quinta-feira, agosto 29, 2013

Música Lao ou Thai, precisa-se

Gosto de música. Não preciso sequer de entender aquilo que se está a cantar. Encantam-me as melodias.
Daí que desde que estive no Camboja tenha ficado com um certo tipo de música na cabeça. Por sorte descobri um grupo que me acompanha até hoje: os Dengue Fever.
No Laos a mesma coisa. Passava por um sítio qualquer e lá estava aquele género de cantar enrolado, num idioma totalmente estranho, mas agradável aos meus ouvidos.
É muito bonito quando se viaja para outros países dizer que se faz amigos, que se estabelece contactos com os seus cidadãos, que se integra na cultura local. Eu até tento, como no Laos, mas por vezes isso é impossível. 
Ora vejamos. 
Chegada ao Parque Buda, arredores de Vientiane, uma banquinha que vendia sumos tinha um som a tocar. Aquela sonoridade que me persegue nos meus melhores sonhos. Com gestos - não falo laosiano, o rapaz não falava senão laosiano - a apontar para os ouvidos e para o rádio e fazendo o símbolo (ocidental) da pergunta, tentava chegar a uma conclusão do que estava a tocar. Nada. 
Até que chegou a minha grande oportunidade, a que não iria deixar de me trazer os frutos que tanto desejava. O condutor do tuc tuc de Pakse falava um bom inglês, era jovem e gostava de música. Reunidas as condições de uma perfeita comunhão com o cidadão e cultura local, passo-lhe para a mão um papel e uma caneta para que me escreva alguns grupos e cantores que deva ouvir. Calmamente, aguardo que o moço pense e me faça uma, senão excelente, pelo menos boa colecção musical de canções do Laos e da Tailândia. Qual não é o meu espanto quando vejo que tudo está escrito no alfabeto deles. Pois é, o rapaz falava inglês, mas não sabia escrever no nosso alfabeto.
Não me resta senão descobrir por mim a música do sueste asiático que toca na minha cabeça.

sexta-feira, agosto 16, 2013

Bocadasse


Pese embora as Cinque Terre e Portofino, não é preciso muitos quilómetros para se ter uma prainha bem bonita em Génova.
Esta é Bocadasse, pequeno porto e abrigo de pescadores rodeado de casas coloridas que hoje serve para uns banhos.
É pitoresco, mas como a mãe diz, estes gajos aproveitam tudo para estender a toalha ao sol.


 

De Santa Margherita Ligure a Portofino

Portofino


A Portofino chega-se de autocarro desde Santa Margherita Ligure.

Mas como a estrada é estreita e cheia de curvas, parece-me que aqueles que têm receio de enjoar preferem lá chegar de iate. Na verdade eu não tenho receio de enjoar, mas também preferia usar de um sonhado iate e percorrer esta zona da Riviera italiana e escolher um refúgio só para mim e, depois, estacionar no porto de Portofino e sair para beber um cocktail num dos seus bares.

Sonhos à parte, é bom chegar a Portofino. O ideal é percorrer os cerca de 5 quilómetros entre Santa Margherita e Portofino a pé. Nós optámos por fazê-lo na volta de Portofino até Paraggi, estância balnear também exclusiva, mas não tanto. A cada curva uma surpresa, seja pela água incrivelmente clara, seja por um palácio instalado à beira mar.



Quanto a Portofino, e exclusividade, luxo e elite à parte, é lindíssima. As suas casas coloridas formam um quadro perfeito juntamente com a baia do seu porto. Podemos percorrer as suas ruas e sentarmo-nos numa esplanada a assistir ao movimento da chegada e partida dos iates, ou tão somente da vida num iate, mesa montada para o pequeno almoço tardio.

Mas podemos e devemos subir até à sua igreja e castelo e contemplar a pitoresca Portofino e sentir que temos direito a tudo no mundo. Quem tem a vista tem tudo.
 

Porto Venere, a Sexta Terre



Cinque Terre em Fotos

Monterosso



Vernazza



Corniglia




Manarola



Riomaggiore
 

Cinque Terre


As Cinque Terre foram o pretexto para a viagem a Milão e Génova.
Se são distantes de Milão, também o são de Génova para se querer fazer o passeio de conhecê-las todas num só dia. Era um projecto ambicioso, sabia-mo-lo à partida. Mas a missão tornou-se mais difícil quando, saídas bem cedinho de Génova, o comboio ficou parado cerca de uma hora na linha, ao que parece por um indivíduo nela se ter atirado. E acabámos por já chegar a Monterosso, a primeira das Cinque Terre para quem vem do sentido Génova, às 10h 30m.

Alguns factos:

As Cinque Terre são Monterosso, Vernazza, Corniglia, Manarola e Riomaggiore.

Monterosso é a mais populosa. Corniglia a única que não fica logo à beira mar.

Porto Venere, um pouco mais adiante, é por vezes considerada a sexta "terre" e é também património da Unesco.

Todas elas ficam na Riviera di Levante, Liguria.

Às Cinque Terre chega-se de comboio, de barco ou a pé. Entre as Cinque Terre utiliza-se os mesmos meios. Mas por esta época, depois de enxurradas de há tempos que provocaram aluimentos graves, as caminhadas estavam vedadas. Incluindo a possibilidade de fazer a famosíssima Via del Amore, cerca de 20 fáceis minutos a ligarem Manarola e Riomaggiore.

Pena.

E pena também não ter dado para conhecer Corniglia.

E pena ainda não ter caminhado com um pouco mais de tempo para descobrir a vista tradicional de Vernazza, nem de propósito a vista símbolo das Cinque Terre.

Na verdade, apesar dos dias grandes de Verão, com muita luz até tarde, perde-se algum tempo nas deslocações entre as terras. Não há milagres para um só dia, daí que não haja que lamentar o que se perdeu. Antes agradecer o que se alcançou.



E o que têm então as Cinque Terre de especial que faz com que demasiada gente lá acorra?

A vista e mais vista. As suas características geográficas, instaladas junto ao mar, alcandoradas nos rochedos, casas debruçadas sobre ele, encavalitadas umas nas outras, rochedos e baias que adentram à terra que vai subindo. Lá no alto formam-se socalcos, possibilitando a exploração agrícola, sobretudo vinho, azeite e limão. À agricultura junta-se o turismo, seja de europeus, americanos ou asiáticos ou tão somente caminhantes italianos que todos os fins de semana lá acorrem.

Aí temos uma conjugação perfeita. Agricultura e turismo. Mar e montanha.

Os promontórios das Cinque Terre são de facto belíssimos, forte concorrência da Costera Amalfitana, no sul. O deslumbre segue o mesmo. A tal ponto que é difícil eleger qual das Cinque Terre é a mais bonita. Em localização geográfica ficam empatadas. Nas ruinhas que as ocupam, cheias de lojas de produtos tradicionais e restaurantes, também não se destacam umas das outras. Quer isto dizer que vista uma está tudo visto? Nem pensar. Há que chegar e caminhar. Com calma, de preferência. Voltar se possível. Procurar uma vista ainda melhor. Se fosse mesmo obrigada a escolher uma, elegeria Manarola, talvez por ter sido a que consegui ver melhor. E está feita a injustiça de destacar uma das Cinque Terre.

quinta-feira, agosto 15, 2013

Génova




Génova não é tão elegante como Milão, mas possui a sorte de ter a banhá-la as águas do Mediterrâneo. Fundada em 1407, tem um passado glorioso, feito de comércio, sobretudo, e é conhecida como a terra natal de Cristóvão Colombo. Pujante na Idade Média, era uma das Repúblicas Marítimas. O centro histórico de La Superba é património da Unesco e é um dos mais extensos do mundo.

 
Por onde quer que caminhemos esbarramos com portas antigas e edifícios apalaçados, por vezes em ruas tão estreitas que uma envergadura mediana alcança um lado ao outro. A sua geografia é algo acidentada, mas nada que aborreça o viajante. Pelo contrário, dá-nos a possibilidade de subirmos num dos seus inúmeros ascensores e funiculares e obter uma vista de 360 graus da paisagem. Como a do ascensor do Castelletto.




O Porto Antigo domina a cidade para além do centro histórico. Aqui foram efectuadas grandes intervenções nos anos noventa do século passado, como a construção do edifício do Aquário, um dos maiores do mundo. Ainda, alguns símbolos a cargo do arquitecto da cidade e do mundo Renzo Piano, a quem se devem a Biosfera, a bolha que nos atrai as atenções, e o Bigo, ascensor panorâmico (outro) a cerca de 40 metros do solo cheio de tentáculos que nos faz desviar o olhar de tudo o resto.


À entrada do Porto, assim como quem diz à saída do centro histórico, fica o Palácio San Giorgio e sua fachada com frescos pintados a tons verdes claro e amarelo, entrado para a história por ter sido aqui, ao que consta, que Marco Polo ditou as suas viagens a Rusticello de Pisa, enquanto ambos estavam nesta antiga prisão.


Mas quem vem a Génova vem sobretudo pelo seu centro histórico. Extenso, como já referi, e cheio de atracções. A Praça Ferrari, com o edifício do Teatro, da Bolsa e o Paço Ducal é uma boa porta de entrada. A poucos metros damos de caras com a Catedral San Lorenzo, listada como se uma zebra fosse, cuja torre de tão alta se destaca na paisagem quer estejamos onde for.




A piada de Génova é percorrer as ruinhas e ruelas do seu centro histórico, ir ter a praças como a Piazza del Erbe, com os seus edifícios encavalitados a parecer que pedem ajuda. Não se pode dizer que este centro esteja muito bem conservado. Talvez se faça o que se pode, tantos são os monumentos e sítios de interesse em Itália, tanto que há para definir como prioridade. Mas o gosto de nos perdemos por uma rua com graça ou mesmo sem graça, esse ninguém nos tira em Génova.


 
A rua dos palácios por excelência é a Via Garibaldi. Aqui fica o Palazzo Rosso, o Bianco e o Dória-Tursi, a trilogia que constitui os Musei di Strada Nuova. O Rosso, ou Brignole, é do século XVII e o Bianco do século XVI. Ambos albergam colecções de arte genovesa e flamenga, sobretudo retratos de quinhentos e seiscentos. A fachada do Rosso é a que mais se destaca, vermelha como o nome em italiano o indica. O Dória-Tursi é hoje sede do município e o seu pátio seduz, albergando, para além de pintura genovesa, colecções de moedas, louça, tapeçaria e violinos.


Outro Palácio a merecer atenção na Via Garibaldi é o Lomellino, do século XVI. A sua fachada azul acinzentada é a mais bonita e elegante. Quando entramos pelo seu pátio é a ninfa no arco que rouba os nossos olhares.


Uma palavra para os sabores da Ligúria (melhor documentação, como não podia deixar de ser, no saborosíssimo blogue da mana, aqui). Na companhia diária dos gelados experimentei e aprovei o sabor de gengibre no Profume di Rosa. No Gran Ristoro almocei repetidamente as sandes das várias pancettas com os incontáveis ingredientes da pequena casinha sempre com fila à porta. E no Muà acompanhei um delicioso cocktail de menta com um bufete generoso que incluía ostras.

Milão


Se Milão é a capital da moda, então, nada melhor do que começar o passeio pela cidade pelo Quadrilátero de Ouro. São quatro ruas, a Via Montenapoleone, a Via Sant'Andrea, a Via Manzoni e a Via della Spiga, esta última pedonal, a formarem um quadrado onde se encontram todas as marcas mais caras da moda mundial. As montras são a condizer com o luxo e o bom gosto que estas marcas nos habituaram. Habituaram é como quem diz; infelizmente, fico-me pelo hábito dado pelas montras, que não possuo fortuna pessoal que me permita falar com autoridade acerca dos objectos que preenchem o seu interior. Mas não deixa de ser uma delícia visual contemplar as malas Louis Vuitton, os sapatos Prada, os vestidos Valentino, as blusas Gucci, os adereços Dolce & Gabbana, os perfumes Chanel, e tantas outras marcas.


 
Mas não é só por estas ruas que encontramos as marcas mais elegantes. Um pouco por toda a cidade elas estão lá. Para me ater às que percorri, acrescentarei a Corso Vittorio Emanuelle, com marcas também mais populares, e a Galeria Vittorio Emanuelle.



Esta é outra delicia visual, não tanto pelas suas lojas, mas pela sua arquitectura. Construída entre 1865 e 1877, diz que é o centro comercial mais antigo do mundo. Leva a forma de uma cruz e, para além da estrutura do seu tecto em vidro, o elemento que mais espanta e maravilha é a cúpula também em vidro e aço. Arquitectonicamente é, de facto, belíssima.

A entrada principal da Galeria é efectuada ou pela Praça onde fica o Teatro Alla Scala ou pela Praça do Duomo. O exterior do edifício do Scala não me pareceu nada de especial. Quem sabe não me possa seduzir pelo seu interior numa das óperas que um dia, quem sabe, lá assistirei. Já o edifício que ocupa o lado contrário da Praça, o Palácio Marino, do século XVI, é especialmente bonito, sobretudo os pormenores da sua fachada.



Mas a Praça do Duomo é, inequivocamente, o centro de Milão, o local para onde tudo e todos confluem. Se não, vejamos: o Corso Vittorio Emanuelle vem aqui dar, a Galeria de mesmo nome idem, com o Scala a espreitar, o La Rinascente (armazéns com artigos upa, upa) fica aqui, o novo Museu del Novecento também. E aqui fica, claro, a Catedral.



O Duomo de Milão é de uma beleza esmagadora. Conjugando vários estilos, é o gótico que mais sobressai. Uma das maiores catedrais do mundo, começou a ser construída no século XIV e só ficou concluída já no século XX. O seu interior não foi, porém o que mais me seduziu. Foi antes a sua fachada, cheia de esculturas, arcos, esferas e gárgulas. Surpresa maior, não fosse suficiente a elegância e majestade da catedral vista da Praça, é podermos subir até ao seu telhado e por lá caminhar, precisamente por entre as suas  esculturas, arcos, esferas e gárgulas. Incrivelmente, estamos a 65 metros do solo e não é a vista da paisagem em volta, que num dia claro diz-se que pode alcançar os Alpes, que ocupa os nossos sentidos. É mesmo a forma, o desenho e os pormenores daquele telhado que nos distraem. É destino obrigatório para quem está em Milão e Milão deveria ser obrigatório só por esta subida ao telhado do seu maior símbolo.


Saindo da Praça do Duomo, mas não muito longe dali, fica o Castelo Sforzesco e suas portas já não tão delicadas como havíamos encontrado antes. Estilo diferente, sim, mas ainda agradável à vista. Aqui ficam diversos museus e sobretudo um parque imenso.

 
Nestes poucos dias em Milão, tempo ainda para uma caminhada pelo bairro de Brera e uma saltada ao edifício que acolhe a Pinacoteca de Brera. E a uma saltada rápida ao agradável bairro de Navigli e seu canal. Outra surpresa. As margens do canal têm becos a descobrir e estão ocupadas por repetidas esplanadas. Um postal perfeito é o espelho das coloridas casas nas águas do canal.