sábado, fevereiro 09, 2008

Into The Wild



Não sou rigorosamente nada virada para buscas interiores, daí que duvidasse um pouco se ia gostar do filme Into The Wild.
Acontece que este filme, baseado numa história real da vida de um rapaz americano que acabou por morrer em viagem aos 24 anos, passa longe de qualquer conceito de busca do eu interior. É antes um constante procurar da (sua) verdade e da felicidade, sem conceitos espirituais a isso associados, longe de hipocrisias familiares ou materiais que dominam a nossa sociedade. Christopher McCandless, o retratado no filme, tentou – e talvez conseguiu – viver a vida que pretendia. Eddie Vedder, o líder dos Pearl Jam que ao longo da sua carreira tem procurado – e talvez conseguido – viver a sua música à parte do sistema imposto pela sociedade foi o escolhido para a banda sonora do filme. Sean Penn, o outro inconformado no meio deste projecto, é o realizador de Into The Wild.
Serve isto para dizer que, sim, senti-me tocada pelo filme, emocionada e comovida com a história de quem procurou seguir o seu caminho, deixando para trás família (pais com quem não tinha uma boa relação, mas irmã que era companheira) e, ao longo das paisagens marcantes por onde ia passando, amigos que foi criando. Sempre sem qualquer peso pela ruptura, de um sentimento que nos habituámos a chamar saudade. Todos à sua volta iam sentindo um aperto no coração pela sua debandada rumo ao objectivo supremo – o Alasca junto aos livros e à natureza – sem que deixassem de o aconselhar a ser mais cauteloso, mais atento aos pais, a, enfim, perdoar e amar.
Depois de 3 solitários meses de dura sobrevivência no Alasca veio a revelação final: “a felicidade só é real quando partilhada”. Mas pelo sorriso na morte de Alexander Super Tramp / Chris podemos concluir que a sua felicidade foi efectivamente partilhada com todos nós.
Para mim, depois de assistir a toda aquela intensidade da natureza americana, a mensagem é viajar. Sejamos novos ou velhos, levantar os nossos rabos e subir a pequena ou a grande montanha, ir ao virar da esquina ou ao Alasca, mas sobretudo mostrar para nós próprios que estamos por cá a fazer algo, sermos felizes nos nossos passos.