quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Bilbao - Pontes

Em Bilbao a Ria de Nervion é omnipresente. Nas suas margens têm surgido algumas das maiores transformações que a cidade vem recebendo, nomeadamente a construção do Guggenheim e todo o arranjo do espaço público ribeirinho de Abandoibarra.
Esta Ria vai cortando a cidade de um ponto ao outro, ela que primitivamente se instalou apenas na sua margem direita onde, por exemplo, se encontra o Casco Viejo. Com o passar dos anos, o desenvolvimento do pueblo obrigou a que este se fosse estendendo para o que hoje conhecemos como a área do Abando, a mais recente, cosmopolita e o principal centro de comércio e negócios nos nossos dias.
Neste processo de expansão natural da cidade havia que vencer a barreira da água. Não seria um trabalho difícil, mesmo na época da fundação da cidade, em 1300, uma vez que a ria não tem mais do que 30 a 50 metros de largura.
Percorramos, então, as pontes de Bilbao.

A primeira ponte com que nos deparamos em Bilbao, num sentido leste-oeste, a caminho do Mar Cantábrico, é a Ponte San Antón, a qual se presume ser anterior à própria fundação da cidade. É igualmente conhecida como “Puente Vieja” dado o seu título de mais antiga e, durante muitos anos, única. É um símbolo da cidade e, a prová-lo, a sua imagem faz parte do escudo de Bilbao. Veio, todavia, a ser reedificada em 1937, após a guerra civil.


Segue-se a Ponte de La Ribera e situa-se bem pertinho do Mercado com o mesmo nome. Esta ponte foi construída em 1939 mas neste mesmo lugar existia anteriormente uma ponte colgante (transportadora) desde 1827 (ainda mais antiga do que a famosíssima que vemos hoje em Portugalete).


A próxima que se avista é a Ponte de La Merced, construída em 1886 e reconstruída em 1938. O nome tomou-o de um Convento que no século XVII existia ali bem perto.


Caminhando, ou melhor, navegando rumo ao centro cívico da cidade chegamos à Ponte del Arenal. Esta ponte foi a terceira a ser construída (depois da de San Antón e da ponte colgante que existia onde hoje se situa a de La Ribera), em 1847. Teve como objectivo maior fazer face ao crescimento de que Bilbao vinha tendo e ligou a cidade velha à República de Abando, não sem os protestos dos habitantes desta última que não concordavam com a anexação do seu território por parte dos bilbainos.


Bem junto à Câmara Municipal temos a ponte com o mesmo nome, a del Ayuntamiento. Foi construída em 1934, e reconstruída em 1940, tendo sido, inicialmente, uma ponte levadiça. A partir de finais dos anos 60, com o fim do tráfego mercantil pela Ria, tornou-se apenas fixa e daquelas que se situam no centro é a mais concorrida no que a trânsito automóvel diz respeito.




A ponte seguinte, no sentido que temos vindo a tomar, é um dos ex libris de Bilbao. Da moderna Bilbao. A Ponte Zubizuri, de 1997, projectada por Santiago Calatrava, é exclusivamente pedonal, ligando o Campo de Volantin ao Paseo de Uribitarte, numa área que oferece a todos nós a possibilidade de caminharmos sem preocupações de maior senão a de contemplar a sua fina arquitectura. Cuidado, no entanto, se estiver a chover e quisermos atravessar a ponte. As quedas costumam ser mais que muitas. Enfim… se os materiais usados não previram aquela possibilidade, a originalidade e estética do seu desenho compensam os tombos, mesmo que estes aconteçam à noite, quando a iluminação da ponte nos proporciona um visual quase perfeito.



Segue-se a Ponte Príncipes de Espanha, mais conhecida como La Salve. Foi construída em 1972 para fazer face ao trânsito que inundava esta parte da cidade. Para além do seu colorido verde, tem ainda como marcas características, a torre elevador amarela do seu lado direito (caso o elevador esteja avariado pode-se subir de escadas até à sua plataforma; o que não se pode é perder a possibilidade de se obter uma vista privilegiada do Guggenheim) e a torre que foi posteriormente construída para o lado contrário no sentido de integrar a ponte com o museu. A este propósito, e aproveitando que o museu cumpre em 2007 10 anos de existência, em Dezembro encontravam-se em exposição no Guggenheim as maquetas de três propostas para intervenção artística nesta Ponte, com o objectivo de valorizar ainda mais toda a envolvente. A proposta vencedora propõe-se recriar o arco da Ponte de Salve, passando a sua cor para um vermelho vivo. Para saber mais sobre o assunto é clicar aqui.


Deixados Calatrava e Frank O. Gehry para trás aparece-nos, em seguida, a Ponte Pedro Arrupe. Procura unir o Passeio de Abandoibarra com a Avenida das Universidades. No que a modernidade diz respeito, estão em boa companhia as obras daqueles dois arquitectos, não se pode negar. A última ponte que Bilbao recebeu, em apenas 2003, foi obra do já falecido engenheiro José António Fernandez Ordoñez, que não foi a tempo de constatar o quão fotogénica a sua obra é, principalmente no que ao seu desenho diz respeito se observado por baixo da ponte, bem ao nível da água.


A próxima é a Ponte Deusto. Construída em 1936, começou por ser móvel e veio possibilitar a expansão da zona de Deusto que, assim deixou de ser quase exclusivamente agrária.


Por fim, a Ponte Euskalduna. Tal como a de Calatrava, foi construída em 1997, e da sua plataforma obtêm-se vistas privilegiadas para o Palácio Euskalduna – centro de congressos – e para a área do porto hoje reconvertida em Museu Marítimo.


Já fora de Bilbao, mas ainda parte da sua área metropolitana, encontramos aquela que é, provavelmente, a mais famosa de todas as pontes que aqui estão presentes. É ela a Ponte Colgante (transportadora) que liga as cidades portuárias de Portugalete e Getxo. Foi construída em 1893, por Alberto Palácio, engenheiro basco discípulo de Gustave Eiffel, o que faz dela a mais antiga ponte transportadora do mundo. Tem ainda o privilégio de constar da lista do Património da Humanidade da Unesco.
Como novidade trouxe a possibilidade dos habitantes das duas cidades poderem atravessar a ria sem que isso perturbasse o tráfego marítimo e sem que fosse necessário construir uma estrutura muito alta. Assim, no que se observa hoje em dia, uma espécie de cabine realiza a travessia, presa por cabos metálicos, com capacidade para transportar cerca de 6 carros e dezenas de passageiros em um minuto e meio, com uma frequência quase ininterrupta. Estimativas recentes de 2002 apontam que em 109 anos de história (até essa data) a dita cabine tenha transportado cerca de 650 milhões de pessoas, numa médio de 6 milhões por ano.
Desde 1999 que existe uma passadeira pedonal a 50 metros de altura que permite a visita de quem queira explorar a engenharia da ponte de mais próximo ou aproveitar a vista aérea das cidades portuárias. Não estivesse o tempo chuvoso e nublado e a conclusão desta história poderia ser outra, mais pormenorizada e entusiástica, certamente.
Não obstante, esta ponte, que tem como nome oficial “Puente Vizcaya”, é sem dúvida um marco de engenharia, bem junto a uma cidade pitoresca como é Portugalete, e não falta nem uma canção que lhe presta homenagem “Puente de Portugalete, tu eres el más elegante, Puente de Portugalete, el mejor Puente Colgante…”