A Bolívia é um país com cerca de 1 milhão de km2, mais de 10 vezes do que o território de Portugal, e cerca de 9 milhões de habitantes (densidade de 8,4 habitantes por km2), 1 milhão menos que Portugal (densidade de 114 habitantes por km2). Segundo o Wikipedia, baseado em dados das Nações Unidas, a Bolívia é o 210º com menos densidade populacional numa lista de 230 países (Portugal ocupa o 87º lugar na dita lista).
Sabidos estes dados à partida, que esperar então de uma visita àquele que é considerado o país mais pobre da América do Sul?
População concentrada nas grandes cidades e interior escassamente povoado?
Também. Mas não tanto como o que vimos. De Sucre – capital constitucional e judicial da Bolívia – a Potosi – a mais populosa cidade do mundo no século XVI e ainda hoje com cerca de 150 mil habitantes – são 164km de “estrada” sem que se passe por qualquer povoação. De Potosi a Uyuni – um ponto importante de ligação de comboio não só para La Paz como também para Argentina e Chile – o que varia é o agravar das péssimas condições da “estrada” nos seus 269Km.
Com uma enorme debandada dos campesinos para La Paz e El Alto e uma falta de investimento público nas acessibilidades, outro cenário não seria de esperar.
Assim, num país longínquo e grande, a maior parte dos nossos 17 dias fora de Portugal foi gasta em viagens, em deslocações quase intermináveis de um lado para o outro. A começar pelas 24 horas de voos e aeroportos da ida e as 24 horas de voos e aeroportos da volta (num itinerário a roçar o absurdo: Lisboa – Madrid – Miami – La Paz – Iquique – Santiago – Madrid – Lisboa). E seguido das 3 horas de Sucre – Potosi; das 8 horas de Potosi – Uyuni; das 11 horas de Uyuni – La Paz; das 3 horas e meia de La Paz – Copacabana; das 3 horas de Copacaba – Puno (Peru); das 8 horas de Puno a La Paz; e, por fim, das 3 horas de Coroico a La Paz; isto sem contar com os muito aceleradores km e horas de jipe pelo salar de Uyuni e Altiplano boliviano.
Ufa!
Até parece que restou pouco tempo para enfrentar o mal da altitude. Mas qual quê. Depois de Sucre, o primeiro destino, a 2790m, foi quase sempre a raiar os 4000m ou até mesmo a excede-los: Potosi a 4070m; seguida de uma pequena descida ao salar de Uyuni a 3653m, mas com os seus arredores pelos 4278m da Laguna Colorada e 4400 da Laguna Verde; Titicaca a 3800m; La Paz a 3660; Chakaltaya a 5395m; até descermos loucamente de bicicleta os 64km que separam La Cumbre (La Paz) de Coroico – de ofegantes 4700m a mansos 1750m de altitude.
Tudo superlativo num país que se gaba de ter o aeroporto mais alto do mundo (El Alto, onde se tem por piada que os aviões, para aterrarem ali, têm de subir), a capital mais alta do mundo (La Paz), a cidade mais alta do mundo (Potosi), o lago navegável comercialmente mais alto do mundo (Titicaca), o salar mais extenso do mundo (Uyuni).
E acrescento, arriscando, tem ainda a maior população indígena, em percentagem, dos países do continente americano.
O que surpreende quanto à cultura da sua população é que aquelas fotografias que nos acostumámos a ver das pessoas vestidas de maneira pitoresca, para os nossos padrões, correspondem mesmo à realidade e não tão poucas vezes assim. As “cholitas” (mulheres que nas grandes cidades mantém os costumes do interior) caminham pelas pequenas e grandes cidades, falando ayamara ou quechua, com as suas saias típicas e chapéus altos, trancinhas a caírem sobre as costas onde carregam às cavalitas um pano colorido que tanto pode trazer os seus haveres ou, mais provavelmente, o seu filho bem acomodadinho.
Nunca uma fotografia terá tido tanto poder na caracterização de uma maioria que nem sempre representa a sociedade boliviana. E, não só por isso, nunca um país que visito estará ainda tão imaculado na sua natureza e alguns costumes e persiste, em grande parte, intocado pelo Homem.
Eis, nos próximos posts, um diário de uma caminhada pela Bolívia, com os Andes sempre por ali.
sábado, setembro 29, 2007
terça-feira, setembro 04, 2007
Costa Vicentina - Sagres
Este é o meu cantinho de eleição em Portugal continental.
Onde…
…vale o esforço de acordar cedo para ver este nascer do sol
…vejo os aficionados do vento a riparem no Martinhal
…há areais sem fim quase só para mim
ainda por cima de uma beleza única
…toda a família pode surfar
seja no Tonel,
na Cordoama,
na Ponta Ruiva
ou no Amado
…posso aproveitar a tranquilidade das águas da Mareta
…à noite como as maravilhas que este senhor pescou
…posso estar no lugar donde saíram os nossos descobridores
…observo as íngremes falésias do Cabo de S. Vicente
…fujo do vento no Beliche
…é fácil ser feliz.
Onde…
…vale o esforço de acordar cedo para ver este nascer do sol
…vejo os aficionados do vento a riparem no Martinhal
…há areais sem fim quase só para mim
ainda por cima de uma beleza única
…toda a família pode surfar
seja no Tonel,
na Cordoama,
na Ponta Ruiva
ou no Amado
…posso aproveitar a tranquilidade das águas da Mareta
…à noite como as maravilhas que este senhor pescou
…posso estar no lugar donde saíram os nossos descobridores
…observo as íngremes falésias do Cabo de S. Vicente
…fujo do vento no Beliche
…é fácil ser feliz.
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Um Banco no Cais
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