"Quando eu morrer voltarei para buscar os momentos que não vivi junto ao mar."
Sophia de Mello Breyner Andresen
As Idades do Mar, exposição no Museu da Fundação Gulbenkian, começa logo poderosa com uma obra de um naufrágio de Turner e um largada de barcos de um dos pedaços de mar mais cénicos de todo o mundo, a Sereníssima Veneza pintada por Francesco Guardi.
Segue com mais uma série de grandes artistas internacionais, sempre com elementos ligados ao mar, sejam eles tormentas, faina, puras paisagens ou deleite apenas. De anónimos, também, como uma enorme tela de uma tal Batalha de Lepanto pintada no século XVII que eu observava lado a lado com o nada anónimo pretendente ao nosso trono, Dom Duarte, sim senhor.
Muito bem representados estão ainda os grandes pintores portugueses, de Pousão a Menez.
Confesso que esta arte naturalista e impressionista não é a que mais me seduz, mas depois dou de caras com a cor da Chalupa de Amadeu e tudo parece que se ilumina, como um sol a irradiar sobre o mar.
Em seguida, mais um movimento do rosto e já não consigo desviar o olhar por um bom bocado. É Vieira da Silva e a sua História Trágico Marítima, com os passageiros do barco calmamente instalados enquanto observam os amigos todos encaracolados nas ondas, como se tentassem acomodar-se na imensidão do mar.
Como o dia fica mais feliz depois de ter estado com Vieira.
terça-feira, dezembro 18, 2012
sexta-feira, outubro 19, 2012
Corto Maltese em Évora
O meu aventureiro preferido pode ser visto na Fundação Eugénio de Almeida em Évora.
À distância de um curto olhar, ficamo-nos com 51 desenhos do génio criador Hugo Pratt.
E deixamo-nos viajar, pelas paragens distantes que o marinheiro fez suas e pelas personagens que foi encontrando e que adoptou como companheiros.
domingo, outubro 14, 2012
Nadar no Tejo
Ainda não tenho estaleca para me aventurar na distância olimpíca do Triatlo, por isso não acompanhei este cardume no Tejo. Mas fui no cardume anterior, cerca de 300 metros de braçadas e pernadas com o bónus de vir para cá a respirar para a direita e ver a Torre de Belém de outro ângulo. Depois de pedalar e correr e reparar que destrui o meu fato à conta de uma mega-ferida na perna que me vai deixar fora de água por uns bons tempos, juntei-me ao público para tirar umas fotos ao pessoal a quem espero em breve me juntar. Bons treinos o permitam.
Pena
Manhã de sábado
nublado em Lisboa não indicia nada de bom para Sintra, mas com o microclima da
serra nunca se sabe.
Desta vez não houve diferenças no tempo. Olhar para o Palácio da Pena e não vislumbrar mais do que uma ideia das torres do palacete e nem chegar a imaginar as suas cores vivas é um murro no estômago. Mas, viajante que se preza é paciente até nas redondezas da sua casa, e com isso tem a recompensa de ver o sol abrir. Obrigada clima de Sintra.
Desta vez não houve diferenças no tempo. Olhar para o Palácio da Pena e não vislumbrar mais do que uma ideia das torres do palacete e nem chegar a imaginar as suas cores vivas é um murro no estômago. Mas, viajante que se preza é paciente até nas redondezas da sua casa, e com isso tem a recompensa de ver o sol abrir. Obrigada clima de Sintra.
O Palácio da Pena foi mandado recuperar no século XVIII por D. Fernando II, o rei consorte por via do casamento com D. Maria II. Instalado a 500 metros de altitude, no topo da serra de Sintra, o projecto de arquitectura aproveitou parte das ruínas do antigo mosteiro de Jerónimo de Nossa Sra da Pena, e foi buscar inspiração nos palácios da Baviera. É o maior exemplo da arquitectura romântica em Portugal, mas nele convivem alegremente motivos mouriscos, góticos e manuelinos. As torres, e um pouco por ali e aqui, deixe o clima ou não, são cheias de cores e fantasia.
Depois,
encontramos ainda na sua fachada, a par dos brasões da ordem, uns bonitos
azulejos e, abrindo caminho para o Pátio dos Arcos onde se obtém uma vista
fabulosa para o Atlântico, um rosto de Tritão que nos tenta assustar. No meio
de tanta beleza neste castelo de fadas, não o consegue.
A visita ao interior do Palácio começa pela entrada pelos claustros, pequenos e aconchegantes, lindos, numa palavra. Depois vamos percorrendo as salas, sejam as que foram dedicadas ao atelier de D. Carlos, seja o quarto do camareiro, seja o de vestir da rainha (D. Amélia foi a última que por cá passou e utilizava o Palácio como residência de Verão), seja o da sala árabe, ou qualquer um outro com mobiliário e motivos da época.
Para além do
Palácio, o parque e toda a serra que o envolve são também eles uma maravilha
que merece ser percorrida caminhando sem pressas. Infelizmente não foi o caso deste sábado.
Ainda assim, pegámos no carro e demos a volta até ao Chalet da Condessa de
Edla, recentemente recuperado. A condessa suíça, de nome Elise Hensler, cantora
de ópera e mãe solteira, viria a tornar-se a segunda mulher de D. Fernando II e
após a morte deste herdou o Palácio da Pena. Antes, porém, juntos mandaram
construir o dito Chalet e jardim, a 30 minutos a pé da Pena, por entre lagos e
espécies botânicas em abundância. A visita ao interior do Palácio começa pela entrada pelos claustros, pequenos e aconchegantes, lindos, numa palavra. Depois vamos percorrendo as salas, sejam as que foram dedicadas ao atelier de D. Carlos, seja o quarto do camareiro, seja o de vestir da rainha (D. Amélia foi a última que por cá passou e utilizava o Palácio como residência de Verão), seja o da sala árabe, ou qualquer um outro com mobiliário e motivos da época.
A sua localização é estratégica e pretendia D. Fernando com ela um local de maior recato e longe da corte. No entanto, desde os imensos e formosos blocos de granito vizinhos ao Chalet, a Pena fica, majestosa e bela, a uma curta mirada.
O Chalet em si, construído entre 1864 e 1869, teve por modelo os chalets dos Alpes. Em estilo romântico, o edifício é em madeira e utiliza a cortiça como motivos decorativos. O castanho da cortiça e o verde do jardim ficam perfeitos com o amarelado do Chalet, de dois pisos, no qual o interior tem apenas ainda uma sala recuperada – a sala das heras. As obras do Chalet continuam ainda, mas só pelo seu exterior e enquadramento vale uma visita, de preferência conjunta com a Pena.
domingo, setembro 23, 2012
Óbidos
De volta da Golegã, uma paragem em Óbidos para uma ginginha com chocolate e um passeio muralhado à chuva.
Casa Estúdio de Carlos Relvas
Este
passeio já tem uns meses largos (Janeiro), tantos
que na altura era este o Relvas mais famoso do país
(optimismo meu, a bem do património).
O chalet, metade residencial metade estúdio, é um exemplo deslumbrante da arquitectura do ferro oitocentista. A sua construção foi iniciada em 1872 para servir de estúdio e laboratório de fotografia, mas em 1887 viria a ser adaptado a residência após a morte da primeira mulher de Relvas.
Em avançado estado de degradação, nos anos 80 do último século foi doado à Câmara Municipal da Golegã e posteriormente recuperado por esta em parceria com o então IPPAR.
Mas é a sua arquitectura exterior que encanta. Fachada cheia de decorações e bem trabalhada, com espaço para dois bustos de fotógrafos da época, encontramos ainda aqui também umas outras belas escadarias em ferro de acesso ao segundo piso. Aliás, o ferro domina o edifício, num estilo que pode ser caracterizado como neo-manuelino e neo-gótico, com uma arquitectura romântica e revivalista, em muito bom tempo superiormente recuperado.
A Golegã não é só cavalos. É também a lezíria, que não conseguimos ver, tanta era a
chuva e a nebulosidade, boa comida (restaurante Lusitanus, na praça que acolhe a Feira do Cavalo) e o auto denominado "o
segredo mais bem guardado do Ribatejo", o Hotel Lusitano. E, sobretudo, a
Golegã é a terra onde o fotógrafo amador Carlos Relvas
decidiu construir a sua belíssima casa estúdio.
Parte
integrante do nosso património cultural, houve um esforço enorme para recuperar o edifício e seus jardins, que albergam algumas espécies exóticas.O chalet, metade residencial metade estúdio, é um exemplo deslumbrante da arquitectura do ferro oitocentista. A sua construção foi iniciada em 1872 para servir de estúdio e laboratório de fotografia, mas em 1887 viria a ser adaptado a residência após a morte da primeira mulher de Relvas.
Em avançado estado de degradação, nos anos 80 do último século foi doado à Câmara Municipal da Golegã e posteriormente recuperado por esta em parceria com o então IPPAR.
Graças a isso, hoje podemos visitar o conjunto, não só a sua arquitectura exterior,
mas também o seu interior composto por
distinto mobiliário, profusamente decorado com
fotografias, belos tectos, o arquivo fotográfico
e a biblioteca particular do fotógrafo. Para acesso ao piso
superior encontramos uma linda escada em caracol. Neste piso superior fica,
precisamente o estúdio, ainda com equipamento
fotográfico, antigo, claro, e uma
cortina movida por umas roldanas para melhor controle da luz. Este piso é todo em vidro, todo exposto à
luz natural.
Mas é a sua arquitectura exterior que encanta. Fachada cheia de decorações e bem trabalhada, com espaço para dois bustos de fotógrafos da época, encontramos ainda aqui também umas outras belas escadarias em ferro de acesso ao segundo piso. Aliás, o ferro domina o edifício, num estilo que pode ser caracterizado como neo-manuelino e neo-gótico, com uma arquitectura romântica e revivalista, em muito bom tempo superiormente recuperado.
sexta-feira, setembro 21, 2012
Serpentine
Desde o ano 2000 que os maiores arquitectos têm sido convidados a desenhar um pavilhão junto à Serpentine Gallery, uma estrutura temporária para ocupar os meses do verão.
A Serpentine foi construída em 1934 como uma sala de chá e em 1970 redefiniu-se como galeria para exibição de arte moderna e contemporânea. Fica no Hyde Park e leva o nome do maravilhoso lago
que aqui encontramos no meio dos imensos jardins. Por esta altura apresentava
uma exposição de Yoko Ono, para sempre
mulher de John Lennon.
Nunca tinha tido oportunidade
de visitar Londres no verão desde 2000 para cá, logo, nunca tinha dado de caras com um destes pavilhões que já foram desenhados por nomes
como Zaha Hadid, Frank Gehry, Jean Nouvel, Oscar Niemeyer ou os nossos Siza
Vieira e Souto Moura.Até este verão olímpico. Neste ano de 2012 as figuras convidadas foram a dupla de arquitectos suíça Herzog & de Meuron e o artista chinês Ai Weiwei, os quais já tinham colaborado na criação do Estádio Olímpico de Pequim. O espaço, sempre certeiramente integrado com a envolvente, consiste num género de anfiteatro coberto, a que não faltam uns banquinhos em forma de rolha feitos, precisamente, de cortiça. E portuguesa. O pavilhão está construído num plano inferior, dai que quando lá entremos nos sintamos como que encaixados numa concha. Mas aconchegados. O tecto redondo, de uma placa que se torna translúcida com o efeito da água que a ocupa, reflecte as inúmeras arvores que marcam presença no espaço. Aqui, com este tecto / espelho ao nível da nossa cintura, damos connosco a flutuar. Boa introdução aos Pavilhões da Serpentine.
quarta-feira, setembro 05, 2012
Mercado Borough
Nesta ida a Londres visitámos pela primeira vez o Mercado Borough.
Fizémos então cumprir o lema "Food, Glorious Food".
Antes tarde do que nunca.
Reportagem completa no blogue da mana em
http://cantinadossabores.blogspot.pt/2012/08/borough-market.html
Brick Lane
Brick Lane é o nome de uma rua de Shoreditch, ali para os lados do Old
Spitafields Market e da Witechapell Gallery, tudo coisas trendy, mas acaba por
significar muito mais do que isso, dando o nome a uma zona mais extensa.
A antiga indústria de tijolos dominou em tempos esta zona do East End
londrino, dai o "brick", mas foi sobretudo a cervejeira que deixou
marcas até hoje. A Old Truman Brewery,
instalada em finais do século XVII, só na última década do último século é que foi definitivamente
desactivada. Hoje, o amplo edifício é um centro que acolhe uma miscelânea de actividades entre os negócios e o lazer, desde mercados, restaurantes e bares,
workshops, lojas, galerias. Tudo com muita criatividade. Pertinho fica ainda o
Brick Lane Market e a Rough Trade East, uma instituição na música indie.
Apesar de ser um local da
movida londrina, centro de arte, moda, com diversas galerias e clubes
nocturnos, são as casas de curry que
dominam. Esta é a Banglatown, com direito a
Mesquita e tudo. Por isso que aos meus olhos tudo se torna tão pitoresco. Esta gentrificação, esta mescla de culturas de gentes vindas de tantos lados
do mundo diferentes, sim, mas também e sobretudo, uma diversidade
na cultura urbana torna esta zona pujante em termos culturais e sociais.
E, depois, há que não hesitarmos em metermo-nos pelas ruas adentro e descobrir num baldio ou numa fachada de um edifício partido a metade os inúmeros grafitis dos artistas mais famosos do género. Seja o carro bomba de D* Face, seja Bolt por Jimmy C., ou desenhos anónimos a recordar-nos que também vivemos nos anos 80 e até foi bom.
E, depois, há que não hesitarmos em metermo-nos pelas ruas adentro e descobrir num baldio ou numa fachada de um edifício partido a metade os inúmeros grafitis dos artistas mais famosos do género. Seja o carro bomba de D* Face, seja Bolt por Jimmy C., ou desenhos anónimos a recordar-nos que também vivemos nos anos 80 e até foi bom.
Para a próxima já tenho programa: explorar melhor e mais intensamente a zona para descobrir os desenhos de Banksy, que também os há por aqui.
Oh! There's another Wenlock!
Wenlock e Mandeville foram
escolhidas como mascotes para estes Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Londres 2012,
respectivamente. Foram acusadas de pouco carisma por alguns quantos. São, de facto, algo estranhos estes bonecos. De um só olho, têm semelhanças com os Teletubbies, outros bonecos duvidosos. Quanto a
mim, não deixei de trazer para casa
um peluche Wenlock dourado, como a medalha mais desejada pelos atletas.
E o encanto por estes bonecos acaba por se fazer simpático ao passearmos pelas ruas de Londres e ao encontrarmo-los um pouco por cada canto, incluindo, e sobretudo, pelos maiores cartões postais da cidade. Não bastassem, assim, os Wenlocks / Mandevilles à frente do Parlamento ou à frente de um barco de piratas vestidos a rigor, ou a desejar-nos as boas-vindas à beira da Catedral de St Paul's ou da Tate, encontramos ainda um bonequinho vestido da tradicional cabine telefónica londrina ou com motivos alusivos a Charles Dickens, de quem, aliás, se está agora a celebrar o bicentenário do seu nascimento. E mais, muitos mais se encontram espalhados por lá.
sexta-feira, agosto 31, 2012
As Águas Abertas
Para a prova de águas abertas, ou maratona aquática, foi escolhido como palco o Hyde Park. Beleza garantida, assistência idem, ambiente fantástico ibidem. Até o sol ajudou e mostrou que em Londres também pode haver verão.
O tunisino Oussama Mellouli, campeão olímpico nos 1500 livres em Pequim 2008 e medalha de bronze na mesma prova uns dias antes em Londres 2012, só podia ser o favorito. Só podia, não porque nadar em piscina e ser nela campeão olímpico faça alguém favorito para as águas abertas, mas porque dar-se ao trabalho de treinar para duas situações tão distintas merece ter como prémio a vitória. E ele teve-a. O nosso Arsénio lá foi no grupo intermédio, cabelos loiros russos à solta, um dos poucos a nadar sem touca.
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