À chegada do avião ao Rio, a zuka sentada umas cadeiras atrás de mim, que durante a viagem deu provas de não jogar com o baralho todo, estava mais excitada do que eu e não parava de reclamar palmas para a aterragem brilhante do piloto "xentii, num credito qui ninguém vai batê palma". O mais hilariante foi antes, quando toda a traseira do voo ficou a saber dos contornos da sua relação com um "pilantra, cafajeste, salafrário, mas qui eu amo dimais". Foi nesse preciso momento que realizei que estava prestes a pisar o Rio que tanto me deixou doente de amor nos anos 90. O Rio das novelas, da música do Cazuza, do Lobão, dos Kid Abelha, do Tim Maia. "Ah! Se o mundo inteiro me pudesse ouvir, tenho tanto pra contar".
Mas o Rio já não é o mesmo. O Rio está muito caro.
Mas o Rio ainda é o mesmo. Desde logo, o Rio de Janeiro continua (mesmo) lindo.
E o trânsito continua impossível. O bonde de Santa Teresa continua fechado porque aconteceu lá uma tragédia com mortes. Sempre a segurança, mas agora por questões técnicas e não criminosas.
Na verdade, o Rio está mais seguro. Já se para nos sinais vermelhos à noite e pode andar-se com mochila atrás das costas sem ter a sensação que nos vão perseguir e mexer a qualquer momento. Andar sempre sozinha à vontade foi uma constante durante estes poucos dias de Dezembro de 2011.
Mas o Rio precisa ainda de muitas reformas. Nos acessos para o centro da cidade vindo do aeroporto e um pouco por todo o lado. É impossível continuar a perder-se tantas horas no trânsito. Ainda que o metro pareça servir parte da zona norte mais desfavorecida (que não conheço), os transportes públicos têm de melhorar infinitamente e não parece que as informais combis possam ser parte da solução numa rede séria e organizada.
As atracções turísticas têm preços de primeiro mundo (22 euros para subir ao Pão de Açúcar e 18 para o Corcovado) mas não são acompanhadas de brochuras e informação de qualquer tipo. Aliás, os velhinhos mapas da HStern continuam reis e senhores e, há que dizê-lo com toda a justiça, lindíssimos.
2014 é ano de uns poucos jogos do Mundial de Futebol. 2016 será o ano de um teste sério, os Jogos Olímpicos, onde todos terão de estar mobilizados para que tudo corra à altura. E as estruturas serão o mais importante, porque a segurança deu para ver que tem vindo a ser controlada.
Tudo de bom!