sexta-feira, janeiro 27, 2017

Palácio Nacional de Sintra



O Palácio da Vila destaca-se da paisagem de Sintra. 
Aquela arquitectura exótica e rebelde, de um branco intenso com frisos amarelos no meio da verde vegetação, é um ícone por si só. O par de chaminés indicando o céu muito contribui para isso, mas uma visita para além do postal exterior é obrigatória. 


Antigo Paço Real, há mais de um milénio que conhecemos referência ao local. No século X terá sido um alcácer que com a conquista de Lisboa aos mouros por D. Afonso Henriques, em 1147, acabou por ser tomado pela coroa. Depois daí, diversas alterações e remodelações tem sofrido este Paço, designado por D. João V como "formoso palácio dos reis antigos".


Na sua fachada, e como referido, destacam-se as duas chaminés cónicas, com 33 metros de altura. Quando entramos no Palácio percebemos que correspondem à cozinha. O seu formato é original e raramente visto na nossa paisagem. 


Mas da fachada destaca-se ainda um elemento muito diferente destes cones brancos, mas mais presente na nossa arquitectura. Falo das janelas manuelinas. A delicadeza colocada na decoração destas janelas é evidente.

Assim como evidente a um primeiríssimo olhar é a diversidade de estilos que por aqui gravitam: manuelino, gótico, renascentista, romântico e mudéjar. 




Vindo este Paço do período do domínio islâmico na Península Ibérica, as suas influências na arquitectura do lugar são enormes e visíveis em aspectos como os pátios, jardins, fontes e lagos e na decoração de revestimento azulejar, nomeadamente nas suas formas geométricas. São muitos os espaços interiores idílicos e bucólicos, prontos a receber o retirante e o melancólico que se irá distrair apenas com a beleza do sítio e com o som da água a correr. 



Num dos pátios encontramos a azul Gruta dos Banhos (com os seus frescos com azulejos e estuques do séc XVIII) e um pilar com umas meninas a sustentar o escudo de Portugal.


As edificações foram erigidas à volta destes pátios e jardins e as salas do Palácio não são menos artísticas, quer no trabalho dos seus tectos quer no mobiliário que acolhem.


Três destaques absolutos:


A Sala dos Cisnes é a maior sala. Ela foi testemunha das recepções e banquetes que ao longo dos tempos tiveram lugar no Palácio Real. O seu nome deve-se à pintura do tecto.


Tecto mais soberbo do que este só encontramos na Sala dos Brasões, a mais importante sala heráldica da Europa. As armas reais portuguesas dominam o centro do tecto, envolvido pelos brasões dos oito filhos de D. Manuel, mais os brasões das 72 famílias nobres com mais influência no reino. O deslumbre e a riqueza da decoração não se fica apenas pelo tecto desta sala. A acompanhar a representação dos brasões temos ainda uns painéis de azulejos com cenas de caça e do campo.


Por fim, a Capela Palatina. Mais uma surpresa. Com tecto de madeira e pavimento em cerâmica, este é um dos exemplos mais antigos de arte mudéjar no nosso país. Datado do século XIV, este espaço é mais um exemplo do harmonioso convívio dos estilos artísticos representados em todo o Palácio. 

A vila de Sintra já é acolhedora por si só. No entanto, num fim de dia nublado e chuvoso é uma boa aposta a visita a este Palácio. Por quase todos os espaços percorridos parece existir um ponto de vista que deita para a vila e para o movimento e paisagem que corre aqui fora.