quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Manas Aus Munchen

Começando por uma constatação.
Estranha cidade esta em que não se vêem indivíduos a exibir os telemóveis pelas ruas, não obstante os omnipresentes néons a anunciar as grandes marcas de telecomunicações e as correspondentes lojas. Que num McDonald cheio do centro da cidade não se veja mais do que um, dois miúdos agarrados a esta peça que na sociedade do meu país é absolutamente indispensável em qualquer lugar, em qualquer situação, em qualquer faixa etária.
Estranha cidade esta em que com um frio a raiar o insuportável as pessoas teimam em caminhar pelas ruas, seja neve ou chuva o que vai caindo dos céus, entrando aqui e ali nas lojas aquecidas e de bom gosto.
Munique é, dizem, uma cidade modelo quer ao nível da eficiente e versátil rede de transportes, quer ao nível da limpeza que apresenta. Não conhecendo todas as cidades do mundo, não custa, no entanto, acreditar que assim seja, tão fácil que é adaptar-se à capital da Baviera e sentir-se logo confortável pelos seus caminhos e cantos.
A zona da estação dos comboios, por exemplo, que costuma ser sempre uma das menos simpáticas, senão mesmo repulsivas, das grandes cidades, encontra-se limpa, com montras cuidadas e fica a dois passos do centro.





A dominar o centro do centro fica a Marienplatz, com o Neues Rathaus e seu carrilhão com os bonequinhos que teimam em dançar ao bater das horas, o Altes Rathaus e, um pouco mais a trás, a igreja St Peter e a imperdível subida à sua torre para nos dedicarmos a um dos desportos mais esperados de todas as viagens – entrar na pele dos pássaros e admirar tudo o que a vista alcança, Alpes incluídos, tentando identificar aqui e ali um dos símbolos da cidade, seja a torre olímpica, o Allianz Arena, o edifício da Mercedes ou da BMW ou as Pinacotecas.



Lá em baixo, bem juntinho, fica o Virtualienmarkt, um mercado de rua diferente de todos aqueles a que estava acostumada. Dizer que é limpo é apenas uma repetição dos primeiros parágrafos, dizer que é chique será apenas uma constatação lógica daquilo que se espera da cidade mais rica da Alemanha. Mas, não, não é exactamente isso que se pensa quando se imagina um mercado de rua com comida para todos os gostos. Aqui os gostos serão os mais apurados, os olhares os mais delicados e os cheiros ficam para outras paragens. Não obstante, nesta praça há um dos muitos biergarten com mais uma das suas inconfundíveis torrezinhas toda rococó.



Depois, Munique é ainda as ruas pedonais Neuhauser e Kaufingerstrasse para as compras. Na Maximilianstrasse ficam as lojas de 10 entre cada 10 marcas de vestuário mais fashion do planeta. O Englisher Garten é reconhecido como sendo um dos mais extensos parques urbanos da Europa, uma espécie de Central Park ou Hyde Park a que não falta sequer uma onda para o surf.







Às já famosas Pinacotecas (Alte Pinakothek para a pintura anterior ao século XVIII, Neue Pinakothek para a pintura do século XVIII e XIX e a Pinakothek der Moderne para a arte do século XX) junta-se agora, fresquinho, o Museu Brandhorst com a sua arquitectura colorida (depende do ponto por donde observamos o edifício) que vem trazer uma jovialidade a todo este quarteirão, contrastando com a dureza do edifício da primeira Pinacoteca e a elegância das outras duas.





Aliás, esta zona perto da Konigsplatz é um bom exemplo da arquitectura de princípios do século XVIII, de largos espaços e edifícios imensos e monumentais, tudo em larga escala, que o Partido Nazi, no terceiro Reich pensou adequada para lá fazer os seus comícios.
E, para algo totalmente oposto, Munique é ainda caminhar pelos bairros que vão lançando as tendências ao longo das últimas décadas como Schwabing, Haidhausen ou Glockenbachviertel ou Gartnerplatzviertel.

Um lamento de Munique, apenas. Uma cidade cosmopolita, atraente e acolhedora não se cria sem regras firmes. Mas será que tem de se levar mesmo tão à risca os horários? Por que é que o senhor da bilheteira do Residenz não pensou e agiu assim de uma forma mais sulista e menos elitista e abriu uma excepção para me deixar entrar às 16:05 (quando a última entrada era às 16:00 para o museu fechar às 17:00) no meu último dia em Munique só para eu poder apreciar o tão admirado Antiquarium, diz quem sabe uma sala lindíssima? Está visto, terei de voltar em breve.