barcos na garagem, afinal este é o meio de locomoção por excelência por aqui. 


Skybars em Banguecoque

Uma das experiências que não se deve perder em Banguecoque é poder assistir ao seu skyline do alto de uma das suas torres. E o trabalho está facilitado porque existem diversos skybars, principalmente no último dos andares de hotéis. O dress code não é muito exigente. Valem mochilas, só não valem chinelos e calções.

Estávamos no Siam, meio da noite, filas intermináveis para apanhar táxi depois de uma jornada de compras, e os que paravam pediam-nos muito mais do que sabíamos que era o certo a pagar para uma curta viagem até ao Moon Bar do Banyan Tree ou ao famosíssimo Sirocco Sky Bar na State Tower. Optámos por ir fugindo às ruas principais e quando demos por nós estávamos mesmo à porta de um hotel numa torre altíssima. Confiantes de que do seu topo se iria alcançar a vista desejada perguntámos se tinham um skybar e, mais rápido que a resposta afirmativa, já estávamos dentro do elevador rumo ao andar 55 do Centara.


Do seu bar Redsky temos uma vista fabulosa de toda a Banguecoque, iluminada à noite, pontinhos aqui, pontinhos ali, com cada vez mais edifícios a romperem rumo ao céu. Tivemos ainda a sorte de estar a chuviscar e, então, todos haviam fugido para dentro do bar, deixando a esplanada só para nós, inebriados pela paisagem vista do topo do mundo.

Visitámos ainda outro bar no último piso, o Phranakorn, em Banglamphu, mas este num edifício relativamente baixo, quarto andar, talvez. Ambiente descontraído, jovem, feito de artistas, uma espécie de Clube Ferroviário, mas com vista para uns wats iluminados, como o do Golden Mount.

Wat Phra Kaew

O complexo do Palácio Real e Wat Phra Kaew, contrução  do século XVIII, simboliza a união da monarquia e da fé budista, sendo local de peregrinação tanto de nacionalistas como de budistas. A sua arquitectura é num estilo antigo thai, com os telhados caídos encimados por uma espécie de coroa. O espaço à volta, com edifícios em cima de edifícios, fica como que um emaranhado de coroas douradas a romperem o céu, guardados por uns guardiães gigantes.
Atenção à ilusão de se querer ver estes monumentos em sossego e profundidade: não passa disso mesmo, uma ilusão, tanta é a maralha.
Até para tirar fotos é complicado, tão perturbados ficamos com tanta cor e festividade junta.
É disparar para todo o lado e esperar que alguma foto possa representar pelo menos 20% do que se vê in loco.










A Visitar em Banguecoque

Escolhemos ficar em Banglamphu e foi acertado. Esta zona é a parte antiga da cidade, onde estão as maiores atracções turísticas. Mas ao preço a que os táxis saem em Banguecoque, arrisco-me a dizer que qualquer zona da cidade é boa para assentar arraiais. 3 euros para fazer 8 kms? Quase dado. Melhor, para três pessoas o táxi acaba por ficar mais barato do que o metro ou o skytrain. Há quer ter em conta, porém, duas situações. Uma é que à noite nem todos os taxistas gostam de ligar o taxímetro e, então, os preços mais do que triplicam. Há que procurar bem e fugir às ruas mais centrais. Outra, e mais importante, é que o trânsito de Banguecoque pode ser infernal e gastar-se mais tempo parado no ar condicionado do táxi do que a rolar nas estradas. Aí, claramente, a opção certa e rápida é o metro.


 
Na zona de Banglamphu fica o Wat Suthat, o primeiro que visitámos em Banguecoque (leia-se: ainda não estávamos enjoados com tantos wats), o qual possui a maior capela da Tailândia. A diferença para os wats que havíamos visitado no Laos é marcante. Sem retirar a beleza a estes últimos, o estilo é semelhante, mas os de Banguecoque são mais requintados e mais delicados nos seus pormenores. Os Budas, de todos os tamanhos e diferentes posições, esses, são presença constante em todos os wats, sejam de Banguecoque ou de uma qualquer cidade do Laos.


 
Passando o canal (Banguecoque tem diversos canais, o que faz com que seja conhecida como a Veneza da Ásia), encontramos numa breve subida a stupa no topo do Monte Dourado. À noite fica iluminada, destacando-se na paisagem e sendo um ponto de referência bem bonito. De dia a vista daqui é brutal, o nosso primeiro verdadeiro impacto com a dimensão avantajada de Banguecoque, uma espécie de montanha russa de edifícios, uns baixos, outros médios e cada vez mais arranha céus. Os wats não dominam mais a paisagem. Nesta imperam agora os arranha céus cada vez maiores. A crise económica de 1997 pode ter abalado e parado muita construção, mas a euforia e a pujança parecem estar de volta, a analisar pela quantidade de edifícios que se preparam para romper o skyline sem fim.

 
 
Mas o que mais me encantou por esta zona da cidade foi o Wat Ratchanatda. É antes um complexo de templos, do qual destaco o Loha Prasat, ou Palácio de Metal, a pensar nas 37 esferas de metal que o adornam. O Lonely Planet tem uma descrição curiosa mas acertada: é uma espécie de bolo de aniversário medieval. Pena que estava em restauro, mas deu para sentir a sua arquitectura e estética diferente dos demais. Podemos ainda subir aos seus vários andares e termos uma perspectiva diferente da cidade, como que uma prévia do que veríamos do Monte Dourado.


A rua mais famosa de Banglamphu é a (Th) Khao San, outrora conhecida como a rua dos mochileiros. Indo directamente ao assunto: tem demasiados restaurantes e bares que podiam estar em qualquer Algarve do mundo, inclusive McDonalds e Starbucks, e as suas lojas vendem quase todas o mesmo. Mas faz parte visitar estes locais feitos a pensar em nós, viajantes remediados sem direito a alojamento no Peninsula ou Oriental e a comprar Prada ou Louis Vuitton nos modernos centros comerciais. Assim, e por respeito à classe, limitámo-nos a passar por eles da mesma forma - descontraída e curiosa.

Na verdade, a Th Khao San até tem um ambiente divertido, com muito movimento nesta rua, suas paralelas e perpendiculares, cravadas de bares hoje frequentados também pelos tailandeses. E come-se aqui bem, seja na verdadeira acepção da palavra, um pad thai ou um doce de ovos com coco, por exemplo, seja com os olhos, tantas são as iguarias em exposição na rua, incluindo aquelas coisas que pensamos ir encontrar na Ásia. Sim, isso mesmo, a pacifica rã ao lado de escaravelhos e bicharocos do estilo.


 
Antes de visitarmos o centro histórico, conhecido como Ko Ratanakosin, onde fica o Palácio Real e o Wat Phra Kaew, demos uma saltada até ao Palácio Dusit. Este é uma criação do primeiro rei tailandês a visitar a Europa, no fim do século XIX, daí a hibridez da sua arquitectura, um misto de estilo europeu com thai, tendo ficado conhecido como a Versalhes de Banguecoque. O seu interior é luxuoso, com deslumbrantes tronos em ouro. À volta do Dusit, no parque de mesmo nome, existem uma série de edifícios, mas o mais delicado é a Mansão Vimanmek, diz-se que a maior construção em teca do mundo. Esta foi a residência real e olhando para o mimo que é tanto o seu exterior como o seu interior custa a crer que alguém tenha feito dela museu e não a queira só para si. Obrigada, em todo o caso.


De volta ao centro de Banguecoque, uma visita à maior atracção turística da cidade: o Palácio Real e o Wat Phra Kaew, ambos no mesmo complexo à beira do rio Chao Phraya.

O Wat Phra Kaew é o Templo do Buda de Esmeralda, o mais famoso e deslumbrante de toda a Banguecoque. É uma explosão de cor e criatividade a ser partilhada com milhares de companheiros turistas. Sossego para se contemplar os Budas ou a sua arquitectura fantasiosa não há. O melhor é procurá-la no vizinho (já fora dos muros deste complexo) Wat Pho. Quer dizer, uma tranquilidade relativa, aqui os turistas são apenas centenas para chegar ao Buda reclinado e admirar as stupas delicadas cheias de ornamentos.
 



Atravessado o Chao Phraya numa curta viagem de barco estupidamente barata (menos de duas mãos cheias de cêntimos), chegamos ao Wat Arun, mesmo junto ao rio. Do seu topo alcança-se uma vista maravilhosa, apesar de termos de penar um pouco para subir os estreitos degraus. A espécie de torre de 82 metros em estilo khmer parece um pedaço de granito de longe. No entanto, quando chegamos perto vemos que é bela e não bruta, cheia de motivos florais coloridos em porcelana.

 
 

 

Banguecoque



Após a visita ao Laos mudámos as agulhas para Banguecoque.

O norte da Tailândia havia estado nos meus planos iniciais, juntamente com o Laos. Mas apenas quinze dias de viagem significam escolhas apertadas. Com tanto que há para conhecer da Tailândia, por ora foram escolhidos apenas quatro dias para Banguecoque, na certeza de que se voltaria.

Hoje, depois, desse breve reconhecimento da capital essa certeza é ainda mais forte.

Banguecoque é uma cidade surpreendente. Asiática, mas pacata em muitas ocasiões. Totalmente moderna e civilizada (assuma-se, a civilização vista por uma orientalista, com todos os preconceitos e prejuízos formados ao longo dos tempos). Ou melhor, existem diversas Banguecoques, uma mais antiga, com templos aqui e aqui, e outra mais capitalista, com arranha céus e compras aqui e aqui. Na verdade, as compras estão presentes em todo o lado, seja em lojas ou bancas à volta da Praça Siam, seja em mercados em Banglamphu ou Chatuchak, ou até em mercados flutuantes num qualquer canal de rio.

E, depois, há o sexo. Não, não vou falar disso até ter uma ideia mais real do que é que é o ping-pong show para além daquela explicada com gestos e chupadelas no ar por um dos rapazes que nos impingia o dito espectáculo em Patpong.