quinta-feira, agosto 20, 2015

Montenegro


Crna Gora é Montenegro para os locais. 
E o país é, na realidade, preenchido pelas montanhas, mas não necessariamente negras. A montanha é omnipresente, encontramo-la na costa, a sul, e no interior, a norte, e terá servido de barreira natural para manter os vizinhos à distância.

Região acidentada, as estradas do país são uma autêntica obra do homem para romper a natureza. O resultado são cenários belíssimos e é difícil eleger uma ou sequer um top 3 das estradas mais bonitas. Percorremo-las na costa, com as suas cidades medievais de estilo veneziano, também rodeando o Golfo de Kotor, subimos a montanha até ao monte Lovcen (o tal que dá o nome ao país), descemos para Cetinje (o centro histórico montenegrino), adentramos o território rumo às montanhas onde ficam dois incríveis canyons (Piva e Tara) e voltamos a sul passando pela capital Podgorica (encravada nas montanhas) e pelo Lago Skadar (um espelho com mosteiros à sua beira). Para além da beleza cénica de todas as estradas percorridas, um outro ponto comum: a loucura dos motoristas montenegrinos nas suas estradas estreitas e cheias de curvas. Susto.

A beleza natural é rainha no Montenegro.

A sua história, essa, não é assim tão simplista. Tal como, aliás, a dos seus vizinhos.
Por esta região exerceram a sua influência através dos tempos povos como os ilírios, romanos, eslavos (Jugoslávia significa eslavos do sul), sérvios, gregos, venezianos, otomanos e habsburgos, até ser criada a Jugoslávia e, por fim, o Montenegro se ter tornado independente em 2006 (em meados do século XIX havia experimentado pela primeira vez na sua história a independência, muito por culpa da época em que emergiram os nacionalismos e a influência do grande nome da cultura e da história montenegrina: Njegos, rei e poeta).

Mas este que é um dos mais novos países do mundo é a olhos vistos pouco homogéneo. São claras as diferenças na paisagem construída entre a costa e o interior e a costa norte e a costa sul. Por exemplo, no Adriático norte a influência católica dá-nos igrejas; no Adriático sul a influência otomana dá-nos mesquitas; no interior a igreja ortodoxa Sérvia dá-nos mosteiros. Tal não quer dizer que um pouco por toda a região não se encontrem exemplos das três fés num espaço curto de metros. O Montenegro é etnicamente diverso mas acabou por ter a sorte de ter tomado pouca parte na última guerra dos Balcãs, sofrendo no entanto as consequências das sanções económicas impostas à Sérvia, com quem então mantinha uma união e com quem pouco se diferencia culturalmente. 

Hoje, a última das seis repúblicas ex-jugoslavas a obter a independência vê a sua economia depender em grande parte do turismo. O nosso objectivo para estas férias era percorrer o Montenegro quase de lés a lés e, com excepção do nordeste, conseguimos fazê-lo.