A Quinta do Mocho é muito mais do que rusgas da polícia às suas ruas e habitações. Uma galeria de arte a céu aberto, por exemplo, com empenas e fachadas pintadas criativamente pelos melhores artistas urbanos.
Situado em Sacavém, concelho de Loures, este bairro é uma urbanização construída na viragem deste século para realojamento da original Quinta do Mocho, um prédio de uns quantos andares nunca terminado que foi ocupado, bem como as suas imediações, por um grande número de pessoas. Hoje, tal como anteriormente, os seus habitantes (cerca de 3500) são na sua maioria africanos e o nome oficial da urbanização é Terraços da Ponte. Este nome é certeiro pois é precisamente de um terraço que se trata, uma parte elevada de terreno donde se espreita o rio Tejo e a sua Ponte Vasco da Gama.
No momento em que escrevo são já 46 as empenas e fachadas intervencionadas e é provável que amanhã e nos dias que se seguirão outras se juntem ao museu. O pretexto começou por ser o Festival o Bairro i o Mundo, finalista do prémio Diversity Advantage Challenge, promovido pelo Conselho da Europa, tendo esta galeria a céu aberto sido dada a conhecer pela primeira vez em Outubro de 2014.
Como um bairro multicultural que é, a iniciativa de se ligar a este prémio é acertada, uma vez que o seu mote prende-se com a demonstração das vantagens da diversidade étnica e cultural. A sua população é maioritariamente jovem e iniciativas como esta - em que participou, por exemplo, Vhils, reconhecido mundialmente como um dos maiores artistas de arte urbana - procuram vencer o preconceito e aumentar a auto-estima dos seus habitantes. A imagem estigmatizada do bairro que tem sido passada até aqui pode e deve ser muito diferente e as suas gentes só têm de se orgulhar do que conquistaram para si e para nós.
Uma curta caminhada pelo bairro, para além da descoberta das pinturas que agora levam a que todos os últimos sábados do mês sejam dia de visita guiada pelos artistas e moradores do bairro, mostra-nos prédios um pouco degradados já, mas muito movimento nas suas ruas, amigos conversando à porta, sons de música sempre a sair das janelas escancaradas. São muitos os cafés, mercearias e lojas que anunciam variadas associações. O edifício da Casa da Cultura de Sacavém fica numa das entradas do bairro.
Como o bairro é maioritariamente habitado por gente vinda dos PALOP, nada como começar esta visita virtual com a fachada dedicada a Amílcar Cabral:
O mocho é quase omnipresente:
As gentes do Bairro:
Um Bairro de causas:
Para mais informações, consultar o site de O Bairro i o Mundo no facebook.