A Cow Parade está em Lisboa.
Até ao fim de Agosto é possível tropeçar numa das vacas que estão espalhadas pela cidade.
Umas mais irreverentes ou imaginativas do que outras, mas todas elas obras de arte. Aliás, no site da Cow Parade, este evento é descrito como o maior acontecimento de arte pública do mundo. E acessível a qualquer cidadão que se proponha simplesmente passear pelas ruas da cidade.
Pena é que logo ao fim de alguns dias algumas das vaquinhas tivessem de ser removidas dos seus locais de exposição para o denominado “hospital da cowparade”, para reparação dos seus danos. A avaliar pela quantidade de paizinhos que insistem em colocar as suas criançinhas no lombo das vacas para lhes tirar a fotografia da ordem e pela quantidade de rapagões que insistem em fazer pegas de caras às boas das vacas, também neste hospital em breve haverá listas de espera. Já para não falar das vacas impiedosamente grafitadas ou com mensagens de "amo-te Cátia Vanessa".
Voltando à ideia que está na base deste projecto, que já passou, entre outras, por Nova Iorque, Estocolmo, Londres, Barcelona, Moscovo, Sydney, Tóquio, São Paulo e se encontra, igualmente, em exibição em Buenos Aires e Paris, dizia, a ideia do evento é entregar as vacas em fibra de vidro e tamanho real a artistas que as recriem a seu belo prazer. Após a sua exibição, as vacas serão leiloadas e o valor amealhado reverterá para o projecto MecenatoNet que colocará os fundos à disposição da Acapo, Ami, Apav, Cruz Vermelha, Liga dos Bombeiros e outras entidades de beneficiência.
O meu projecto resume-se a tentar visitar e fotografar todas as 101 vaquinhas em exposição em Lisboa. Nesta empreitada, já perto da sua conclusão, deparei-me com alguns dissabores. Por exemplo, a “Vaquinha Piu Piu”, no Rossio, já tinha sido levada para o hospital, por lhe terem rapinado as galinhas que lhe adornavam o lombo (entretanto já lá voltei e estimei em verificar que já está totalmente recuperada da sua saúde). A “Cowpyright”, no Campo Pequeno, foi sequestrada e, apesar de as investigações do crime terem sido bem sucedidas e a vaca ter aparecido, até à data ainda não foi reposta no seu habitat original. Também no metro do Marquês de Pombal era suposto estar lá a “Wishing Cow – Vaca dos Desejos. Não a vi. À “Electic cow”, nas Amoreiras, faltava-lhe as anteninhas do eléctrico que o ligam aos cabos. Quanto à “Polis”, no Largo do Rato, bem em frente do PS, a polícia terá sido impotente para evitar que lhe partissem a sirene.
Tive, no entanto, mais sorte por ter ido travar conhecimento a tempo com as vaquinhas “Limi the Kid, a comer um queijinho” e “Waca”, presentes no Parque das Nações, “Cândida Charneca, no Marquês de Pombal, e “Vaca Preciosa” na Av. de Roma. Nesta última ainda lhe vi a malinha de madame rasgada e com defeito. Quando virei as costas já os senhores doutores a tinham ido buscar.
As melhoras para todas as enfermas.