segunda-feira, novembro 28, 2016

A reinvenção da Zona Velha do Funchal

O que hoje conhecemos como Zona Velha do Funchal foi onde a cidade Atlântica começou a nascer e daí se expandiu para oeste, nomeadamente para a zona da Sé e São Pedro. A sua Rua de Santa Maria é, pois, uma das mais antigas do Funchal e, também, uma das mais carismáticas. Saindo praticamente das traseiras do Mercado dos Lavradores e correndo paralela (mas interior) ao mar até à Fortaleza de São Tiago, será um pouco menos de um quilómetro pela história do Funchal. 


Este primeiro núcleo territorial conserva ainda o seu traçado medieval urbano. Sobrevive ainda a Capela do Corpo Santo, do século XV, de arquitectura gótica e maneirista (embora com muitas alterações ao longo dos séculos), levantada pelo povo numa mostra da sua devoção pelo orago das gentes do mar. Os primeiros habitantes foram pescadores. Mercadores também, mas esses foram daqueles que primeiro se lançaram na expansão da cidade para oeste. 


As casas na Rua de Santa Maria são baixas, não passam dos três pisos e existem mesmo uma série delas de um piso apenas. O teleférico que sai para o Monte, sinal dos tempos, passa por cima das casas e das nossas cabeças que palmilham a zona.


Lembro-me, desde sempre, de visitar a Rua de Santa Maria para jantar, e apenas isso, num dos seus típicos restaurantes. No entanto, ainda que permanecesse um dos lugares para se sair, encontrava-se desde há tempos numa certa letargia e até decadência. 

Até que... 



... uma pequena ideia surgida em 2011 veio produzir uma autêntica revolução na Rua de Santa Maria e ruinhas envolventes. Um espanhol lembrou-se de lançar um projecto, conhecido hoje como artE de pORtas abERtas, e desde aí não têm cessado de aparecer mais e mais portas, janelas, fachadas e empenas a juntarem-se à nova vida deste pedaço do Funchal. Mais restaurantes, bares, galerias e lojas abriam; novo sentido e novas cores foram dadas à cidade, materializados nos poemas inscritos nas casas que se podem ler em vibrante voz alta ou em emocionada voz interior e nas pinturas que se sucedem, num grito urbano de mostra de arte colectiva. 


Em resumo, aqui temos um novo Funchal, imaginativo e revitalizado, pronto a ser fruído por todos.