quarta-feira, agosto 24, 2005

Barrocal Algarvio

O Algarve tem três áreas distintas em termos geográficos. O litoral, o barrocal e a serra. Este post é uma deambulação pelo barrocal algarvio, a área de transição entre o litoral e a serra do Caldeirão.
Esta área, conjuntamente com a serrana, em determinados momentos, dá a sensação que parou no tempo. Se para as gentes locais isso nem sempre é positivo, para os forasteiros é interessante, na medida em que podem observar e sentir uma paisagem próxima da original.
É um pouco indiferente por onde se começa o percurso. O importante mesmo é começar.
Então vamos lá. Paderne é a primeira paragem. Passando a povoação propriamente dita, uns kms mais à frente e depois de algum pó chega-se às ruínas do castelo (classificado como imóvel de interesse público). O castelo, construído em taipa, fica num cabeço rodeado por uma vegetação mediterrânica (oliveiras, figueiras e alfarrobeiras) e pela ribeira da Quarteira - que nem sempre corre devido ao regime de chuvas irregular – sobre a qual passa uma ponte arcaica. Pode-se explorar a área envolvente ao castelo através dos diversos percursos pedestres existentes.
Actualmente o castelo encontra-se num estado muito degradado mas estão a decorrer obras no sentido de melhorar a situação. Apesar disso justifica-se uma visita pois o castelo de Paderne, devido à importância que teve na Conquista, é um dos sete castelos que figuram na bandeira nacional.


O ponto seguinte é Alte, em tempos considerada a aldeia mais algarvia do Algarve. Encanta o emaranhado de ruelas estreitas e o casario tradicional.


Para além de um deambular pelas ruazinhas, merece visita a Fonte Grande e a Fonte Pequena, onde se homenageia o poeta Cândido Guerreiro.


Outra atracção, ao que parece, pois não tive a felicidade de comprovar devido ao inverno seco deste ano, é a queda de água do Pego do Vigário.
Salir é a paragem seguinte. Diz a lenda que quando atacados por D. Paio Peres Correia, os mouros que defendiam a muralha começaram a gritar “Salir! Salir!”, o que em português arcaico significava sair. Ficou o toponímo, assim como alguns vestígios do castelo mouro. Mas o encanto da povoação vem sobretudo da harmonia do conjunto urbano composto pela arquitectura tradicional.


Continuando o périplo encontramos no topo de um monte a aldeia de Querença. Lá bem no alto fica a bela igreja matriz e pela encosta abaixo encontra-se o casario pitoresco.


Nas imediações fica a Fonte da Benémola, uma zona do barrocal algarvio praticamente intacta. Este sítio classificado desenvolve-se ao longo da ribeira de Benémola e caracteriza-se pela paisagem rica e original do barrocal algarvio, que inclui salgueiros e freixos. Lugar muito bonito e agradável para percorrer a pé.


Um pouco fora desta rota mas inserido na área em referência encontra-se o Cerro de S. Miguel. Do alto deste monte com 410 m avista-se uma parte significativa do Algarve. Em frente Olhão e a ilha do Farol. Para oeste a ilha de Faro. Para este a ilha da Armona e ao fundo Tavira e a sua ilha. A noroeste Loulé. Uma vista algarvia tão boa e abrangente como esta só mesmo a que se tem de Fóia, o ponto mais alto do Algarve (902 m), no barlavento algarvio.

sexta-feira, agosto 05, 2005

Estói Bonita

Fugindo ao Algarve clássico, da praia, estâncias turísticas, encontra-se Estói, uma vila histórica que pertence ao concelho de Faro.
Embora seja uma pequena localidade merece uma visita pois tem dois pontos de grande interesse, as ruínas romanas de Milreu e o Palácio de Estói.
Milreu, classificada como Monumento Nacional, foi uma villa romana (século I/IV d.C.). Era conhecida como Ossonoba pelos romanos entre os séculos II e VI d.C. e foi o antecedente do que hoje é Faro.
Actualmente na estação arqueológica sobressai um antigo templo dedicado a divindades aquáticas datado do século IV d.C., algumas colunas de mármore, tanques decorados com mosaicos com peixes, desenhos geométricos, termas.

Colunas e Templo dedicado às divindades aquáticas ao fundo

Mosaicos com peixes

Mosaicos com desenhos geométricos

Pensa-se que, depois de diversos usos, na primeira metade do século X as abóbadas ruíram e Milreu foi abandonada. Porém, no século XVI, foi erguida uma casa sobre as ruínas abandonadas. Actualmente, essa casa, que é um exemplar arquitectónico daquela época, apresenta no seu interior, ao nível do subsolo, vestígios da antiga ocupação romana.


O Palácio de Estói, também classificado (Imóvel de Interesse Público), foi construído no século XVIII e combina os estilos neorococó, neoclássico e arte nova.
O acesso ao recinto faz-se por um portão de ferro forjado, ao qual se segue uma avenida ladeada por árvores. O primeiro conjunto de edifícios que se encontra são os estábulos, que estão abandonados. Continuando chega-se ao palácio.


Porém, actualmente não é possível visitar o seu interior, uma vez que depois de um período votado ao abandono, está-se a iniciar um processo de restauro com o objectivo de o transformar numa Pousada de Portugal (Enatur).
Ainda assim a visita é mais do que justificada pelo magnífico exterior do palácio, assim como pelos encantadores jardins, ao gosto italiano, com mosaicos decorativos, fontes, esculturas, estatuária com bustos de diversos poetas, Reis e outras figuras importantes da História portuguesa.




No exterior do palácio é possível ainda observar diversos painéis de azulejos azuis e brancos do século XIX com composições de decorações florais e cenas da mitologia clássica.

terça-feira, julho 19, 2005

O Paraíso Na Outra Esquina

Pensava que ter um areal praticamente só para mim em pleno Verão era quase impossível. Mas não, o paraíso existe! E fica bem próximo do que, na época estival, é um inferno.
Digo apenas o nome. Ilha da Barreta.
O resto descubram. Deixo apenas uma amostra.

Onde ponho a toalha?

Visibilidade máxima

Fauna local

Paraíso versus Inferno

domingo, junho 05, 2005

5.º Dia Em Paris

No último dia em Paris, a manhã foi dedicada ao imenso Museu do Louvre. Como já se sabia que era impossível ver tudo – há mesmo quem afirme que seriam necessários 9 meses para ver cada obra de arte aqui presente – a opção tomada foi escolher apenas algumas áreas que suscitassem mais interesse. No caso, as pinturas, deixando para uma visita a correr a parte dedicada às esculturas e objectos de arte de várias civilizações ali guardadas.
O ponto alto para qualquer turista que se preze é a Gioconda, ou Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. No entanto, só os mais capazes ou expeditos a conseguem vislumbrar, tal é o mar de gente entre nós e a parede em que o famoso quadro está exposto. A ala do museu onde está este quadro mais parece uma estação de comboios em hora de ponta, com cidadãos apressados em chegar ao seu destino, sentados em qualquer lado, inclusivamente no chão se necessário fôr, à espera de cumprir o seu objectivo – abalroar o do lado para chegar primeiro. O resto do Museu até que se consegue ver em sossego, com algumas salas vazias para os padrões parisienses.

A entrada principal no Louvre é efectuada pela Grande Pirâmide, estrutura em vidro construída na década de 80 que, obviamente, gerou controvérsia. A sempre presente questão da introdução de elementos ditos modernos e, para alguns, dissonantes, em edifícios considerados intocáveis na história arquitectónica de um povo. Para mim, que não o conheci de outra forma, parece-me uma solução pacífica e bem conseguida.
Finda a jornada, o que retenho mais da cidade em que tinha estado por duas vezes no princípio e no fim dos anos 80, é a de uma cidade pejada de turistas, mas vivida pelos seus próprios habitantes. É um prazer ver a quantidade de pessoas, jovens ou não, sentadas às margens do Sena, de dia ou de noite, a ler um livro, pintar, conversar, cantar, conviver, o que seja. As esplanadas cheias. Os jardins como locais para se estar, inclusivé a “piquenicar”. Enfim, uma cidade que convive lindamente com os seus edifícios bem conservados e com o imenso espaço público que oferece.

sexta-feira, junho 03, 2005

4.º Dia Em Paris

La Défense.
Em Paris, mas não no centro, finalmente um lugar onde não existem montanhas de turistas. La Défense é o local onde se encontram concentrados os arranha-céus de Paris. É como que um bairro criado de propósito para os acolher, criado no fim da década de 50, como palco para desenvolver ambiciosos projectos de engenharia civil. Os edifícios aqui situados contemplam habitação, escritórios, comércio, e o espaço público procura servi-los. E funciona como um jardim de arte contemporânea, onde se vão encontrando peças de escultura, murais e lagos que se pretendem monumentais. Gostei muito. Noutra escala, fez-me lembrar o Parque das Nações, do qual sou igualmente fã.

O edifício mais reconhecido em La Défense é o denominado Grande Arche de la Défense. Está implantado de forma a que represente uma continuação em linha recta dos Champs-Élysées, Arco do Triunfo e da Av. Charles de Gaulle até desembocar na Esplanade de la Défense. Esta obra, do arquitecto dinamarquês Johan-Otto von Spreckelsen e inaugurada em 1989, pretende simbolizar uma janela aberta ao mundo.
De volta ao centro de Paris, para a subida à Torre Eiffel, o reencontro com as multidões. Para a subida pelo elevador, filas e, consequentemente, esperas intermináveis. A opção recaíu pelas escadas, à la pata. É um daqueles postais que se tem mesmo de “comprar”, ou não estivesse a Torre Eiffel ali sempre à espreita em qualquer canto de Paris.
Depois do almoço, a primeira oportunidade da viagem para sentar e relaxar um pouquinho. Parece de facto imperdoável que numa cidade como Paris, dita a mais romântica, com o Sena, com as suas esplanadas, com os seus jardins, não se guarde tempo para, simplesmente, se estar. Pois é, antes tarde do que nunca, a escolha foi o Jardin des Tuileries. Com o calor abrasador, cerca de 28 graus, na hora da sesta e com aquelas cadeirinhas reclinadas no meio do jardim... o resultado só podia mesmo ser uma soneca.
Depois da dita, atravessa-se o Sena a fim de visitar o Museu D´Orsay, instalado numa antiga estação de comboios, brilhantemente adaptada para receber as obras – pinturas, esculturas e outros objectos de arte – criadas entre 1840 e 1914.
No retorno à margem direita do Sena, tempo ainda para assistir ao começo do pôr do sol visto atráves da Pirâmide do Louvre. Amanhã será o último dia em Paris, ou melhor a última manhã, dedicada em exclusivo a este museu.

3.º Dia Em Paris

Até aqui já deu para ficar com duas impressões, negativas, da cidade.
Uma inesperada: o trânsito louco, não no sentido de longos engarrafamentos (continuo sem saber se existem), mas antes do fraco respeito pelos peões. Confesso que esperava outra atitude por parte dos automobilistas franceses que não a de pura e simplesmente ignorarem e desviarem, in-extremis, das pessoas quando estas já estão na passadeira. Conclusão: em Itália já sabia que era mau, em Portugal fiquei a saber que não é assim tão mau. Dúvida: afinal os franceses não eram os maiores em termos de civismo?
A impressão negativa mas esperada é, obviamente, a quantidade de turistas que se encontram em Paris, principalmente hordas de americanos à procura do tal berço do civismo e cultura.
Daqui decorre que os museus tenham de ser vistos aos encontrões aos colegas de turismo, com súplicas para que se desviem um pouquinho das obras que pretendemos observar em privacidade – eu e Picasso, mais ninguém.
Antes, porém, a manhã havia sido passada nas ilhas, nomeadamente na Ile De La Cité, onde se encontram as imperdíveis Ste-Chapelle e a Catedral de Notre Dame.
A Ste Chapelle, considerada uma obra-prima da arquitectura ocidental, com imensos vitrais coloridos que em dias de sol permitem que os raios penetrem incrivelmente no seu interior, não tinha assim tanta gente que impossibilitasse aos visitantes sentar e contemplá-la. Talvez por o seu acesso ter de ser feito através da entrada no Palácio da Justiça e isso possa afugentar algumas alminhas.
Pelo contrário, uma visita à Notre Dame não permite aos crentes, ou não crentes, qualquer espécie de reflexão espiritual, tal é o corrupio de gente à volta. Para a subida às suas torres (a pé, por uma série de degraus) foi necessária uma espera de cerca de uma hora. Deu para tudo, inclusivamente para saber que 2 australianas se encontram num passeio pela Europa durante 8 meses e uma das próximas paragens será Portugal. Nada mau. Mas como é que fazem com as roupas? E os recuerdos que vão comprando? E as saudades? Mas que complicação!
A vista das torres da Notre Dame vale bem a espera e o desgaste físico. Ainda que não se vislumbre grande beleza natural, é verdadeiramente impressionante a imagem de pássaro com que se fica dos grandes boulevards que desde séculos foram sendo abertos pela cidade.
Da vista impera, tal como já acontecia da Sacré Couer e se verá mais tarde da Torre Eiffel, para além destes dois, o omnipresente Rio Sena – elmento natural que vai recortando a paisagem –, o Centro Pompidou – destaque colorido da paisagem –, os arranha-céus de La Defense e, por último e desta vez o pior, a torre erigida nos anos 70 em Montparnasse para competir em altura com a de Eiffel.

Depois de uma saborosa refeição de escargots, segue-se para o Quartier Latin, com um ambiente universitário, ou não estivesse aí localizada a Sorbonne, povoado de cafés, restaurantes, livrarias. Vida, muita vida, tal como verei mais tarde em Marais.
Ainda naquele bairro, o Instituto do Mundo Arábe procura aproximar o mundo islâmico do mundo ocidental, promovendo a cultura do primeiro. Numa visita breve, como foi o caso, o que fica na memória, porém, é a arquitectura do edifício, obra de Jean Nouvel, nomeadamente as suas paredes de vidro criadas sob um tal efeito que nos dá a imagem das janelas arabescas.
Para terminar o dia, uma ida ao Centro Pompidou, um mundo da cultura de arte moderna. Infeliz ou felizmente, um dos pisos do museu estava fechado. A fadiga talvez não suportasse tanta informação. Mas ainda permitiu concluir o sucesso do Centro junto dos cidadãos, quer pela vasta oferta cultural dentro das suas portas, quer pelo ambiente que se vivia ao seu redor, com músicos e animação de rua, grupos de amigos ou, simplesmente, pessoas sozinhas a relaxar face ao colorido dos tubos do Pompidou.

2.º Dia Em Paris

Depois do primeiro dia sempre a andar, com uma pausa ao final da tarde e noite para pedalar, até que as pernas no segundo dia estavam relativamente seguras. Normalmente estas coisas pagam-se a partir do terceiro dia.
De Pigalle até à Sacré Couer não é uma distância grande, a questão é que é sempre a subir. Montmartre, bairro boémio que nos finais do Século XIX e princípios do Século XX atraia um sem número de escritores, poetas e artistas, entre os quais Picasso, perdeu entretanto esse estatuto de loucura nocturna, de cabarés e bordéis. Neste Butte vive-se hoje um ambiente mais pacato, com ruas estreitas de casas bem conservadas (uma constante na grande Paris) e praças a marcar a subida. A principal é a Place du Tertre, com esplanadas e quase que com um retratista e pintor para cada turista. Aqui pertinho fica o Espaço Salvador Dali, com algumas esculturas do mestre do surrealismo, bem como ilustrações que fez para algumas obras literárias. Ah! Aqui pode também observar-se o estranho mas famoso sofá em forma de lábios, de sua criação.

O difícil em Paris é fazer-se uma triagem dos inúmeros museus e espaços culturais a visitar.
Dois passos mais e chega-se enfim à Sacré Couer, uma das vistas mais bonitas de Paris. Pena é o ambiente de Igreja de Nossa Senhora do Bonfim, com dezenas de rapazes a tentar impingir aos turistas uns fios que, sinceramente, não sei o significado, pois consegui escapar bravamente às suas insistências.
Para a tarde, e depois da passagem pela zona des Invalides e visita ao Museu Rodin, uma ida a Roland Garros. Afinal, Maio é o mês do maior torneio do mundo em terra batida, o mais importante Grand Slam do Ténis, a par de Wimbledon (para mais informação sobre esta matéria sugere-se uma visita ao blogue das lamentações desportivas).

quinta-feira, junho 02, 2005

Paris Em 5 Jours

Gosto de viajar.
Em muitos países não é estranho que uma pessoa trabalhe durante um período com o objectivo exclusivo de amealhar o dinheito suficiente para viajar durante uns tempos.
Nunca o fiz, duvido que isso fosse bem visto pela minha mãezinha e duvido mais ainda que conseguisse arranjar com tanta facilidade assim uns trabalhos flexíveis e moderadamente remunerados que permitissem essa forma de vida. Mas, mais do que tudo, não tenho esse objectivo. O meu objectivo era mesmo viajar quando me dessem ganas para isso, sem depender de dinheiros ou trabalhos.
Vem esta conversa a propósito de que, não tendo ainda conseguido os meus intentos, dou-me por contente de ter apenas 5 dias para visitar uma cidade.
No caso, Paris.
O 1.º Dia:
O local de poiso escolhido foi Pigalle, reputado antro de indecência, com cabarets, live-sex-shows, sex-shops e, mesmo ao lado do hotel, um sexodrômo. Pelos vistos, a Paris da folie já não é o que era, pois o que se vê na rua nessa zona são apenas os bandos de turistas à porta do Moulin Rouge a tirar fotos sem parar, manas incluídas, como é óbvio.
Dadas as limitações de tempo, o programa de festas é andar de manhã à noite a pé, na tentativa de se conhecer o mais possível dos recantos e encantos da cidade. Assim, e para condicionar fisicamente logo o resto da jornada, no primeiro dia foram feitos a pé os quilómetros necessários para se ir de Montmartre até à Torre Eiffel, passando pelas inevitáveis Galerias Lafayette e pela Praça Vendóme, onde nos juntamos aos japoneses com os olhos em bico pela profusão de marcas de alta costura. Estão todas aqui, bem como na Avenida Montaigne. Depois, seguiu-se pelos Champs Élysées acima. Descubro que à Cartier prefiro os relógios com a marca da Quiksilver. A propósito, porque é que Paris, que não tem mar, tem uma loja da melhor marca de acessórios de surf e Lisboa não? Adiante, outra irreflexão: prestes a chegar ao Arco do Triunfo, um caramelo pavoneia-se com a camisola do Benfica. Caramba! Eu que me tinha pirado de Portugal para não ter que aturar estes tipos. Mas, pensando bem, quem me mandou escolher a cidade fora de Portugal com mais portugueses?
Para acabar a tarde, a escolha recaiu num passeio de bicicleta pelos boulevards, avenidas, ruas e praças de Paris que terminaria com um passeio de barco nocturno pelo Sena. Em duas rodas, num só passeio, uma visão geral da cidade, a ser descoberta mais aprofundadamente nos próximos dias.

sexta-feira, maio 20, 2005

Pelo Rio Trancão Acima

Fala-se em rio Trancão. O que se pensa? Boa coisa não é, certo? Ocorre-nos logo os odores que dali vêm. O alto grau de poluição das suas águas, que leva a dizer, meio a brincar meio a sério, que ali nem as bactérias sobrevivem. Pois... Infelizmente tudo isto é verdade.
No entanto, em tempo idos, o Trancão, que é um afluente do Tejo, era navegável e constituia uma importante via de comunicação para as pessoas da zona saloia e para o transporte dos produtos hortícolas que vinham desta zona historicamente agrícola. Porém, após o Terramoto de 1755 iniciou-se um processo de assoreamento do rio que veio impedir a navegabilidade.
Mais tarde, já em meados do século XX, outra catástrofe, esta humana, abateu-se sobre o rio. As fábricas existentes nas suas margens foram efectuando descargas poluentes tornando o rio, naquilo que hoje é, altamente poluído. Contudo, tem vindo a ocorrer um processo de despoluição e de regeneração do rio.
Apesar de todas estas vicissitudes, às quais entretanto se juntaram outras, nomeadamente o desordenamento urbanístico, por incrível que pareça, há ainda troços do rio que têm uma beleza ímpar.
É a descoberta, em bicicleta, dessa beleza que o andessemparar propõe. O ponto de partida é o Parque das Nações, que se situa na margem direita do estuário do Tejo, onde o rio Trancão desagua.
Seguindo em direcção a Norte, depois de se passar a magnífica Ponte Vasco da Gama, chega-se ao Parque Tejo, onde se encontra a foz do rio Trancão.

Segue-se para o interior, até Sacavém, onde se atravessa a ponte (em direcção à Bobadela) sobre o rio Trancão. Logo de seguida corta-se à esquerda para as instalações da Salvador Caetano, percorrendo o seu parque de estacionamento até uma zona de terra batida. Passa-se por baixo do viaduto da A1 e depois não tem engano, é sempre em frente. Siga, vamos subir o rio e descobrir as suas margens!
Entra-se no vale, do lado direito encontra-se São João da Talha e Bobadela e do esquerdo Unhos. As margens são muito bonitas embora no cimo das vertentes existam péssimos exemplos de urbanismo.

Passa-se por um antiga fábrica.
Logo a seguir encontram-se algumas terras cultivadas.
Cavalos...

E estamos na Área Metropolitana de Lisboa. Quem diria?

Findo o vale entra-se na zona da várzea. Observando a envolvente deparamo-nos com uma paisagem mista, que reflecte a dicotomia rural/urbano. Onde estamos? No meio urbano ou no rural? Ao longe avista-se, de um lado, a "selva de pedra" de Sto António dos Cavaleiros, e do outro, Vialonga. No entanto, logo ali estão os campos cultivados das freguesias de São Julião do Tojal (onde fica o Mercado Abastecedor da Região de Lisboa) e de Santo Antão do Tojal.

Rural/Urbano
Aqui, o rio Trancão segue em direcção a São Julião do Tojal e nós cortamos à esquerda, passando pela ponte recentemente alcatroada, em direcção a Santo Antão do Tojal. Tanto de um lado como de outro surgem campos cultivados.

Feitos uns quilómetros em alcatrão por povoações com um cariz rural, chega-se a Santo Antão do Tojal.
Aqui o forte é o património arquitectónico.
O Palácio da Mitra, barroco do século XVIII, e os seus jardins.

Outro palácio, também barroco, cuja fachada principal constitui uma fonte monumental.

A Igreja matriz.
A fachada da igreja possui estátuas de mármore importadas de Génova.

O Aqueduto que abastecia de água os palácios e a povoação.

O conjunto destes elementos está classificados como Imóvel de Interesse Público.
Depois do disfrute cultural segue-se novamente para a zona da várzea, agora de Frielas, com os seus campos cultivados. Do lado direito observa-se uma futura catedral do consumo do Grupo Sonae. Quem é que aprovou este projecto?
Depois de atravessar a ponte corta-se à esquerda em direcção a Unhos.
Unhos...
Acabou-se a beleza e começa a péssima obra humana. Clandestinos, desordenamento urbanístico, falta de planeamento.

A partir daqui é alcatrão. Sobe-se, sobe-se... muda de carreto... toca a pedalar com mais vigor... levantar o rabo do selim... ufff, conseguimos! Chega-se à estrada que liga Unhos a Sacavém. Depois da subida agora é a vez da descida. 40 km...43 km...49km... 50 km de velocidade. Rapidamente se chega a Sacavém e se toma a direcção do Parque das Nações, o ponto de partida e de chegada. Ao todo, o percurso é de cerca de 30 km, que nos permitem observar a diversidade do concelho de Loures.

Fonte: CMLoures
Carta Hipsométrica do Concelho de Loures com o Percurso efectuado

domingo, maio 15, 2005

Olhando para Poente

Nada como terminar um belo fim-de-semana com este pôr-de-sol.
Este post é especialmente dedicado às minhas anfitriãs por terras Algarvias.

Sotavento Algarvio a olhar para poente

sexta-feira, maio 13, 2005

Pézinhos na Areia ou Pézinhos nas Algas?

A Praia Verde, situada entre Altura e Monte Gordo, deve o seu nome ao pinhal, infelizmente cada vez mais diminuto, que a circunda. Mas neste dia de Abril bem que podiamos pensar que a razão do seu nome está relacionada com a quantidade de algas.
É caso para perguntar, Pézinhos na Areia, nome do bar da praia, ou Pézinhos nas Algas?


Praia Verde (Algarve)

sexta-feira, maio 06, 2005

Paraíso no Sotavento Algarvio

As praças fortes foram conquistadas
Por seu poder e foram sitiadas
As cidades do mar pela riqueza
Porém Cacela
Foi desejada só pela beleza

Sophia de Melo Breyner Andresen

E que beleza!!!
Cacela Velha é uma aldeiazinha. Bem pequenina. Porém a sua beleza é inversa ao seu tamanho. É de uma encantadora singularidade e tranquilidade.
A sua posição geográfica, no topo de uma arriba, permite admirar a vista magnífica sobre a ria Formosa e avistar, a leste, Monte Gordo e Espanha.

Ria Formosa
Para além da soberba vista, é possível ainda admirar a Igreja Matriz (Nossa Senhora da Assunção), a Fortaleza e o casario típico.

Cacela Velha
Para terminar a visita a Cacela Velha recomenda-se uma paragem no recente café-bar-espaço cultural-atelier Casa Azul, que reutilizou, da melhor forma, uma das casas típicas do povoado.

domingo, maio 01, 2005

Viajante na própria cidade

A ideia era percorrer a carreira do eléctrico 28 da Graça à Estrela, passeio pela Lisboa pitoresca das colinas e dos bairros históricos, aconselhado por 11 em cada 10 guias turísticos sobre a cidade. Apesar de ter nascido em Lisboa e vivido sempre às suas portas, nunca havia realizado este passeio. Da Carris já chega as viagens obrigatórias nos seus autocarros, pensava. Mas, esta viagem no seu eléctrico é feita com outro espírito, com tempo, sem preocupações com as filas e os encontrões entre cidadãos utilizadores de transportes públicos.
Apanhado o 28 na primeira paragem, na Graça, foi fácil arranjar lugar sentada à janela. Na verdade, não estava cheio, o que melhor permitia contemplar as ruinhas da Graça e as suas vilas operárias pelo exterior. Chegado ao Martim Moniz, a desilusão. O percurso terminava temporariamente ali, pois devido a obras num edifício numa das ruas por onde passa habitualmente, o eléctrico estava impedido de continuar.
Ok. Vencida mas não convencida. Há que aproveitar o tempo bom e o tempo disponível. Reformulação do itinerário: subida até ao Chiado, descida até à Rua de Santa Justa, subida no elevador de mesmo nome – outro passeio inédito –, volta até ao Martim Moniz e visita aos seus centros comerciais, e, por fim, regresso a pé à Graça atravessando a Mouraria.
A subida no elevador de Santa Justa, em si, não vale grande coisa, vupt, já passou, leva aí uns 20 segundos. Mas a vista lá de cima vale bem a pena. Os nossos olhos abarcam do Rio Tejo até ao Parque Eduardo VII, passando pelos telhados de toda a Baixa Pombalina, Rossio, Sé, Castelo. E vislumbra-se também um nicho de bom gosto, um terraço ajardinado pertencente ao Hotel do Chiado, certamente a merecer uma futura visita ao seu bar. Apesar da vista compensar tudo, não posso calar a armadilha que é a viagem – da Carris – no elevador. Lá em cima há um bar ordineco, com café a preço astronómico – para turista ver –, enquanto a passadeira que o ligaria ao Carmo e à Trindade permanece fechada. Ou seja, só serve mesmo como meio para se chegar a uma plataforma única e exclusivamente com função de miradouro e bar mediocre. Dada a primeira função, não é mau de todo.

O Martim Moniz é um daqueles locais em Lisboa que me faz sentir estrangeira. Não que a sensação seja desagradável. É, simplesmente, diferente, parece saído de um cartão postal de um sítio distante ou de um filme. Nos seus centros comerciais – Martim Moniz e Mouraria – pode encontrar-se de tudo, a preços bem em conta. E para quem está farto de comer sempre o mesmo às refeições, pode experimentar aventurar-se pelos supermercados “étnicos” que por lá vão crescendo como cogumelos. Estas iniciativas sabem-me bem.
De regresso à Graça, subindo por uma das colinas da cidade, pelas ruas estreitas e pitorescas, com os seus edifícios de habitação pejados de azulejos e com as portas da rua encostadas ou mesmo escancaradas, uma Lisboa mais distante daquele cosmopolitanismo que se vive lá em baixo. Lá chegando, um dos troféus maiores: os seus miradouros, o da Graça e o da Nossa Senhora do Monte, com Lisboa aos pés.

Para uma próxima ficará, então, a continuação da carreira do 28 até à zona ocidental da cidade, menos popular mas igualmente autêntica.

domingo, abril 24, 2005

Tango

Gosto de Tango. De ouvir, de vez em quando, e de ver bailar, sempre.
Talvez este gosto tenha a ver com a minha paixão pela Argentina. No entanto, e curiosamente, as origens do Tango não são argentinas mas antes, diz-se, africanas. Terão sido os escravos que foram para a América Central e, mais tarde, migraram para a zona do Rio da Prata, que o levaram consigo. Daí a popularidade do Tango em Buenos Aires e, mais especificamente, na zona portuária, como La Boca, Caminito, etc.
Os Tangos retratam, assim, não só aqueles amores não correspondidos, mas também as saudades da família, da terra que se deixou para trás. Uma certa melancolia que o aproxima do Fado. O que os afasta de todo é o facto de o Tango ter nascido primeiro como uma forma de baile, depois como música e, por último, como canção.
Ligado ao Tango existe um idioma, o lunfardo, um dialecto que é utilizado para se referir a determinados aspectos em termos mais específicos. Interessante verificar que algumas destas palavras também são compreendidas cá na nossa terra, como morfar, malandra, gagá e, para saber mais, é só procurar aqui .
O maior mito do Tango é Carlos Gardel, que foi como que o pioneiro do Tango / canção. Na altura, cerca dos anos 30, era muito popular, pelas canções, pelos filmes, pelo carisma que tinha. Disputado pelos argentinos, parece que nasceu em França ou no Uruguai.


Imensamente respeitado é Astor Piazzolla, que conseguiu dar ao Tango um conceito de música sofisticada, estendendo, assim, o género a outros que não o apreciavam no seu sentido clássico. Foi o Tango de vanguarda, que gerou influências em muitos outros músicos. E ficou célebre o bandoneon de Astor Piazzolla.


E agora, algo que talvez choque os puristas do Tango. No novo milénio alguns músicos vem tentando dar outros horizontes ao Tango, recriando-o e revitalizando-o com beats electrónicos, mas mantendo a sua melancolia. Um dos grupos mais conseguidos é o Gotan Project, trio criado em França que integra um argentino. A sua música, principalmente com o sucesso do albúm "La Revancha del Tango" chegou às pistas de dança de todo o mundo. A quem pareça estranha esta fusão do Tango com a electrónica, aparentemente opostos, Eduardo Makaroff (o argentino do trio) lembra que em comum ambos têm a vontade que a música dá de dançar.
Afinal, e como comecei, não esquecer que o Tango começou por ser uma forma de baile.

segunda-feira, abril 04, 2005

Ai...como eu queria andar nas nuvens


Tren de las Nubes - Provincia de Salta (Argentina)

Para saber mais clicar aqui.
E para saber o percurso aqui.

Pampeando

domingo, abril 03, 2005

City Tour em 2 Rodas

Uma forma diferente e saudável de se conhecer uma cidade é, talvez, percorrê-la de bicicleta. Primeiro que tudo, há que saber andar nela. Depois de ganho o equilíbrio, há que gostar de pedalar. Como resultado, aí temos uma alternativa aos transportes públicos e à sola do sapato.
Cá em Portugal existe uma cidade em que se patrocina este meio alternativo de locomoção que, obviamente, não foi exclusivamente pensado nos viajantes nem nada que se pareça. Falo de Aveiro com a sua BUGA (Bicicleta de Utilização Gratuita de Aveiro), que se inspirou nas cidades de Amesterdão e Copenhaga.
Em Lisboa é muito pouco frequente verem-se bicicletas na cidade, pelo menos nos dias da semana, não só pela sua topografia algo desfavorável, mas também, certamente, por motivos culturais. Basta ver as dificuldades que se colocam ao transporte das bicicletas nos autocarros ou metro, mesmo que não seja em horas de ponta.
Talvez por isso, no final dos anos 80 não entendi porque é que o parque de estacionamento da piscina de Maastricht era imenso e todo ele para prender bicicletas, com meia dúzia de lugares para automóveis. Também, quando vi as faixas de rodagem exclusivas para bicicletas que existem em Viena (primeira cidade onde assisti a este "fenómeno"), nem queria acreditar que fosse possível contemplar todo este espaço só para o pessoal do pedal. Em Copenhaga então, as bicicletas regem-se pelos mesmos princípios dos carros e estão em maioria. Tal como em Amesterdão, parece que todos os habitantes as utilizam, seja para passear ou para se deslocarem para o trabalho.
Falando especificamente do caso de Copenhaga, é possível, por cerca de 2,5 euros reembolsáveis (tipo carrinho de supermercado), passear por grande parte da cidade, apanhando as bicicletas onde estejam disponíveis, e deixando-as em qualquer um dos locais específicos espalhados por toda a cidade. Económico, mais rápido, flexível, saudável.
Só um porém quanto a estas bicicletas de Copenhaga: os travões não são os habituais; para travar há que pedalar para trás. Estranho? Sim, mas vale a pena.


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segunda-feira, março 28, 2005

O Castelo de Guimarães é mais antigo do que a Sé de Braga

Andando Sem Parar para norte do nosso país vamos dar ao Minho, a província mais verde de Portugal. Uma das razões daquele verde todo é a chuva que por lá costuma cair. Pois. Devia ter-me lembrado disso antes. Como andavamos todos a lamentar a falta de chuva nos últimos meses, agora não me posso queixar que tenha chovido logo nos dias que escolhi ir para o verde Minho. Azar? Talvez não. Aproveitou-se na mesma.
Braga, por estes dias de Semana Santa, estava toda embelezada no sentido de fazer jus ao cognome de capital eclesiástica do país. E cumpriu - para além de a cada esquina se tropeçar numa igreja, as ruas receberam os adereços condizentes com a ocasião e escutava-se em som de fundo uma música que gerava acalmia. Por outro lado, já se sabia que Braga é das cidades mais jovens do país e uma das que mais tem crescido, muito à conta da universidade, certamente. Deu gosto ver tanta gente nas suas ruas e praças, jovens e menos jovens, muitos espanhóis. Um ambiente raro de se ver, pelo menos aqui para a minha terra, com excepção dos shoppings e do Parque das Nações a um domingo à tarde.
Para além das questões ligadas à religião e da visita mais que certa ao Bom Jesus, há que não esquecer que Braga é também considerada a capital do Barroco. O edifício da Câmara Municipal é um bom exemplo do porquê desta consideração.
De Guimarães, a rival do Minho, fiquei com a ideia de que o empenhamento em conservar o centro histórico, que teve como resultado a distinção da Unesco, valeu bem a pena. Fica-se a saber que aquela ideia de cidade onde nasceu a Nação - Castelo e berço do fundador -, tão ao gosto da velha senhora, embora sendo verdade tem muito mais a oferecer a quem a visita. Aos olhos dos turistas (e viajantes) "modernos", mais do que ir em busca de um monumento ou símbolo isolado, pretende-se contemplar e gozar um sítio no seu todo, enquanto legado histórico que chegou aos nossos dias pleno de autenticidade e pronto a ser fruido por quem vive o presente. E é isso que se sente em Guimarães, para além do seu Castelo e da estátua de D. Afonso Henriques. Ao deambular pelas ruas do seu centro histórico, sente-se que ali existe ainda vida.
Um nota final: era feriado - sexta-feira santa - fim de semana alargado, muita gente nas redondezas, um dos conjuntos monásticos mais importantes de Portugal a apenas 4km de Braga, entrada gratuita precisamente por ser feriado e... 5 pessoas a visitar o Mosteiro de Tibães (com visita guiada na ementa).
Para quem possa ter interesse em mais informação sobre o Mosteiro de Tibães é só clicar aqui .

Matecito

A primeira impressão é que é diferente, engraçado. Surge a curiosidade porque aproxima-se muito de um ritual. Um ritual social.
A primeira vez que provei mate foi no Nordeste do Brasil. Não é uma bebida típica desta região, no entanto, quem estava a beber era um grupo de pessoas naturais de uma das regiões – sul do Brasil - que tem o mate como bebida típica (o famoso chimarrão). Mas foi sobretudo na Argentina que percebi que o mate é uma bebida cultural (embora também o seja no Paraguai e Uruguai). Se aos Irlandeses se associa a cerveja e aos Escoceses o uísque, na Argentina a bebida nacional é o mate.
Na Argentina é comum as pessoas fazerem-se acompanhar pelo seu matecito, o que faz com que seja um fenómeno cultural. Quando se bebe mate em grupo é comum partilhar-se a bombilla, e chega a ser uma ofensa quando oferecem e não se aceita.
O mate é uma erva, uma espécie de chá, que pode ser usado como qualquer tipo de chá. Quente ou frio. Mas a forma mais típica é colocar num copo característico (chamado também de mate pelos argentinos e cuia pelos brasileiros), que normalmente é de madeira e metal, a erva mate e juntar água quente. Depois utiliza-se a bombilla, que é um cachimbo de metal, para filtrar e puxar o mate. E a seguir é saborear. Por vezes é amargo, outras doce. Tudo depende da preparação e do gosto de cada um.
Para saber mais ver http://www.alu.ua.es/a/amfc2/

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Tortoni

Buenos Aires é uma cidade de cafés. Daqueles onde dá vontade de ir estando sem ser incomodado. Confesso que não tenho por hábito frequentar cafés, mas quem não fica deslumbrado ao entrar, por exemplo, no Majestic, só para citar um no nosso país, no caso, no Porto?
O Tortoni é o mais antigo da Argentina, fundado em 1858 e situado na Av. de Maio, é um local onde se pode jogar bilhar, assistir a espectáculos (tango, jazz), tomar café, claro, ou simplesmente contemplar a história que por ali passou e foi sendo feita. Teve frequentadores assíduos entre artistas, políticos, intelectuais, escritores, como Borges, Garcia Lorca, Sábato.
É autêntico, apesar de vir nos guias turísticos. Aliás, se não fosse esta referência, provavelmente não saberia da sua existência. Durante o dia passei por lá para tomar qualquer coisa e à noite decidi voltar para assitir a um show de Tango. Como não é daquelas casas tipicamente turísticas, pelo menos no que ao Tango diz respeito, o ambiente era constítuido por porteños e não tão jovem assim. À excepção, então, das duas manas portuguesas, acabadas de entrar na casa dos 20 anos. Se estavamos perdidas, rapidamente nos envolvemos completamente. Um casal de velhotes sentado na mesa ao lado convidou-nos para a sua mesa e serviu-nos de anfitriões para o resto da noite. Ele era poeta e, vim a saber depois, um daqueles conceituados que vivia no Tortoni. Quando soube que eramos portuguesas, logo se lembrou de um jogador de futebol fantástico que havia jogado na nossa terra e casado com uma portuguesa monissíma que levou para a Argentina. A Sra Carmen, ex(?) modelo, é ainda hoje conhecida nos meios sociais argentinos e quanto ao futebolísta o Poeta acertou em cheio. As miúdas portuguesas, nem de propósito, eram ferrenhas do clube em que ele jogou em Portugal e por isso sabiam de quem se estava a falar - Yazalde, o fantástico Chirola.
Este começo serviu de arranque para um agradável serão em que o deslumbramento era total. Anos mais tarde havia de recordar aquela noite quando, num programa de um canal por cabo sobre Buenos Aires, volto a ver A.M.M. servindo de anfitrião no Tortoni, agora para um público mais extenso.
Para quem queira saber mais sobre este café, iniciando uma visita cybernética, aqui fica o link .