sexta-feira, maio 20, 2005

Pelo Rio Trancão Acima

Fala-se em rio Trancão. O que se pensa? Boa coisa não é, certo? Ocorre-nos logo os odores que dali vêm. O alto grau de poluição das suas águas, que leva a dizer, meio a brincar meio a sério, que ali nem as bactérias sobrevivem. Pois... Infelizmente tudo isto é verdade.
No entanto, em tempo idos, o Trancão, que é um afluente do Tejo, era navegável e constituia uma importante via de comunicação para as pessoas da zona saloia e para o transporte dos produtos hortícolas que vinham desta zona historicamente agrícola. Porém, após o Terramoto de 1755 iniciou-se um processo de assoreamento do rio que veio impedir a navegabilidade.
Mais tarde, já em meados do século XX, outra catástrofe, esta humana, abateu-se sobre o rio. As fábricas existentes nas suas margens foram efectuando descargas poluentes tornando o rio, naquilo que hoje é, altamente poluído. Contudo, tem vindo a ocorrer um processo de despoluição e de regeneração do rio.
Apesar de todas estas vicissitudes, às quais entretanto se juntaram outras, nomeadamente o desordenamento urbanístico, por incrível que pareça, há ainda troços do rio que têm uma beleza ímpar.
É a descoberta, em bicicleta, dessa beleza que o andessemparar propõe. O ponto de partida é o Parque das Nações, que se situa na margem direita do estuário do Tejo, onde o rio Trancão desagua.
Seguindo em direcção a Norte, depois de se passar a magnífica Ponte Vasco da Gama, chega-se ao Parque Tejo, onde se encontra a foz do rio Trancão.

Segue-se para o interior, até Sacavém, onde se atravessa a ponte (em direcção à Bobadela) sobre o rio Trancão. Logo de seguida corta-se à esquerda para as instalações da Salvador Caetano, percorrendo o seu parque de estacionamento até uma zona de terra batida. Passa-se por baixo do viaduto da A1 e depois não tem engano, é sempre em frente. Siga, vamos subir o rio e descobrir as suas margens!
Entra-se no vale, do lado direito encontra-se São João da Talha e Bobadela e do esquerdo Unhos. As margens são muito bonitas embora no cimo das vertentes existam péssimos exemplos de urbanismo.

Passa-se por um antiga fábrica.
Logo a seguir encontram-se algumas terras cultivadas.
Cavalos...

E estamos na Área Metropolitana de Lisboa. Quem diria?

Findo o vale entra-se na zona da várzea. Observando a envolvente deparamo-nos com uma paisagem mista, que reflecte a dicotomia rural/urbano. Onde estamos? No meio urbano ou no rural? Ao longe avista-se, de um lado, a "selva de pedra" de Sto António dos Cavaleiros, e do outro, Vialonga. No entanto, logo ali estão os campos cultivados das freguesias de São Julião do Tojal (onde fica o Mercado Abastecedor da Região de Lisboa) e de Santo Antão do Tojal.

Rural/Urbano
Aqui, o rio Trancão segue em direcção a São Julião do Tojal e nós cortamos à esquerda, passando pela ponte recentemente alcatroada, em direcção a Santo Antão do Tojal. Tanto de um lado como de outro surgem campos cultivados.

Feitos uns quilómetros em alcatrão por povoações com um cariz rural, chega-se a Santo Antão do Tojal.
Aqui o forte é o património arquitectónico.
O Palácio da Mitra, barroco do século XVIII, e os seus jardins.

Outro palácio, também barroco, cuja fachada principal constitui uma fonte monumental.

A Igreja matriz.
A fachada da igreja possui estátuas de mármore importadas de Génova.

O Aqueduto que abastecia de água os palácios e a povoação.

O conjunto destes elementos está classificados como Imóvel de Interesse Público.
Depois do disfrute cultural segue-se novamente para a zona da várzea, agora de Frielas, com os seus campos cultivados. Do lado direito observa-se uma futura catedral do consumo do Grupo Sonae. Quem é que aprovou este projecto?
Depois de atravessar a ponte corta-se à esquerda em direcção a Unhos.
Unhos...
Acabou-se a beleza e começa a péssima obra humana. Clandestinos, desordenamento urbanístico, falta de planeamento.

A partir daqui é alcatrão. Sobe-se, sobe-se... muda de carreto... toca a pedalar com mais vigor... levantar o rabo do selim... ufff, conseguimos! Chega-se à estrada que liga Unhos a Sacavém. Depois da subida agora é a vez da descida. 40 km...43 km...49km... 50 km de velocidade. Rapidamente se chega a Sacavém e se toma a direcção do Parque das Nações, o ponto de partida e de chegada. Ao todo, o percurso é de cerca de 30 km, que nos permitem observar a diversidade do concelho de Loures.

Fonte: CMLoures
Carta Hipsométrica do Concelho de Loures com o Percurso efectuado