domingo, abril 24, 2005

Tango

Gosto de Tango. De ouvir, de vez em quando, e de ver bailar, sempre.
Talvez este gosto tenha a ver com a minha paixão pela Argentina. No entanto, e curiosamente, as origens do Tango não são argentinas mas antes, diz-se, africanas. Terão sido os escravos que foram para a América Central e, mais tarde, migraram para a zona do Rio da Prata, que o levaram consigo. Daí a popularidade do Tango em Buenos Aires e, mais especificamente, na zona portuária, como La Boca, Caminito, etc.
Os Tangos retratam, assim, não só aqueles amores não correspondidos, mas também as saudades da família, da terra que se deixou para trás. Uma certa melancolia que o aproxima do Fado. O que os afasta de todo é o facto de o Tango ter nascido primeiro como uma forma de baile, depois como música e, por último, como canção.
Ligado ao Tango existe um idioma, o lunfardo, um dialecto que é utilizado para se referir a determinados aspectos em termos mais específicos. Interessante verificar que algumas destas palavras também são compreendidas cá na nossa terra, como morfar, malandra, gagá e, para saber mais, é só procurar aqui .
O maior mito do Tango é Carlos Gardel, que foi como que o pioneiro do Tango / canção. Na altura, cerca dos anos 30, era muito popular, pelas canções, pelos filmes, pelo carisma que tinha. Disputado pelos argentinos, parece que nasceu em França ou no Uruguai.


Imensamente respeitado é Astor Piazzolla, que conseguiu dar ao Tango um conceito de música sofisticada, estendendo, assim, o género a outros que não o apreciavam no seu sentido clássico. Foi o Tango de vanguarda, que gerou influências em muitos outros músicos. E ficou célebre o bandoneon de Astor Piazzolla.


E agora, algo que talvez choque os puristas do Tango. No novo milénio alguns músicos vem tentando dar outros horizontes ao Tango, recriando-o e revitalizando-o com beats electrónicos, mas mantendo a sua melancolia. Um dos grupos mais conseguidos é o Gotan Project, trio criado em França que integra um argentino. A sua música, principalmente com o sucesso do albúm "La Revancha del Tango" chegou às pistas de dança de todo o mundo. A quem pareça estranha esta fusão do Tango com a electrónica, aparentemente opostos, Eduardo Makaroff (o argentino do trio) lembra que em comum ambos têm a vontade que a música dá de dançar.
Afinal, e como comecei, não esquecer que o Tango começou por ser uma forma de baile.

segunda-feira, abril 04, 2005

Ai...como eu queria andar nas nuvens


Tren de las Nubes - Provincia de Salta (Argentina)

Para saber mais clicar aqui.
E para saber o percurso aqui.

Pampeando

domingo, abril 03, 2005

City Tour em 2 Rodas

Uma forma diferente e saudável de se conhecer uma cidade é, talvez, percorrê-la de bicicleta. Primeiro que tudo, há que saber andar nela. Depois de ganho o equilíbrio, há que gostar de pedalar. Como resultado, aí temos uma alternativa aos transportes públicos e à sola do sapato.
Cá em Portugal existe uma cidade em que se patrocina este meio alternativo de locomoção que, obviamente, não foi exclusivamente pensado nos viajantes nem nada que se pareça. Falo de Aveiro com a sua BUGA (Bicicleta de Utilização Gratuita de Aveiro), que se inspirou nas cidades de Amesterdão e Copenhaga.
Em Lisboa é muito pouco frequente verem-se bicicletas na cidade, pelo menos nos dias da semana, não só pela sua topografia algo desfavorável, mas também, certamente, por motivos culturais. Basta ver as dificuldades que se colocam ao transporte das bicicletas nos autocarros ou metro, mesmo que não seja em horas de ponta.
Talvez por isso, no final dos anos 80 não entendi porque é que o parque de estacionamento da piscina de Maastricht era imenso e todo ele para prender bicicletas, com meia dúzia de lugares para automóveis. Também, quando vi as faixas de rodagem exclusivas para bicicletas que existem em Viena (primeira cidade onde assisti a este "fenómeno"), nem queria acreditar que fosse possível contemplar todo este espaço só para o pessoal do pedal. Em Copenhaga então, as bicicletas regem-se pelos mesmos princípios dos carros e estão em maioria. Tal como em Amesterdão, parece que todos os habitantes as utilizam, seja para passear ou para se deslocarem para o trabalho.
Falando especificamente do caso de Copenhaga, é possível, por cerca de 2,5 euros reembolsáveis (tipo carrinho de supermercado), passear por grande parte da cidade, apanhando as bicicletas onde estejam disponíveis, e deixando-as em qualquer um dos locais específicos espalhados por toda a cidade. Económico, mais rápido, flexível, saudável.
Só um porém quanto a estas bicicletas de Copenhaga: os travões não são os habituais; para travar há que pedalar para trás. Estranho? Sim, mas vale a pena.


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