quinta-feira, junho 29, 2006

Artistas Viajantes e o Brasil no Século XIX

Na Galeria de Pintura do Rei D. Luís está patente, até 31 de Julho, a exposição “Artistas Viajantes e o Brasil no Século XIX”. Baseada maioritariamente em pinturas da Coleção Brasiliana / Fundação Estudar, foram ainda acrescentadas para esta ocasão algumas peças dos acervos dos Palácios Nacionais de Queluz e da Ajuda – principalmente retratos da família real.




A Coleção Brasiliana reune um conjunto de cerca de 320 obras que nos apresentam a visão de artistas estrangeiros sobre o Brasil do século XIX. Obviamente, apenas uma infima parte destas podemos agora visitar.
A exposição procura dar uma perspectiva acerca de três grandes temas: o Rio de Janeiro e a corte, o registo dos viajantes e a paisagem brasileira.
Quando a corte portuguesa se transferiu para o Brasil, designadamente para o Rio de Janeiro, fugindo das invasões francesas, encontrou um lugar ainda provinciano e longe do esplendor arquitectónico e festivo que se vivia na metrópole. A vegetação imperava, mesmo no Rio. Aliás, felizmente que ainda hoje impera. Esse é o encanto do Rio. Os morros, a floresta e o mar dominam. E a primeira pintura que se encontra exposta, em dimensões bastante razoáveis, só nos faz desejar ter aportado ao Rio há uns séculos atrás. A respiração suspende-se. Toda aquela paisagem ainda imaculada de prédios e asfalto, mas com os três elementos atrás citados que fazem dela a Cidade Maravilhosa.
O que mais me agradou nas pinturas expostas foi a possibilidade de confrontar a cidade de então obra exclusiva da Natureza com a cidade de hoje também obra do Homem mas na qual a Natureza continua a ser senhora.
Não há bondinho, não há Cristo Redentor. Mas há Morro do Pão de Açucar e Morro do Corcovado, com a Baia de Guanabara e a Lagoa lá em baixo exclusivamente a banhar as suas bases. Há a Pedra da Gávea, com a vizinha Pedra Bonita apenas com o vôo livre das aves, que não o dos Homens. E há Ipanema e Leblon com as suas ondas e areias propriedade apenas da fauna local. E sem quaisquer casas. Provavelmente só os indígenas se atreveriam a ir para paisagens tão distantes. A cidade imperial desenvolvia-se quase em exclusivo no que hoje é conhecido como o Centro do Rio.
Encontram-se ainda expostas pinturas da Serra dos Orgãos, paisagens pisadas pela corte a caminho da “cidade imperial” de Petrópolis.
Imperdível esta exposição. Uma excelente ocasião para apreciar pintura e deixar-se viajar pela visão dos artistas que foram ao mesmo tempo românticos e aventureiros. Os primeiros viajantes que nos proporcionam agora imagens da vida na corte, da nobreza, dos nativos indígenas, dos escravos e da luxuriante vegetação e paisagem, ainda não exclusiva da Amazónia.

terça-feira, junho 27, 2006

BAJOFONDO TANGO CLUB


Tango com electrónica. Mas não só. Ao bandoneon foi acrescentado guitarra eléctrica, violino, baixo, piano, computador. Tudo mixado dá um som algo parecido com tango, rock, jazz, hip-hop.
Ou, melhor dito nas palavras dos integrantes do grupo, é um som do Rio da Prata, terra do velho tango, terra do novo tango.
Não podendo estar presente no concerto que os Gotan Project vão dar em Lisboa, no princípio de Julho, altura de férias, não podia deixar de ir ouvir e ver os Bajofondo, no Teatro Variedades, Parque Mayer, integrado nas festas de Lisboa.
5 estrelas. A experiência musical não podia ser melhor. Eu, que penso sempre que detesto dançar, dei por mim a abanar o corpo como não imaginava que o pudesse fazer. Foi a responsabilidade e o contagio de estar na primeira fila. Ou talvez tenha sido mesmo o som e o ambiente muscial que não deixa ninguém indiferente. Nem mesmo o casal de velhinhos de cerca de 80 anos que se mantiveram até final.
– “Então, o que achou?” – “Bem, não é muito o meu género, mas gostei”.

sexta-feira, junho 23, 2006

"A Vaca"

O prémio da + + + vai para a "Portucowlia", nos Restauradores.
Um ovo em cima do bife, devidamente patrocinada pela Cervejaria Portugália.
Bem imaginado.
E mais um símbolo lisboeta.

Prémio Especial Vieira da Silva

A menção honrosa nas vaquinhas de Lisboa vai para a “Alfacinha”, no Jardim da Estrela.
Parece ter sido inspirada nas pinturas de Helena Vieira da Silva.

As Vacas Mais “Lisboetas”

Eis as vacas em exposição mais representativas de Lisboa:


- “Táxi Vaca”, no Saldanha;



- “Electric cow”, nas Amoreiras;



- “Cowpombalina, no Largo de Santos;



- “Calçada Portuguesa”, na Praça do Município;



- “Vaca Pessoana”, na Praça do Município;

quinta-feira, junho 22, 2006

O meu top de Vacas

Que me desculpem todas as outras vaquinhas, mas das que já vi as minhas preferidas são:


- “Go out inside”, no Jardim da Estrela, a vaca na jaula, com o telefone pertinho para falar com o seu boi e os seus vitelos, criada pelos reclusos do Estabelecimento Prisonal Regional de Aveiro;



- “Cândida Charneca”, no Marquês de Pombal, a representante dos ciclistas;



- “Vaca Confortável”, no Parque das Nações, com pedrinhas coloridas a fazer lembrar os deliciosos smarties;



- “Lisboeta”, na Praça da Figueira;



- “Vaca fazendo arte”, no Campo Pequeno, com as patas encharcadas de tinta;



- “Madeira, Ilha de Sonhos”, no CCColombo, a mais kitsch, a par da “Varina”, na Rua do Carmo.

segunda-feira, junho 19, 2006

Vacas em Lisboa

A Cow Parade está em Lisboa.
Até ao fim de Agosto é possível tropeçar numa das vacas que estão espalhadas pela cidade.
Umas mais irreverentes ou imaginativas do que outras, mas todas elas obras de arte. Aliás, no site da Cow Parade, este evento é descrito como o maior acontecimento de arte pública do mundo. E acessível a qualquer cidadão que se proponha simplesmente passear pelas ruas da cidade.
Pena é que logo ao fim de alguns dias algumas das vaquinhas tivessem de ser removidas dos seus locais de exposição para o denominado “hospital da cowparade”, para reparação dos seus danos. A avaliar pela quantidade de paizinhos que insistem em colocar as suas criançinhas no lombo das vacas para lhes tirar a fotografia da ordem e pela quantidade de rapagões que insistem em fazer pegas de caras às boas das vacas, também neste hospital em breve haverá listas de espera. Já para não falar das vacas impiedosamente grafitadas ou com mensagens de "amo-te Cátia Vanessa".
Voltando à ideia que está na base deste projecto, que já passou, entre outras, por Nova Iorque, Estocolmo, Londres, Barcelona, Moscovo, Sydney, Tóquio, São Paulo e se encontra, igualmente, em exibição em Buenos Aires e Paris, dizia, a ideia do evento é entregar as vacas em fibra de vidro e tamanho real a artistas que as recriem a seu belo prazer. Após a sua exibição, as vacas serão leiloadas e o valor amealhado reverterá para o projecto MecenatoNet que colocará os fundos à disposição da Acapo, Ami, Apav, Cruz Vermelha, Liga dos Bombeiros e outras entidades de beneficiência.

O meu projecto resume-se a tentar visitar e fotografar todas as 101 vaquinhas em exposição em Lisboa. Nesta empreitada, já perto da sua conclusão, deparei-me com alguns dissabores. Por exemplo, a “Vaquinha Piu Piu”, no Rossio, já tinha sido levada para o hospital, por lhe terem rapinado as galinhas que lhe adornavam o lombo (entretanto já lá voltei e estimei em verificar que já está totalmente recuperada da sua saúde). A “Cowpyright”, no Campo Pequeno, foi sequestrada e, apesar de as investigações do crime terem sido bem sucedidas e a vaca ter aparecido, até à data ainda não foi reposta no seu habitat original. Também no metro do Marquês de Pombal era suposto estar lá a “Wishing Cow – Vaca dos Desejos. Não a vi. À “Electic cow”, nas Amoreiras, faltava-lhe as anteninhas do eléctrico que o ligam aos cabos. Quanto à “Polis”, no Largo do Rato, bem em frente do PS, a polícia terá sido impotente para evitar que lhe partissem a sirene.
Tive, no entanto, mais sorte por ter ido travar conhecimento a tempo com as vaquinhas “Limi the Kid, a comer um queijinho” e “Waca”, presentes no Parque das Nações, “Cândida Charneca, no Marquês de Pombal, e “Vaca Preciosa” na Av. de Roma. Nesta última ainda lhe vi a malinha de madame rasgada e com defeito. Quando virei as costas já os senhores doutores a tinham ido buscar.
As melhoras para todas as enfermas.