Fala-se em rio Trancão. O que se pensa? Boa coisa não é, certo? Ocorre-nos logo os odores que dali vêm. O alto grau de poluição das suas águas, que leva a dizer, meio a brincar meio a sério, que ali nem as bactérias sobrevivem. Pois... Infelizmente tudo isto é verdade.
No entanto, em tempo idos, o Trancão, que é um afluente do Tejo, era navegável e constituia uma importante via de comunicação para as pessoas da zona saloia e para o transporte dos produtos hortícolas que vinham desta zona historicamente agrícola. Porém, após o Terramoto de 1755 iniciou-se um processo de assoreamento do rio que veio impedir a navegabilidade.
Mais tarde, já em meados do século XX, outra catástrofe, esta humana, abateu-se sobre o rio. As fábricas existentes nas suas margens foram efectuando descargas poluentes tornando o rio, naquilo que hoje é, altamente poluído. Contudo, tem vindo a ocorrer um processo de despoluição e de regeneração do rio.
Apesar de todas estas vicissitudes, às quais entretanto se juntaram outras, nomeadamente o desordenamento urbanístico, por incrível que pareça, há ainda troços do rio que têm uma beleza ímpar.
É a descoberta, em bicicleta, dessa beleza que o andessemparar propõe. O ponto de partida é o Parque das Nações, que se situa na margem direita do estuário do Tejo, onde o rio Trancão desagua.
Seguindo em direcção a Norte, depois de se passar a magnífica Ponte Vasco da Gama, chega-se ao Parque Tejo, onde se encontra a foz do rio Trancão.
Segue-se para o interior, até Sacavém, onde se atravessa a ponte (em direcção à Bobadela) sobre o rio Trancão. Logo de seguida corta-se à esquerda para as instalações da Salvador Caetano, percorrendo o seu parque de estacionamento até uma zona de terra batida. Passa-se por baixo do viaduto da A1 e depois não tem engano, é sempre em frente. Siga, vamos subir o rio e descobrir as suas margens!
Entra-se no vale, do lado direito encontra-se São João da Talha e Bobadela e do esquerdo Unhos. As margens são muito bonitas embora no cimo das vertentes existam péssimos exemplos de urbanismo.
Passa-se por um antiga fábrica.
Logo a seguir encontram-se algumas terras cultivadas.
Cavalos...
E estamos na Área Metropolitana de Lisboa. Quem diria?
Findo o vale entra-se na zona da várzea. Observando a envolvente deparamo-nos com uma paisagem mista, que reflecte a dicotomia rural/urbano. Onde estamos? No meio urbano ou no rural? Ao longe avista-se, de um lado, a "selva de pedra" de Sto António dos Cavaleiros, e do outro, Vialonga. No entanto, logo ali estão os campos cultivados das freguesias de São Julião do Tojal (onde fica o Mercado Abastecedor da Região de Lisboa) e de Santo Antão do Tojal.
Rural/Urbano
Aqui, o rio Trancão segue em direcção a São Julião do Tojal e nós cortamos à esquerda, passando pela ponte recentemente alcatroada, em direcção a Santo Antão do Tojal. Tanto de um lado como de outro surgem campos cultivados.
Feitos uns quilómetros em alcatrão por povoações com um cariz rural, chega-se a Santo Antão do Tojal.
Aqui o forte é o património arquitectónico.
O Palácio da Mitra, barroco do século XVIII, e os seus jardins.
Outro palácio, também barroco, cuja fachada principal constitui uma fonte monumental.
A Igreja matriz.
A fachada da igreja possui estátuas de mármore importadas de Génova.
O Aqueduto que abastecia de água os palácios e a povoação.
O conjunto destes elementos está classificados como Imóvel de Interesse Público.
Depois do disfrute cultural segue-se novamente para a zona da várzea, agora de Frielas, com os seus campos cultivados. Do lado direito observa-se uma futura catedral do consumo do Grupo Sonae. Quem é que aprovou este projecto?
Depois de atravessar a ponte corta-se à esquerda em direcção a Unhos.
Unhos...
Acabou-se a beleza e começa a péssima obra humana. Clandestinos, desordenamento urbanístico, falta de planeamento.
A partir daqui é alcatrão. Sobe-se, sobe-se... muda de carreto... toca a pedalar com mais vigor... levantar o rabo do selim... ufff, conseguimos! Chega-se à estrada que liga Unhos a Sacavém. Depois da subida agora é a vez da descida. 40 km...43 km...49km... 50 km de velocidade. Rapidamente se chega a Sacavém e se toma a direcção do Parque das Nações, o ponto de partida e de chegada. Ao todo, o percurso é de cerca de 30 km, que nos permitem observar a diversidade do concelho de Loures.
Fonte: CMLoures
Carta Hipsométrica do Concelho de Loures com o Percurso efectuado
sexta-feira, maio 20, 2005
domingo, maio 15, 2005
Olhando para Poente
sexta-feira, maio 13, 2005
Pézinhos na Areia ou Pézinhos nas Algas?
A Praia Verde, situada entre Altura e Monte Gordo, deve o seu nome ao pinhal, infelizmente cada vez mais diminuto, que a circunda. Mas neste dia de Abril bem que podiamos pensar que a razão do seu nome está relacionada com a quantidade de algas.
É caso para perguntar, Pézinhos na Areia, nome do bar da praia, ou Pézinhos nas Algas?
Praia Verde (Algarve)
É caso para perguntar, Pézinhos na Areia, nome do bar da praia, ou Pézinhos nas Algas?
Praia Verde (Algarve)
sexta-feira, maio 06, 2005
Paraíso no Sotavento Algarvio
As praças fortes foram conquistadas
Por seu poder e foram sitiadas
As cidades do mar pela riqueza
Porém Cacela
Foi desejada só pela beleza
Sophia de Melo Breyner Andresen
E que beleza!!!
Cacela Velha é uma aldeiazinha. Bem pequenina. Porém a sua beleza é inversa ao seu tamanho. É de uma encantadora singularidade e tranquilidade.
A sua posição geográfica, no topo de uma arriba, permite admirar a vista magnífica sobre a ria Formosa e avistar, a leste, Monte Gordo e Espanha.
Ria Formosa
Para além da soberba vista, é possível ainda admirar a Igreja Matriz (Nossa Senhora da Assunção), a Fortaleza e o casario típico.
Cacela Velha
Para terminar a visita a Cacela Velha recomenda-se uma paragem no recente café-bar-espaço cultural-atelier Casa Azul, que reutilizou, da melhor forma, uma das casas típicas do povoado.
Por seu poder e foram sitiadas
As cidades do mar pela riqueza
Porém Cacela
Foi desejada só pela beleza
Sophia de Melo Breyner Andresen
E que beleza!!!
Cacela Velha é uma aldeiazinha. Bem pequenina. Porém a sua beleza é inversa ao seu tamanho. É de uma encantadora singularidade e tranquilidade.
A sua posição geográfica, no topo de uma arriba, permite admirar a vista magnífica sobre a ria Formosa e avistar, a leste, Monte Gordo e Espanha.
Ria Formosa
Para além da soberba vista, é possível ainda admirar a Igreja Matriz (Nossa Senhora da Assunção), a Fortaleza e o casario típico.
Cacela Velha
Para terminar a visita a Cacela Velha recomenda-se uma paragem no recente café-bar-espaço cultural-atelier Casa Azul, que reutilizou, da melhor forma, uma das casas típicas do povoado.
domingo, maio 01, 2005
Viajante na própria cidade
A ideia era percorrer a carreira do eléctrico 28 da Graça à Estrela, passeio pela Lisboa pitoresca das colinas e dos bairros históricos, aconselhado por 11 em cada 10 guias turísticos sobre a cidade. Apesar de ter nascido em Lisboa e vivido sempre às suas portas, nunca havia realizado este passeio. Da Carris já chega as viagens obrigatórias nos seus autocarros, pensava. Mas, esta viagem no seu eléctrico é feita com outro espírito, com tempo, sem preocupações com as filas e os encontrões entre cidadãos utilizadores de transportes públicos.
Apanhado o 28 na primeira paragem, na Graça, foi fácil arranjar lugar sentada à janela. Na verdade, não estava cheio, o que melhor permitia contemplar as ruinhas da Graça e as suas vilas operárias pelo exterior. Chegado ao Martim Moniz, a desilusão. O percurso terminava temporariamente ali, pois devido a obras num edifício numa das ruas por onde passa habitualmente, o eléctrico estava impedido de continuar.
Ok. Vencida mas não convencida. Há que aproveitar o tempo bom e o tempo disponível. Reformulação do itinerário: subida até ao Chiado, descida até à Rua de Santa Justa, subida no elevador de mesmo nome – outro passeio inédito –, volta até ao Martim Moniz e visita aos seus centros comerciais, e, por fim, regresso a pé à Graça atravessando a Mouraria.
A subida no elevador de Santa Justa, em si, não vale grande coisa, vupt, já passou, leva aí uns 20 segundos. Mas a vista lá de cima vale bem a pena. Os nossos olhos abarcam do Rio Tejo até ao Parque Eduardo VII, passando pelos telhados de toda a Baixa Pombalina, Rossio, Sé, Castelo. E vislumbra-se também um nicho de bom gosto, um terraço ajardinado pertencente ao Hotel do Chiado, certamente a merecer uma futura visita ao seu bar. Apesar da vista compensar tudo, não posso calar a armadilha que é a viagem – da Carris – no elevador. Lá em cima há um bar ordineco, com café a preço astronómico – para turista ver –, enquanto a passadeira que o ligaria ao Carmo e à Trindade permanece fechada. Ou seja, só serve mesmo como meio para se chegar a uma plataforma única e exclusivamente com função de miradouro e bar mediocre. Dada a primeira função, não é mau de todo.
O Martim Moniz é um daqueles locais em Lisboa que me faz sentir estrangeira. Não que a sensação seja desagradável. É, simplesmente, diferente, parece saído de um cartão postal de um sítio distante ou de um filme. Nos seus centros comerciais – Martim Moniz e Mouraria – pode encontrar-se de tudo, a preços bem em conta. E para quem está farto de comer sempre o mesmo às refeições, pode experimentar aventurar-se pelos supermercados “étnicos” que por lá vão crescendo como cogumelos. Estas iniciativas sabem-me bem.
De regresso à Graça, subindo por uma das colinas da cidade, pelas ruas estreitas e pitorescas, com os seus edifícios de habitação pejados de azulejos e com as portas da rua encostadas ou mesmo escancaradas, uma Lisboa mais distante daquele cosmopolitanismo que se vive lá em baixo. Lá chegando, um dos troféus maiores: os seus miradouros, o da Graça e o da Nossa Senhora do Monte, com Lisboa aos pés.
Para uma próxima ficará, então, a continuação da carreira do 28 até à zona ocidental da cidade, menos popular mas igualmente autêntica.
Apanhado o 28 na primeira paragem, na Graça, foi fácil arranjar lugar sentada à janela. Na verdade, não estava cheio, o que melhor permitia contemplar as ruinhas da Graça e as suas vilas operárias pelo exterior. Chegado ao Martim Moniz, a desilusão. O percurso terminava temporariamente ali, pois devido a obras num edifício numa das ruas por onde passa habitualmente, o eléctrico estava impedido de continuar.
Ok. Vencida mas não convencida. Há que aproveitar o tempo bom e o tempo disponível. Reformulação do itinerário: subida até ao Chiado, descida até à Rua de Santa Justa, subida no elevador de mesmo nome – outro passeio inédito –, volta até ao Martim Moniz e visita aos seus centros comerciais, e, por fim, regresso a pé à Graça atravessando a Mouraria.
A subida no elevador de Santa Justa, em si, não vale grande coisa, vupt, já passou, leva aí uns 20 segundos. Mas a vista lá de cima vale bem a pena. Os nossos olhos abarcam do Rio Tejo até ao Parque Eduardo VII, passando pelos telhados de toda a Baixa Pombalina, Rossio, Sé, Castelo. E vislumbra-se também um nicho de bom gosto, um terraço ajardinado pertencente ao Hotel do Chiado, certamente a merecer uma futura visita ao seu bar. Apesar da vista compensar tudo, não posso calar a armadilha que é a viagem – da Carris – no elevador. Lá em cima há um bar ordineco, com café a preço astronómico – para turista ver –, enquanto a passadeira que o ligaria ao Carmo e à Trindade permanece fechada. Ou seja, só serve mesmo como meio para se chegar a uma plataforma única e exclusivamente com função de miradouro e bar mediocre. Dada a primeira função, não é mau de todo.
O Martim Moniz é um daqueles locais em Lisboa que me faz sentir estrangeira. Não que a sensação seja desagradável. É, simplesmente, diferente, parece saído de um cartão postal de um sítio distante ou de um filme. Nos seus centros comerciais – Martim Moniz e Mouraria – pode encontrar-se de tudo, a preços bem em conta. E para quem está farto de comer sempre o mesmo às refeições, pode experimentar aventurar-se pelos supermercados “étnicos” que por lá vão crescendo como cogumelos. Estas iniciativas sabem-me bem.
De regresso à Graça, subindo por uma das colinas da cidade, pelas ruas estreitas e pitorescas, com os seus edifícios de habitação pejados de azulejos e com as portas da rua encostadas ou mesmo escancaradas, uma Lisboa mais distante daquele cosmopolitanismo que se vive lá em baixo. Lá chegando, um dos troféus maiores: os seus miradouros, o da Graça e o da Nossa Senhora do Monte, com Lisboa aos pés.
Para uma próxima ficará, então, a continuação da carreira do 28 até à zona ocidental da cidade, menos popular mas igualmente autêntica.
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