quarta-feira, setembro 28, 2011

Instantes de Ciutadella

Porto



Ses Voltes



Plaça d' Afonso III


Carrer Maó


Plaça Nova

Instantes de Mahon

Vistas do porto



Costa de Ses Voltes



Igreja de Santa Maria





terça-feira, setembro 27, 2011

Menorca

Menorca é uma das ilhas - a segunda maior em área - do arquipelágo das Baleares e tem a particularidade de ser o território espanhol mais a leste. Esta característica orgulha os seus habitantes, sobretudo os de Es Castell, que se gabam de serem os primeiros em Espanha a verem o sol nascer.
A ilha é relativamente plana. O ponto mais alto, Monte Toro, localizado no centro da ilha, tem cerca de 350 metros.

Vista norte do Monte Toro

Geograficamente é fácil caracterizar a ilha.
É composta por duas cidades principais, uma em cada lado da ilha, ligadas pela estrada principal que atravessa a ilha de uma ponta à outra. Mahon, a nascente, e Ciutadella, a poente.
Ambas já foram capitais, Ciutadella até à ocupação britânica, em 1714, e Mahon desde então.
Ambas também têm como característica serem cidades costeiras com importantes portos naturais. O de Mahon é inclusivamente o segundo maior porto natural da Europa e possui uma localização estratégica extraordinária, no centro do mediterrâneo ocidental.
As duas cidades têm ainda um encanto próprio, muito pelas suas situações geográficas mas também pelas estruturas urbanas e arquitectura charmosa que apresentam.
Para além destas duas cidades, a ilha tem ainda um conjunto de cidades no interior da ilha. Destaca-se Alaior, berço do queijo menorquino, Ferreries, onde se localizam a maioria das fábricas de calçado, Es Mercadal, a capital gastronómica, Sant Lluís e Es Migjorn Gran, ainda com uma forte componente rural.
Por toda a ilha é ainda possível visitar vestígios arqueológicos da cultura talaiótica (sociedade da Idade do Ferro).


Mas o que caracteriza e mais deslumbra em Menorca é a paisagem natural, marcada pela extensa costa, ou não se tratasse de uma ilha.
Há duas realidades diferenciadas. A da costa sul, ponteada sobretudo por pequenas enseadas (calas) de areia branca e água azul transparente, e a da costa norte, mais selvagem e exposta às ondulações mas igualmente com água transparente e deslumbrante.
Apesar da ilha ser pequena, conhecer todos os cantos e recantos exige tempo. Mais do que se possa supor à partida. Porém vale a pena descobrir e desfrutar dos paraísos que esta ilha tem para oferecer.

domingo, setembro 04, 2011

Mouraria Chinesa

A Associação Renovar a Mouraria (http://www.renovaramouraria.pt/) tem estado a organizar uns passeios guiados à Mouraria Chinesa.
O ponto de encontro (com reserva antecipada obrigatória e limitada a pequenos grupos) é, como não podia deixar de ser, no Martim Moniz, junto à capela da Nossa Senhora da Saúde – ali mesmo em frente ao edifício caiado de branco da religião dominante em Portugal, com um mendigo à porta a quem uma velhinha que ia a entrar na igreja pede para lhe trocar umas moedas (sem que lhe dê esmola), e onde o bem lisboeta eléctrico amarelo passa incessantemente. Àquela hora da manhã ainda não leva muitos turistas. Mas cá fora, nas ruas, este grupo de 10 portuguesas (todas mulheres) aguarda enquanto ao seu redor vão passando chineses, africanos, indianos – ou talvez bangladeshes ou paquistaneses.
Esta será a zona mais multicultural de Lisboa e iniciativas como a desta Associação são bem-vindas para que possamos conhecer um pouco dos outros, daqueles que escolheram viver no nosso país, mas que na maior parte das vezes não vive connosco.
E, no que respeita aos chineses, como podiam, se vêm para cá para trabalhar, trabalhar e trabalhar?
Conhecida por ser uma comunidade fechada, esta visita guiada pretende desmistificar um pouco esta ideia e abrir-nos ambos, aproximando-nos.

O passeio começa no Centro Comercial da Mouraria, numa loja / bazar onde parece que se vende um pouco de tudo. A simpática empregada, que se esforça por ir perdendo a timidez à medida que responde às perguntas curiosas do nosso grupo, já saiu de Lisboa: foi a Tavira, a Óbidos, ao Gerês. Não é um caso típico. Mais típico será o seu agrado pela cidade que a recebe ter um clima ameno e, à noite, ser necessário um lençol para nos cobrirmos quando vamos dormir. Ficamos então a saber que tal é motivo de relevo, de encanto até. A maioria dos chineses em Portugal vem da província de Zhejiang, a sul de Xangai.



Saindo do centro comercial, mas mesmo aí perto, paramos depois num dos maiores e mais importantes supermercados chineses em Portugal, onde à entrada se vêem papelinhos com todo o tipo de informação, nomeadamente ofertas de emprego ou de casa – forma da comunidade comunicar entre si. A dona fala um português fluente e perfeito, o que não é muito comum.



Do outro lado da Praça fica o Centro Comercial Martim Moniz e a loja de um casal de antigos professores chineses onde podemos encontrar livros e artigos de decoração tipicamente chinesa, onde o vermelho predomina. Tivemos aqui direito a uma explicação acerca do funcionamento do ábaco que não há muito tempo vem sido substituído pela máquina de calcular.

Rua da Palma afora, metendo por um patiozinho onde está a ser construído um centro clínico para a comunidade, damos de caras com um cabeleireiro com um ar modernaço, mas ao mesmo tempo despojado. As fotos com modelos de penteados que se vêem em todos os cabeleireiros são aqui substituídas por modelos chineses. Mas os cortes da moda, certamente a imitar os ídolos do momento no outro lado do mundo, não são só para mostrar – a clientela, tanto chinesa como outra, faz questão de querer aqueles cortes prá frentex que se vêem nos cabelos fortes e espessos dos chineses.

Começando a subir a Av. Almirante Reis, na Rua dos Anjos fica a próxima paragem, o templo da Associação Taoista Portuguesa. Entre tentativas de ver as cores dos órgãos e das vísceras que navegam no nosso corpo, tentando levar um sorriso a cada uma delas, pernas cruzadas e olhos fechados, realizei que afinal há coisas piores do que ouvir rezar uma Avé-Maria inteira.



Adiante para a descoberta fantástica que se seguiu, providencialmente à hora do almoço. De volta à Rua da Palma, num 3.º andar de um prédio com uma varanda com uma vista soberba para algumas das colinas de Lisboa, com a Igreja da Graça e o Castelo em grande destaque, fica um daqueles restaurantes clandestinos (ou informal, talvez seja mais simpático a ele se referir, que bem merece) que se ouve falar que existem. Parece um apartamento normal, mas cada divisão tem uma mesa posta. A ementa é em chinês, mas a guia Joana atenciosamente levava um escrito com a descrição dos pratos em português.



Não precisava: podíamos comer de olhos fechados, estava tudo absolutamente saboroso e mais pratos viessem mais descobertas gastronómicas fantásticas teríamos. O preço é impublicável, de tão pornograficamente barato que é. Falta dizer que esta não é a comida chinesa que encontramos na maioria dos restaurantes chineses que por aí abundam; esta é a comida que os chineses desta região realmente comem, daí serem os próprios chineses a maioria de clientes deste restaurante.
Experiência a repetir, certamente.


segunda-feira, agosto 29, 2011

5.º Dia em Lanzarote





Domingo é dia de mercado artesanal em Teguise, antiga capital de Lanzarote. Como outros milhares de turistas, seguimos para lá em romaria matinal. Um grupo pequeno de locais passa cantando, numa espécie de rancho com vestes e instrumentos musicais típicos. Mas a partir daqui é só tendinhas e mais tendinhas, umas com artesanato e roupas mais originais e autênticas do que outras, sem grandes pechinchas. Para mim duas palavras descrevem as idas a estes sítios: estafa penosa.
Como este mercado de domingo ocupa quase por inteiro as ruas de Teguise, acabamos por não conhecê-la, digamos, limpa.





Perto de Teguise fica LagOmar, também conhecida como a Casa de Omar Sharif. Conta a lenda que esta casa foi encomendada por um promotor imobiliário inglês a Jesus Soto, um discípulo de César Manrique. Omar veio filmar a Lanzarote, viu a casa, deslumbrou-se por ela e comprou-a. Pouco tempo depois perdeu-a para o mesmíssimo promotor num jogo de bridge. Depois disso a casa já teve vários proprietários, até que nos anos 80 um casal de arquitectos a comprou e decidiu acrescentar-lhe um restaurante e abri-la ao público com o objectivo de fazer do espaço um misto de ponto arquitectónico, gastronómico e artístico, acolhendo lá exposições.
Mas por quê tanto interesse numa casa privada?
Bom, se as obra de César Manrique deslumbram qualquer um, este seu discípulo, antigo electricista no cabildo local, e seu companheiro de muitas obras, não faz por menos. Esta casa LagOmar aproveita a rocha onde está encostada para nela adentrar e criar ou varandinhas ou pequenos espaços de prazer. É um puro delírio de forma e de estética que atiça todos os nossos sentidos. Por mais que tente, não consigo esquecer aquela sala de terceiro andar rasgada por uma larga janela circular com vista para alguns dos cones da ilha. Oh supremo azar ao jogo!







Com esta visita à Casa LagOmar terminamos o périplo pelo que queríamos realmente visitar nesta primeira ida a Lanzarote. E, ao 5.º dia, conseguimos acabar as visitas a meio da tarde, pelo que, agora vou dar um mergulho... na piscina. A praia fica para amanhã de manhã, sem falta, para a última oportunidade de um banho no Atlântico quase com vista para África antes de rumar de volta a Lisboa.

Entretanto, e na saída para jantar rumo ao Teleclub de Marchér, a névoa ainda deixava ver as montanhas a recortarem o céu, como uma pintura de linhas bem visíveis e perfeitas, com o sol, grande e redondo, por companhia. Não poderia haver melhor postal de Lanzarote para ficar como última memória.

domingo, agosto 28, 2011

Vale de la Geria

Um pouco por toda a ilha vêem-se os campos cultivados com a areia pretíssima, polvilhados aqui e ali pelo verde vivíssimo. Um contraste perfeito.



Mas é no Vale de la Geria que esta beleza é massificada e atinge o seu apogeu









Timanfaya

O espectáculo do Timanfaya começa logo quando nos pomos a caminho do Parque











E o delírio de formas e cores aumenta quando entramos no Parque
















4.º Dia em Lanzarote





Este dia seguimos para sudoeste rumo às praias da Punta del Papagayo, no Monumento Natural los Ajaches. A entrada de carro por aqui é paga e uma estrada de terra batida vai-nos distribuindo por várias praias, algumas delas, como a do Papagayo, pequeninas e encravadinhas numa baia.



Aí perto fica Playa Blanca, uma estância turística como Puerto del Carmen ou Costa Teguise, mas com muito melhor ar.



Subindo a norte, ao fim de uns poucos kms vamos dar às Salinas de Janubio, com rectângulos de salinas com cores para todos os gostos, e a uma praia de mesmo nome de areia preta, cortesia da lava.





Logo acima seguem-se Los Hervideros onde o mar, a lembrar a Boca do Inferno para os lados de Cascais, bate duramente nas rochas. Mas aqui o que acontece é que a água tem por oponente a lava e, principalmente, as várias covas que esta formou em terra. Visto de cima é como se fosse um labirinto de rocha de lava onde a água tem de procurar o melhor caminho para se poder aninhar ou, quando não o consegue, nele esbarrar furiosamente, como um castigo.







Mas o castigo transforma-se em idílio e encantamento poucos kms ainda mais acima. El Golfo é um daqueles milagres da natureza difíceis de acreditar e de entender. Numa praia de areia pretíssima a relação do mar com uma cratera criou uma lagoa de água amarela (ou verde). Como se já não fosse suficiente desejarmos ficar o dia todo a olhar para esta maravilha verde (ou amarela), o cenário dá-nos ainda uma montanha com formas incríveis e cores avermelhada para compormos a nossa pintura mais que perfeita.







E por falar em crateras, voltemos ao castigo com um desvio para o interior da ilha rumo ao que muitos comparam ao diabo: as Montanas del Fuego Timanfaya, a maior atracção de Lanzarote e o segundo Parque Nacional mais visitado de Espanha (atrás do P.N. do Teide, na vizinha Tenerife).
O símbolo do Timanfaya é o diabinho criado por César Manrique, que foi também o responsável pela criação da Ruta de los Volcanes e do restaurante El Diablo, edifício em circulo que faz também as vezes de mirador. Todavia, nunca pensei neste cenário e nesta paisagem como um inferno. Talvez porque nunca me tenha colocado na posição dos habitantes da ilha que, entre 1730 e 1736, testemunharam e sentiram na pele os efeitos e consequências da enorme erupção vulcânica que deixou um quarto da ilha sob lava e cinza. Talvez uma boa tentativa para entender melhor o horror seja ler a crónica que nos deixou o padre de Yaiza, vilarejo próximo. Mas, para mim, este deserto de lava interrompido insistentemente por montanhas formosas e coloridas e uma milagrosa vegetação aqui e ali, onde a vida humana perseverou e ganhou, é encarado como uma beleza impar que me deixa em paz absoluta.
A visita ao parque é efectuada num circuito circular de 14 kms, a tal Ruta de los Volcanes, com a estrada plenamente enquadrada no meio ambiente, utilizada em exclusivo por um autocarro do Parque. Infelizmente, ainda que para melhor preservação, não nos é permitido descer do autocarro e gastarmos o tempo a nosso belo prazer nas montanhas e, eventualmente, caminhar por dentro das crateras ou subir a um vulcão. Mas dentro do autocarro fazemos tudo isso e a paisagem acaba por ser quase tudo (quase, porque, ainda assim, não me conformo).
A lava assume várias formas, umas tão altas que parecem uma torre com uma janela no topo, outras que mais parecem raízes ou longos dedos que se vão arrastando pelo terreno.
Mas as montanhas são o que deslumbram. Enquanto a lava foi tomando tudo à volta, vemos muitas montanhas / crateras com uma terra de várias cores que parece tão macia e fina que quase as confundiríamos revestidas com um tapete. Algumas estão decoradas com vegetação rasteira que se vai sobrepondo ao poder da lava, outras com uma espécie de bolhinhas vermelhas que mais parecem escamas na sua pele.

Aqui perto ficam os povoados de Yaiza e Tinajo, com casas brancas, como sempre, e sempre cuidados. Os arranjos exteriores, pode já concluir-se depois de uma volta a grande parte da ilha, nunca são descurados e as aldeias, vilas ou cidades possuem sempre encanto, seja por uma praça, um jardim, uma igrejinha, uma ermida ou tão só pelo seu bom ordenamento.





Ainda perto do Timanfaya fica outra das surpresas de Lanzarote: os campos de vinha do Vale de la Geria. A terra preta é envolvida em círculos de pedra basáltica recheados de vinha, dando um efeito lindíssimo o contraste do verde desta com o preto da areia. No entanto, apesar de esteticamente resultar na perfeição, esta técnica tem motivos mais práticos como o de proteger a vinha do vento e do forte sol, servindo a cinza para impedir a evaporação da água.

Antes da Geira, porém, ainda tivemos tempo de voltar à costa, desta vez para uma ida até La Santa, terra sem grande graça a não ser pelas condições para o surf e pelo centro desportivo que lá está instalado. A mana ficou roidinha por não se atirar às ondas com uma prancha e eu não fiquei melhor a ver o pessoal a pedalar as suas bicicletas, certamente em treino para a prova de triatlo do dia seguinte em Arrecife. Tivesse tido o cuidado de ver o calendário das provas e ainda tinha ido conhecer a capital de uma outra forma. A ver se pelo menos amanhã temos tempo para um mergulho em qualquer zona da costa.