segunda-feira, setembro 06, 2010

À Espera em Aguas Calientes



Saimos de Machu Picchu pelas 15:30 para almoçarmos e apanharmos o comboio em Aguas Calientes. Terriola tipicamente à espera do turista, com hotéis, restaurantes e lojas. E um mercado com mais lojas. Tudo contabilizado, meia hora chega para se ficar a par da coisa.
Ainda por cima, o comboio, avisaram, sairia atrasado rumo a Ollantaytambo. Fazendo as contas, estavamos há 4 dias a caminhar e a dormir em tendas e tinhamo-nos levantado nesse dia às 3:30 da madrugada, e iriamos chegar a Cusco lá para a 1:00 também da madrugada. Glupp. Pior, que seca.
Mas, quando viajamos nunca se sabe, tudo pode mudar de um momento para o outro. O que seria uma seca até se tornou divertido. Primeiro, reencontramos a nossa amiga argentina que supostamente iria apanhar um comboio bem mais cedo, mas afinal seguiria no nosso. Depois, encontramos também o nosso amigo dinamarquês, já junto da sua companheira peruana, que também iria seguir viagem connosco. Mas o momento decisivo foi quando um jovem suiço, ao ouvir a nossa conversa com o dinamarquês sobre as longas ondas de Puerto Chicama resolveu também participar. Entre aquela conversa típica entre viajantes curiosos, querendo saber por onde já estivemos e para onde ainda havemos de ir, ficámos a saber que o moço tinha 21 anos, andava já há 2 meses pela América do Sul e tinha ainda mais 3 meses de viagem pela frente. Não conseguimos conter o sorriso quando, na maior das ingenuidades, nos contou haver feito o inca trail - como dizem os gringos - caminhando pelos carris do comboio desde o km não sei quantos. Haverá "trail" mais autêntico?
Melhor do que isto só mesmo o inglês que no topo de Machu Picchu, com vista clássica para Wayna Picchu, falava ao telemóvel com a sua mamã, provavelmente no outro lado do Altântico em Inglaterra, e passou-o à lama que aí roia pacatamente a relva para que a senhora pudesse também sentir parte da emoção da aventura de se estar numa das 7 maravilhas do mundo.
Se me contassem, não acreditaria. Mas viajar é isto. É também delirar.