sexta-feira, junho 27, 2008

quarta-feira, junho 25, 2008

Casa ou Palácio Mateus



Classificado como Monumento Nacional, este é provavelmente dos edifícios em Portugal que mais merece ser visitado aquele que menos visitas recebe.
A Casa Mateus encontrava-se nomeada para as 7 maravilhas de Portugal (estava nos 21 finalistas, apesar de isso valer o que vale) e muitos terão olhado para esta nomeação com espanto ignorante. Foi o meu caso.
A desculpa de que se encontra a mais de 400 km de Lisboa não cola. E para os outros nossos concidadãos também não cola o seu alegado isolamento – a 2 km de Vila Real, em Trás os Montes – pois o Porto está a menos de uma hora e a sua área metropolitana acolhe uma percentagem nada despicienda de cidadãos portugueses.
O certo é que mais vale tarde do que nunca.


Visitámo-lo agora, numa manhã de chuva intensa, nada convidativa para passeios demorados pelos belíssimos jardins da Casa Mateus (deve ser sina das nossas visitas a monumentos com jardins – o mesmo sucedeu na visita ao Mosteiro de Tibães)
Mas o que mais chama a atenção em terras do antigo morgadio de Mateus é, para além do enquadramento e conjugação Palácio + Capela + Lago + Jardins, precisamente, o edifício da casa mãe. O barroco em todo o seu esplendor.





Obra do século XVIII, suspeita-se que o arquitecto Nicolau Nasoni (o mesmo da Torre dos Clérigos) tenha tido influência na sua concepção. Os pormenores decorativos são luxuriantes.
Alguma decepção, porém, confesso, no que ao interior do edifício diz respeito. As expectativas eram elevadas, mas a imagem fabulosa da sua fachada chegou para as encomendas e nem a chuva estragou a foto da praxe com o reflexo do edifício na água do lago que lhe dá as boas vindas.


sexta-feira, junho 20, 2008

Vilas e Cidades de Trás-os-Montes e Alto Douro

Nesta calcorreada pelas margens e arredores do Douro, vilas e cidades houve que valeu bem a pena conhecer e, muitas das vezes, bem mereciam mais do que uma curta paragem ou estadia.
Eis algumas delas, todas na antiga província de Trás-os-Montes e Alto Douro:

Lamego
De Lamego, cidade do distrito de Viseu, a primeira impressão, quando se chega à cidade atravessando a ponte sobre o Rio Balsemão, é a de uma urbe que cresceu desordenadamente e onde a fealdade abunda. Mas, depois, damos de caras com uns edifícios elegantes e bem conservados (casos da Sé, do antigo Paço Episcopal e do antigo Hospital da Misericórdia, hoje Cine-Teatro) e a surpresa é deveras agradável. A longa avenida pejada de árvores que nos conduz até ao Santuário de Nossa Senhora dos Remédios só reforça esse sentimento.



São João da Pesqueira
Também pertencente ao distrito de Viseu, foi a que mais surpreendeu.
Chovia a potes. Normalmente, a imagem da chuva num qualquer lugar costuma produzir em nós um lamento. No entanto, no caso da Praça da República, no minúsculo centro histórico da vila, tanta harmonia não parece capaz de ser perturbada por nenhum factor externo, muito menos da natureza. Lindo e encantador, verificar tamanha preocupação em manter um núcleo tão pitoresco, numa terreola tão para lá de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Perto de São João da Pesqueira fica o miradouro de São Salvador do Mundo, com uma vista fabulosa para as águas do Douro que vão correndo serenas lá bem abaixo.




Torre de Moncorvo
Já no distrito de Bragança, é uma vila que também surpreende. Mais uma vez, o seu centro histórico encontra-se bem conservado, vendo-se aqui e ali umas quantas casas brasonadas. Um dos seus ex-libris é a Igreja Matriz, monumento nacional.
Como curiosidade, diga-se que as maiores amplitudes térmicas do nosso país costumam ser registadas aqui. Quer isto dizer: Invernos rigorosos e Verões abrasadores.



Mogadouro
Em Mogadouro, outra vila no distrito de Bragança, o que marca a paisagem é a Torre de Menagem do Castelo, donde se obtém uma vista tranquila do que parece uma planície trasmontana (apesar de os montes dominarem por aqui, onde a altitude é de cerca de 700m).




Miranda do Douro
Também no distrito de Bragança, é a cidade ponto de partida para o deslumbrante tour pelas águas do Douro Internacional, e a última localidade portuguesa que deixamos para trás quando queremos passar a fronteira até Espanha. Mas, para além da língua portuguesa, deixaremos também para trás a língua mirandesa, que esta é terra de fortes tradições. As placas com os nomes das ruas fazem questão de aparecer escritas nos dois idiomas.
O centro histórico é interessante e bem cuidado, com uma série de ruas pedonais. Lá no alto, depois de passarmos a Praça onde estão instalados os Paços do Concelho, num edifício solarengo, dominam a Sé e o Paço Episcopal com os seus jardins.





Mirandela
É uma cidade do distrito de Bragança que tem vindo a crescer e desenvolver-se, ajudada também pelos estudantes que frequentam os seus pólos universitários.
Alheiras à parte, Mirandela já valeria só pelo cenário da sua ponte sobre o Tua, com a arcaria sucessiva reflectida na água do rio. O edifício mais interessante é o antigo Palácio dos Távoras, hoje Paços do Concelho.Uma pergunta, todavia. Onde estava o metro de superfície, segundo dizem, ex-libris da cidade?




domingo, junho 15, 2008

Pinhão



Esta é, provavelmente, uma das estações de comboio mais pitorescas do nosso país.
Não só está implantada num local privilegiado, com uma paisagem soberba, como se encontra bem cuidada e nos permite uma aproximação visual à história do árduo trabalho das gentes que em outros tempos, que hoje parecem tão distantes, fizeram do Vinho do Porto uma das marcas de Portugal.
Assim nos conta a série de painéis de azulejos que retratam as vindimas.





Apesar de apenas termos percorrido Régua – Pinhão, a linha do Douro tem início no Porto e final no Pocinho. O recorrido da sua totalidade será certamente uma daquelas experiências a viver por qualquer viajante que se preze. Há que se apressar, todavia. Esta linha, que em tempos chegou até Barca d´Alva, hoje termina no Pocinho e não cessam noticias de que possa vir a ser novamente amputada. Até lá, não cessam igualmente os lamentos do estado de abandono a que chegou a estação da mítica Barca d´Alva.

São Leonardo da Galafura

Na estrada da Régua para Vila Real, subindo pelos vales de socalcos do Douro Vinhateiro, alcançamos a Galafura e, um pouco mais adiante e ainda mais acima, a 566m de altitude, o MiraDouro de São Leonardo da Galafura, que Miguel Torga imortalizou.



A vista é esmagadora e, apesar das nuvens que teimavam em passar, não foi difícil descobrir porque é que o nosso escritor se deixou inspirar.
“Excesso de natureza”, chamou-lhe Torga.


sábado, junho 14, 2008

Navegando Pelo Douro

O passeio pelo Douro estava previsto para a Páscoa, mas a chuva e o temporal que se previa – e aconteceu – para essa altura, fizeram-nos adiá-lo para o semana do feriado de 1 de Maio, bem mais seguro no que ao clima diz respeito, afinal, chuva e mau tempo em Maio? Só por um grande azar.
Pois, azares acontecem.
A chegada à Régua não deu para mais do que uma fotozita com o senhor da capa.



Optámos por navegar as águas do Alto Douro Vinhateiro apenas desde a Régua ao Pinhão.
Ida em barco, sem almoço ou quaisquer outros extras para além do verde bucólico e deslumbrante da paisagem.
São socalcos e mais socalcos moldados pelo Homem por entre montes onde a Natureza é ainda o elemento mais forte. Tudo aqui faz sentido. As quintas dos grandes nomes do vinho do Porto, as aldeias perdidas por entre as serras, os edifícios a cair, o abandono da linha do comboio. O isolamento, enfim.
A volta fez-se em comboio, saindo da pitoresca estação do Pinhão.




Mas o Douro vai seguindo até Espanha (ou, melhor, vem seguindo desde lá).
Para o acompanhar, optámos pelo carro, por entre subidas e curvas, com as suas águas azuis sempre à espreita por entre o verde que o rodeia.



E, depois, muitos kms adiante, à medida que nos aproximamos de Espanha, temos o outro Douro, o Douro Internacional.
Aqui apresenta-se-nos um lado mais selvagem do Douro que corre apertado por entre penhascos. De um lado Portugal, do outro Espanha. Uniram-se os dois para um projecto de cooperação transfronteiriça (Estação Biológica Internacional Douro), com início em Miranda do Douro, que nos leva por paisagens que chegam a ser asfixiantes de tão dramáticas. Este é um daqueles segredos ainda bem guardados que, quando nos deparamos com imagens suas, nos fazem crer que estamos perante um daqueles locais de sonho bem distantes, tipo fiordes da Noruega. Afinal, não. É mesmo em Portugal. Em comum com o Douro Vinhateiro, a calma e o sossego naturais, mas que nos são igualmente impostos para bem da protecção do ecossistema – flora e fauna endémicas, designadamente das espécies raras que aqui nidificam, como é o caso da Águia Real (que não vimos) e do Abutre do Egipto (que não se cansou de sobrevoar as nossas cabeças).





Dois aspectos em comum, porém entre estes dois passeios de barco: a ausência de jovens portugueses. Se no passeio de barco do Douro Vinhateiro encontramos apenas sexagenários aproveitando o convívio de uma excursão de uma qualquer junta de freguesia do país, no passeio de barco do Douro Internacional apenas encontramos espanhóis.
Porquê?