O Algarve tem três áreas distintas em termos geográficos. O litoral, o barrocal e a serra. Este post é uma deambulação pelo barrocal algarvio, a área de transição entre o litoral e a serra do Caldeirão.
Esta área, conjuntamente com a serrana, em determinados momentos, dá a sensação que parou no tempo. Se para as gentes locais isso nem sempre é positivo, para os forasteiros é interessante, na medida em que podem observar e sentir uma paisagem próxima da original.
É um pouco indiferente por onde se começa o percurso. O importante mesmo é começar.
Então vamos lá. Paderne é a primeira paragem. Passando a povoação propriamente dita, uns kms mais à frente e depois de algum pó chega-se às ruínas do castelo (classificado como imóvel de interesse público). O castelo, construído em taipa, fica num cabeço rodeado por uma vegetação mediterrânica (oliveiras, figueiras e alfarrobeiras) e pela ribeira da Quarteira - que nem sempre corre devido ao regime de chuvas irregular – sobre a qual passa uma ponte arcaica. Pode-se explorar a área envolvente ao castelo através dos diversos percursos pedestres existentes.
Actualmente o castelo encontra-se num estado muito degradado mas estão a decorrer obras no sentido de melhorar a situação. Apesar disso justifica-se uma visita pois o castelo de Paderne, devido à importância que teve na Conquista, é um dos sete castelos que figuram na bandeira nacional.
O ponto seguinte é Alte, em tempos considerada a aldeia mais algarvia do Algarve. Encanta o emaranhado de ruelas estreitas e o casario tradicional.
Para além de um deambular pelas ruazinhas, merece visita a Fonte Grande e a Fonte Pequena, onde se homenageia o poeta Cândido Guerreiro.
Outra atracção, ao que parece, pois não tive a felicidade de comprovar devido ao inverno seco deste ano, é a queda de água do Pego do Vigário.
Salir é a paragem seguinte. Diz a lenda que quando atacados por D. Paio Peres Correia, os mouros que defendiam a muralha começaram a gritar “Salir! Salir!”, o que em português arcaico significava sair. Ficou o toponímo, assim como alguns vestígios do castelo mouro. Mas o encanto da povoação vem sobretudo da harmonia do conjunto urbano composto pela arquitectura tradicional.
Continuando o périplo encontramos no topo de um monte a aldeia de Querença. Lá bem no alto fica a bela igreja matriz e pela encosta abaixo encontra-se o casario pitoresco.
Nas imediações fica a Fonte da Benémola, uma zona do barrocal algarvio praticamente intacta. Este sítio classificado desenvolve-se ao longo da ribeira de Benémola e caracteriza-se pela paisagem rica e original do barrocal algarvio, que inclui salgueiros e freixos. Lugar muito bonito e agradável para percorrer a pé.
Um pouco fora desta rota mas inserido na área em referência encontra-se o Cerro de S. Miguel. Do alto deste monte com 410 m avista-se uma parte significativa do Algarve. Em frente Olhão e a ilha do Farol. Para oeste a ilha de Faro. Para este a ilha da Armona e ao fundo Tavira e a sua ilha. A noroeste Loulé. Uma vista algarvia tão boa e abrangente como esta só mesmo a que se tem de Fóia, o ponto mais alto do Algarve (902 m), no barlavento algarvio.