terça-feira, janeiro 06, 2015

Rio de Janeiro | O Menos Clássico

O documentário Santiago tem como pano de fundo uma casa fantástica. É possível visitar a que outrora foi a casa da família de Walter Moreira Salles, banqueiro e embaixador, e onde Santiago foi mordomo.
O filme de João Moreira Salles - simultaneamente director do filme, irmão de Walter Salles (realizador de filmes lindíssimos, tais como Central do Brasil) e filho de Walter Moreira Salles, mostra a casa, localizada no Alto Gávea, que desde 1999 é a sede do Instituto Moreira Salles, um centro cultural de referência para a fotografia e música.
A casa, projecto de arquitectura de Olavo Redig de Campos e projecto paisagístico de Roberto Burle Marx, é um marco da arquitectura moderna de meados do século XX.  
Elegante, foi feita para alojar uma família numerosa e com uma intensa vida social, como mostra o documentário. A casa é organizada em torno de um pátio central, que se abre para a piscina, a qual é marginada por uma ondulante e elegante marquise e por um mural sinuoso de azulejos da autoria de Burle Marx. A vista de fundo é uma montanha de um verde exuberante. No interior há sempre uma exposição interessante para ver.
No videoclip Beautiful de Snoop Dog em determinado momento surge uma composição arquitectónica misteriosa e exótica, rodeada por uma envolvente com os mesmos atributos. Do que se trata? Do Parque Lage.
A história deste espaço começa no inicio do século XIX. Actualmente é um parque público com um palacete que abriga a Escola de Artes Visuais e um café com uma charmosa esplanada nas arcadas pátio central, junto à piscina.
Está inserido no Parque Nacional da Tijuca, pelo que os seus jardins apresentam uma deslumbrante e exuberante natureza e uma vista  fabulosa para o morro do Corcovado.
Próximo do Parque Lage fica o Jardim Botânico, que apesar de não ser o espaço mais turístico do Rio de Janeiro, a imagem da entrada, com a correnteza de palmeiras, é um dos ex-libris da cidade. Este espaço fantástico, inserido na Mata Atlântica, apresenta uma grande diversidade de flora brasileira e estrangeira.
São Conrado enquadra-se, tal como o Jardim Botânico, nos locais que não sendo desconhecidos não são também incontornáveis no turismo mais clássico.  
É na praia deste bairro de classe alta que aterram as asas deltas que saltam da Pedra Bonita. Um dia de praia aqui, para além de mais tranquilo do que nas outras praias da zona sul (Copacabana, Ipanema e Leblon), tem sempre o atractivo de ter algo colorido a sobrevoar, bem como a Pedra da Gávea, o maior monolítico costeiro do mundo, como companhia.
Bem menos procurado pelos turistas é o centro do Rio de Janeiro, nomeadamente o Museu Nacional de Belas Artes, a Praça XV, o Mosteiro de São Bento, o Teatro Municipal, a Catedral Metropolitana, entre outros.
A Urca é outro espaço que apesar de ser a ante-câmara para um dos locais mais visitados do Rio, o Pão de Açúcar, acaba por não ser vivenciado como merece. É uma maravilha percorrer as ruas tranquilas deste bairro, observar os vários pontos de vista que se tem daqui, admirar as suas praias e comer nalguns dos locais emblemáticos, como o Bar da Urca e o Belmonte.
Próximo do acesso ao maior ponto turístico do Rio de Janeiro, o Corcovado, eleito como uma das novas Sete Maravilhas do Mundo, ficam outras maravilhas.
O Museu de Arte Naif, com um acervo entusiasmante, e o Largo do Boticário.
Este último, um largo delicioso no Cosme Velho, envolto por casarões em estilo neocolonial e pela vegetação da Mata Atlântica, teve o seu momento cinematográfico no filme 007 – Aventura no Espaço (Moonraker no original).
O nome do largo deve-se a Joaquim Luiz da Silva Souto que foi farmacêutico da família real. O acesso ao largo faz-se por uma pequena ponte sobre o Rio Carioca, que aqui tem dos poucos troços a céu aberto. No dia que estivemos no Largo cruzámo-nos com um grupo de pessoas que iam iniciar uma manifestação contra a situação de aterro do rio. Ainda nos tentaram mobilizar, contudo, decidimos ficar a contemplar o ambiente decadente-charmoso daquele pedacinho do Rio de Janeiro, que seguramente não está no imaginário da maioria dos turistas que visitam ou pensam visitar a cidade.