Do aeroporto de Narita para o centro de Tóquio a melhor e mais barata forma para
se percorrer os seus cerca de 66 kms é
de comboio.
Escolhemos ficar a primeira noite num hotel cápsula em Shinjuku,
bairro onde está situada
a maior estação
de metro do mundo. Na viagem de comboio nocturna era já visível
a presença dos
neons. Mas em Shinjuku eles são
omnipresentes, precisamente aquilo que imaginámos
ser a cidade de Tóquio.
Uma cidade que nunca para, sempre com pessoas em movimento, iluminadas pelos
reclames luminosos dos seus edifícios.
Apesar de cansadas não
perdemos a hipótese
de fazer uma revista ao local. E bem valeu a pena. Perto do hotel cápsula fica o
red-light district, com muitos meninos na rua a tentarem convidar os eventuais
clientes para entrarem e conhecerem as meninas. Tudo super seguro.
Mas o mais
interessante foi caminhar e descobrir a chamada zona Gai, um quarteirão com umas ruas
estreitas inundadas de bares minúsculos.
Os edifícios
aqui são
pequenos e baixos, dois andares. Todos os primeiros andares adaptaram o seu
hall de entrada para bar, mas este não
tem espaço
para mais do que um balcão
e lugar para 5 ou 6 clientes. E o esquema repete-se porta sim, porta sim,
alguns com actividade também
no segundo andar.
Quanto à experiência de dormir numa cápsula o melhor que posso dizer é que aconselho e repetiria. Primeiro porque é uma boa forma de se poupar dinheiro - a noite no cubículo ficou a cerca de 18 euros. Depois porque acaba por ser uma estadia confortável. Este tipo de hotel é uma japonice inventada com o propósito de proporcionar uma forma de passar a noite na cidade aos trabalhadores que tardiamente já não conseguem voltar para casa. A maior parte deles é exclusivo para homens, mas no caso do nosso, o Shinjuku Kuyakusho-mae, o oitavo andar era destinado apenas a mulheres. As cápsulas, género de gaveta sem porta para puxar, estão dispostas em fileiras de dois andares. Lá dentro há o espaço suficiente para nos esticarmos e espreguiçarmos e ainda temos direito a televisão e rádio, para além de toalhas, um jogo de cama e pijama. Este pijama, que todas usámos como se de um uniforme se tratasse, fazia parecer que estávamos numa prisão. Só que não creio que prisão tenha casa de banho e duches tão bonitos como aqueles, incluindo botões para ligar música na sanita, e shampoo e gel duche da Shiseido. Uma coisa má, porém, comum a qualquer dormitório: ser interrompida no seu sono pelo barulho provocado pelas constantes chegadas e partidas das compinchas e ter de ouvir o seu ressonar, puns ou até ataque de soluços a meio da madrugada. Mas comparativamente ao número de horas dormidas no avião e à qualidade do sono, a cápsula é que é o verdadeiro céu.