Dusseldorf fica a cerca de 40 km a sul de Colónia. Traduzindo, são 25 míseros minutos de comboio, a não ser que calhe estacionar na linha um regional que vá parando em todas as terras vizinhas, caso em que a viagem sobe para uns 50 minutos.
É a capital do Estado “Nordrhein-Westfalen”, embora talvez quer Colónia quer Bona possam ser internacionalmente mais conhecidas. Parece que a ideia por aqui é dividir as distinções. Colónia ficou com o título de maior cidade da zona e com a maior Catedral da Alemanha, Bona ficou com o lugar de capital – quando a Alemanha Federal foi país – e Dusseldorf ficou com o lugar de capital do Estado.
De todas estas cidades vizinhas, Dusseldorf é aquela em que a modernidade mais tem atacado.
A zona do velho porto à beira Reno sofreu uma recauchutagem absoluta com a reconversão urbanística de que foi (vem sendo) alvo. O MedienHafen, serve hoje de laboratório para os arquitectos darem asas à sua imaginação, um pouco à semelhança, salvo as devidas proporções, quer em área quer em qualidade, de La Defense, em Paris, e do nosso Parque das Nações.
O Neuer Zollhof, de Frank “talvez Parque Mayer” Gehry.
Colorium, de William Alsop, e a invasão de “Flossies”.
Para além da arquitectura, a cidade possui dois museus de alto nível dedicados à arte contemporânea.
O K20, que expõe pinturas do século XX de Picasso, Chagall, Klee, entre outros, bem como de expressionistas alemães, incluindo o meu preferido Kirchner. Igualmente, apresenta exposições temporárias. Provavelmente visitei aqui uma das exposições mais interessantes que alguma vez tive oportunidade. Oportunidade e sorte. Porque é mesmo assim. Por vezes calha visitarmos uma cidade e termos a felicidade de lá estar exposto algo ou em curso um evento que mais nos toca. No K20 continua patente até 25 de Junho uma mostra de maquetes de alguns dos museus do século XXI que se encontram já concluídos ou em construção ou, até, sob projecto ou estudo. Maquetes e projectos para todas as sensibilidades, desde as imperceptíveis até às óbvias. O mais perto que tenho a ver com arquitectura é a vontade de brincar com Legos até hoje, no entanto, gostei muitíssimo de, por exemplo, saber e conhecer a ideia para um museu em Lyon (Musée des Confluences) com o formato de uma brutal nave espacial.
Pouco mais de 1 km a sul fica o K21, como o nome indica dedicado à arte do século XXI, aquela em que vale literalmente tudo e face à qual muitas vezes nos indignamos e questionamos: será isto arte? Tudo é válido, quanto mais não seja para nos rirmos e afirmarmos que também eramos capazes de fazer “aquilo”, só não temos é a distinta lata de expor “aquela coisa”. Como dizia o guia da Lonely Planet: “Espera sentires-te chocado, entretido e provocado”. Assim foi.
O edifício é uma adaptação de uma mansão do século XIX, à beira de um lago e com bastante verde à sua volta. Uma imensa calma no exterior que não deixa adivinhar o que se encontra exposto no interior. O piso inferior, reservado às exposições temporárias, contém umas “escotilhas” que dão directamente para o lago, o qual se encontra precisamente ao nosso nível dando a ideia de que estamos no meio da sua água.
A Altstadt de Dusseldorf, correspondente à “cidade velha”, é composta de ruas pedonais inundadas por lojas da moda. Aqui e ali vêem-se snacks onde se pode comer rapidamente e em pé as tradicionais salchichas cortadas às rodelinhas e acompanhadas com inúmeros molhos e batatas. É uma boa alternativa para uma (1) refeição fugindo das amarras do controlo do colestrol.
Junto à Altstadt, em direcção ao Reno, damos de caras com a Rheinuferpromenade, ponto de encontro para todas as actividades, desde simplesmente passear sem destino aparente ou poisar numa esplanada a beber uma(s) cerveja(s).
Toda esta movida e a vida nocturna intensa por estas bandas fazem com que este lado do Reno, com a sua “promenade” e, principalmente, a Altstadt seja conhecido como “o mais longo bar do mundo”.
Para quem tem outros interesses, que tal dirigir o seu olhar para a outra margem do Reno? Incrível como a poucos metros de toda esta agitação possam pastar idilicamente centenas de ovelhas. A modernidade citadina a um passo da vida do campo.
Ainda na Altstadt e para quem, como eu, não pode viver sem um gelado diariamente, é obrigatória uma ida à gelataria “Pia Eis”. Obrigada uma vez mais ao meu amado guia da Lonely Planet que me permitiu optar pela “Pia” e me lambuzar por apenas 1 euro com um delicioso gelado de 2 bolas. Aqui por estas bandas toda a gente come gelados, chova ou faça sol, sempre mais do que saborosos e a preços mais do que acessíveis. E não falo dos gelados tipo Olá, que parecem deter quase o exclusivo cá no nosso país. Também são bons (quem me tira o SuperMaxi tira-me quase tudo) mas os cones com milhentos sabores à escolha são outra loiça. Sem falar de que nos países de “clima horroroso” não se corre o risco de ouvir a resposta “ainda não estamos na época” à pergunta “tem gelados?”
A visita ao centro de Dusseldorf completa-se com uma passagem rápida pela Konigsalle, Ko (com o trema no “o”) para os amigos, uma avenida com lojas de um lado e do outro das marcas de alta costura, sem piada por ali além. É mais fotogénica do que vista ao vivo e a cores.
Para além do que foi possível visitar num dia de passeio a Dusseldorf, mais haveria para ver e fazer. Como sempre, em qualquer cidade, dure a visita 1 dia ou 1 ano.
Poderia, por exemplo, ter passeado pelos jardins do Hofgarten, que ocupam uma área nada modesta da cidade. E, ainda no que diz respeito a jardins, poderia ter dado um saltinho aos jardins japoneses da cidade, um pouco afastados do centro mas certamente uma novidade em relação a tudo o que possa já ter visto.
E poderia, também, ter subido à Rheinturm, uma torre panorâmica de 180 metros de altura às portas do MedienHafen. Certamente que dali se avista toda a cidade. Certamente que o clima do dia que lá passei não permitiria avistar pouco mais de 1 metro à frente e, assim, a subida ficará para a próxima.
quinta-feira, maio 25, 2006
terça-feira, maio 16, 2006
Manas Aus Bonn
A minha geração habituou-se a ouvir falar de Bona. Nascemos e Bona já era capital da Alemanha Federal há uns anos. Mas não muitos. Tornou-se capital em 1949, após a II Grande Guerra Mundial e as consequentes divisões da Alemanha e Berlim pelos aliados. Nessa altura, foi com surpresa que Bona ganhou a corrida ao posto de “capital provisória”, principalmente a Frankfurt, uma cidade bem maior, quer em termos de habitantes como de projecção internacional e económica. À escolha não terá sido alheio o facto de Konrad Adenauer, então chanceler, ter nascido nos arredores de Bona. O certo é que a pequena cidade, a quem alguns acusavam de provinciana e sem sofisticação para o posto, reinou até 1991 quando na sequência da reunificação alemã um ano antes se decidiu pelo retorno da capital para Berlim.
Bona fica a cerca de 30 km a norte de Colónia, a maior cidade da zona do Reno. De comboio são cerca de 20 minutos. Uma curta jornada, por isso.
A cidade pode ser pequena e pode ter perdido os serviços e ministérios do Estado. Mas pareceu bem acolhedora e com um ritmo agradável pela sua acalmia. Digo pareceu porque lá estive apenas no domingo de Páscoa e debaixo de uma chuva copiosa que, acredito, afastou toda a gente das ruas. Isto no centro. E pela manhã. Nos museus e pela tarde, já sem chuva, a multidão saiu não sei bem de onde. Afinal não serão assim tão poucos os habitantes da cidade. Ou os que existem gostam mesmo de sair das suas casas, ainda que num domingo de Páscoa com um tempo assim não tão convidativo para o passeio.
A Munster Basilika estava a rebentar pelas costuras pela missa da manhã. Uma vez mais, doloroso e ao mesmo tempo gratificante de observar a capacidade do Homem em destruir e prontamente reconstruir os imóveis que são parte da sua urbe. Esta igreja ficou praticamente toda destruída por altura da II GGM e está hoje novamente de pé.
A principal praça da Altstadt de Bona é a Markt, cujo edifício mais simbólico é o Rathaus (o equivalente à câmara municipal), com a sua fachada barroca em tons rosa e com motivos trabalhados em ouro e prata. Faz lembrar uma casa de brincar em ponto grande.
Bona tem uma das maiores universidades da alemanha, acolhendo cerca de 30000 estudantes.
Igualmente, a cultura tem uma representação bem marcada e marcante na cidade. Beethoven nasceu em Bona e por todo o lado se sente a sua presença. Há a sua casa “Beethoven Haus”, um monumento “Beethoven Memorial”, uma escultura em concreto “Beethon” e ainda um centro de congressos e concertos, uma orquestra e um festival, todos com o seu nome, respectivamente “Beethoven Halle”, “Beethoven Orchester Bonn” e Beethovenfest Bonn”.
August Macke, um dos maiores nomes do expressionismo alemão, viveu grande parte da sua curta vida criativa em Bona, até morrer num campo de batalha na I GGM. A sua casa em Bona, que servia igualmente de atelier, foi comprada e restaurada pelo “munícipio” e transformada em Museu. Todavia, para ver as suas pinturas o melhor é visitar o Kunstmuseum Bonn (ainda que tanto o Ludwig, em Colónia, como o K20, em Dusseldorf, também acolham trabalhos de Macke).
Precisamente, o Kunstmuseum Bonn, para além da sua colecção de Macke e de outros expressionistas alemães de ambas as margens do Reno, comporta ainda obras de outros artistas alemães do pós-guerra, bem como exposições temporárias. O seu edifício é também ele uma obra de arte, principalmente pela sua monumental pala e pela luz natural que o seu interior recebe. A arquitectura do edifício é obra de Axel Schultes, cujo projecto foi escolhido ainda Bona era a capital federal, apesar da construção do museu só ter terminado e aberto ao público em 1992.
Para fazer face à perda do estatuto de capital, com a correspondente saída dos serviços da cidade, o governo federal injectou bastante dinheiro para que Bona pudesse continuar a marcar o seu ritmo próprio. Com isso, e para ocupar os edifícios entretanto deixados vagos, Bona tem atraido diversas companhias e organizações internacionais.
É assim que o Bundesviertel tem vindo a ver a sua renovação com a instalação destas recém chegadas entidades, quer alemãs quer internacionais, onde antes tinha lugar a Chancelaria, o Parlamento e a residência oficial do presidente, por exemplo. Nesta zona, também conhecida por “Museumsmeile”, ficam ainda alguns excelentes museus como o já citado Kunst, o Haus der Geschichte der Bundesrepublik Deutschland, sobre a história recente alemã do pós-guerra, e o Museum Koenig, de história natural.
Nas traseiras desta área, e a caminho do Schloss Poppelsdorf com a sua imensa avenida verde de mesmo nome a desembocar na Universidade de Bona, fica um bairro residencial (e onde estão ainda instaladas algumas embaixadas e consulados) que desconheço o nome mas que foi, talvez, o que mais me encantou e marcou na cidade e aquilo que mais recordarei. O bairro em si não tem nada de especial. Talvez por isso. É puramente residencial, com edifícios de 2 ou 3 andares de ambos os lados das estreitas ruas, com lombas imensas para poderem quebrar a velocidade dos carros e, assim, permitirem às crianças desviarem-se com todo o tempo do mundo do caminho, fazendo uma ligeira pausa nos seus jogos. À entrada da frente das casas, nos seus pequenos jardins, várias bicicletas estacionadas, como prova de que aquele é o meio de transporte de eleição por aquelas bandas. Agrada-me a ideia. Cidade plana, bem se vê, o estafado argumento para justificar o porquê de não se ver bicicletas nas ruas de Lisboa. O curioso é que as bicicletas de Bona, ou de Colónia, Dusseldorf, Berlim e, provavelmente, de toda a Alemanha, são bicicletas cujo modelo no nosso país é mais conhecido por “pasteleira”. Aquelas duas rodas mais do que datadas e fora de moda, que apenas se vislumbram nas aldeias. As (poucas) bicicletas de Lisboa não, essas são de marca, Scott, Trek, Kona, Giant ou, mais modestamente, da Decathlon, como a minha. A estas usamo-las para passear e são de “topo”. Os alemães usam-nas para o seu dia-a-dia e são “rascas”, deixam-nas à porta de casa (mal) amarradas a qualquer lado, ao frio e à chuva, mas dão-lhes uso.
Estranha forma de vida esta, a de andar sob duas rodas e a de viver na calmaria, vendo os filhos brincar à porta de casa sem que os carros lhes passem por cima.
Bona fica a cerca de 30 km a norte de Colónia, a maior cidade da zona do Reno. De comboio são cerca de 20 minutos. Uma curta jornada, por isso.
A cidade pode ser pequena e pode ter perdido os serviços e ministérios do Estado. Mas pareceu bem acolhedora e com um ritmo agradável pela sua acalmia. Digo pareceu porque lá estive apenas no domingo de Páscoa e debaixo de uma chuva copiosa que, acredito, afastou toda a gente das ruas. Isto no centro. E pela manhã. Nos museus e pela tarde, já sem chuva, a multidão saiu não sei bem de onde. Afinal não serão assim tão poucos os habitantes da cidade. Ou os que existem gostam mesmo de sair das suas casas, ainda que num domingo de Páscoa com um tempo assim não tão convidativo para o passeio.
A Munster Basilika estava a rebentar pelas costuras pela missa da manhã. Uma vez mais, doloroso e ao mesmo tempo gratificante de observar a capacidade do Homem em destruir e prontamente reconstruir os imóveis que são parte da sua urbe. Esta igreja ficou praticamente toda destruída por altura da II GGM e está hoje novamente de pé.
A principal praça da Altstadt de Bona é a Markt, cujo edifício mais simbólico é o Rathaus (o equivalente à câmara municipal), com a sua fachada barroca em tons rosa e com motivos trabalhados em ouro e prata. Faz lembrar uma casa de brincar em ponto grande.
Bona tem uma das maiores universidades da alemanha, acolhendo cerca de 30000 estudantes.
Igualmente, a cultura tem uma representação bem marcada e marcante na cidade. Beethoven nasceu em Bona e por todo o lado se sente a sua presença. Há a sua casa “Beethoven Haus”, um monumento “Beethoven Memorial”, uma escultura em concreto “Beethon” e ainda um centro de congressos e concertos, uma orquestra e um festival, todos com o seu nome, respectivamente “Beethoven Halle”, “Beethoven Orchester Bonn” e Beethovenfest Bonn”.
August Macke, um dos maiores nomes do expressionismo alemão, viveu grande parte da sua curta vida criativa em Bona, até morrer num campo de batalha na I GGM. A sua casa em Bona, que servia igualmente de atelier, foi comprada e restaurada pelo “munícipio” e transformada em Museu. Todavia, para ver as suas pinturas o melhor é visitar o Kunstmuseum Bonn (ainda que tanto o Ludwig, em Colónia, como o K20, em Dusseldorf, também acolham trabalhos de Macke).
Precisamente, o Kunstmuseum Bonn, para além da sua colecção de Macke e de outros expressionistas alemães de ambas as margens do Reno, comporta ainda obras de outros artistas alemães do pós-guerra, bem como exposições temporárias. O seu edifício é também ele uma obra de arte, principalmente pela sua monumental pala e pela luz natural que o seu interior recebe. A arquitectura do edifício é obra de Axel Schultes, cujo projecto foi escolhido ainda Bona era a capital federal, apesar da construção do museu só ter terminado e aberto ao público em 1992.
Para fazer face à perda do estatuto de capital, com a correspondente saída dos serviços da cidade, o governo federal injectou bastante dinheiro para que Bona pudesse continuar a marcar o seu ritmo próprio. Com isso, e para ocupar os edifícios entretanto deixados vagos, Bona tem atraido diversas companhias e organizações internacionais.
É assim que o Bundesviertel tem vindo a ver a sua renovação com a instalação destas recém chegadas entidades, quer alemãs quer internacionais, onde antes tinha lugar a Chancelaria, o Parlamento e a residência oficial do presidente, por exemplo. Nesta zona, também conhecida por “Museumsmeile”, ficam ainda alguns excelentes museus como o já citado Kunst, o Haus der Geschichte der Bundesrepublik Deutschland, sobre a história recente alemã do pós-guerra, e o Museum Koenig, de história natural.
Nas traseiras desta área, e a caminho do Schloss Poppelsdorf com a sua imensa avenida verde de mesmo nome a desembocar na Universidade de Bona, fica um bairro residencial (e onde estão ainda instaladas algumas embaixadas e consulados) que desconheço o nome mas que foi, talvez, o que mais me encantou e marcou na cidade e aquilo que mais recordarei. O bairro em si não tem nada de especial. Talvez por isso. É puramente residencial, com edifícios de 2 ou 3 andares de ambos os lados das estreitas ruas, com lombas imensas para poderem quebrar a velocidade dos carros e, assim, permitirem às crianças desviarem-se com todo o tempo do mundo do caminho, fazendo uma ligeira pausa nos seus jogos. À entrada da frente das casas, nos seus pequenos jardins, várias bicicletas estacionadas, como prova de que aquele é o meio de transporte de eleição por aquelas bandas. Agrada-me a ideia. Cidade plana, bem se vê, o estafado argumento para justificar o porquê de não se ver bicicletas nas ruas de Lisboa. O curioso é que as bicicletas de Bona, ou de Colónia, Dusseldorf, Berlim e, provavelmente, de toda a Alemanha, são bicicletas cujo modelo no nosso país é mais conhecido por “pasteleira”. Aquelas duas rodas mais do que datadas e fora de moda, que apenas se vislumbram nas aldeias. As (poucas) bicicletas de Lisboa não, essas são de marca, Scott, Trek, Kona, Giant ou, mais modestamente, da Decathlon, como a minha. A estas usamo-las para passear e são de “topo”. Os alemães usam-nas para o seu dia-a-dia e são “rascas”, deixam-nas à porta de casa (mal) amarradas a qualquer lado, ao frio e à chuva, mas dão-lhes uso.
Estranha forma de vida esta, a de andar sob duas rodas e a de viver na calmaria, vendo os filhos brincar à porta de casa sem que os carros lhes passem por cima.
sexta-feira, maio 05, 2006
Manas Aus Koln
Colónia é a 4.ª maior cidade alemã e fica situada na região do Ruhr / Reno, uma das maiores áreas metropolitanas da Europa em termos de população, com cerca de 12 milhões de habitantes.
Colónia fica-se por 1 milhão de habitantes e é a maior cidade do “Nordrhein-Westfalen” (Norte Reno Westfalia), ainda que a capital do Estado seja a vizinha Dusseldorf e a também vizinha Bona tenha sida a escolhida para capital provisória da República Federal Alemã em 1949, no final da II Grande Guerra Mundial.
Colónia desempenha ainda um papel importante na indústria da comunicação social, uma vez que as grandes cadeias de televisão ARD e RTL têm lá a sua sede.
Após o desembarque no aeroporto, partilhado com Bona, não é difícil nem demorado chegar ao centro de Colónia. Existem comboios de hora a hora e a viagem não demora mais do que 15 minutos. O que complicou a coisa foi achar que o primeiro comboio que passasse na linha indicada era aquele a tomar. Sem receios entrámos num comboio bem moderno e confortável. Quando a sra revisora pediu os bilhetes aproveitei para, confiante, mandar um “gutten tag, ihr sind die karte”, esticando a mão. O pior foi depois, perdemos ambas a vontade de falar em alemão e passámos rapidamente para um idioma mais favorável à prevaricadora. Pelo que entendi da explicação, aquele era um comboio de alta velocidade que ligava as grandes cidades alemãs, bem como Amesterdão. Como não tinha nenhuma paragem antes de Colónia e a sra revisora nos perdoou a reposição do dinheiro correspondente àquele bilhete (de 2,20 passaria para 14 euros), seguimos a viagem confortavelmente. Os alemães são brutos, é? Implacáveis, é? Arrogantes e mal educados, é? Então a sra revisora devia ser imigrante.
A estação de comboios de Colónia não poderia ficar mais no centro da cidade e, com isso, melhor localizada. Saindo das suas portas ergue-se imediatamente a Catedral de Colónia, o seu maior símbolo e aquele que nos permite identificar a cidade pelo mundo. A Catedral e o rio Reno. Ou melhor, os dois ao mesmo tempo com a ponte Hohenzollern a piscar-lhes o olho para a fotografia.
A ponte liga as duas margens do Reno e não tem mais do que 200, 300 metros. É obrigatório caminhar por ela, de dia e de noite, para que se possa ficar com uma boa perspectiva da brutal Catedral às margens do rio. Igualmente, é possível, se as pernas e o corpo aguentarem, subir os 500 degraus da torre da Catedral.
Lá do topo observa-se toda a cidade velha bem debaixo dos nossos pés. Estas vistas de pássaro costumam ser imperdíveis e aqui, mais uma vez, não desiludem e vê-se tudo aquilo que a nossa vista – e o clima – nos permitem alcançar. No caso específico de Colónia, interrogamo-nos como foi possível a destruição de grande parte do que vemos agora lá em baixo, por altura da II Grande Guerra Mundial, em que tudo ficou reduzido a escombros. E interrogamo-nos ainda mais, como foi possível a Catedral ter escapado, apenas com uns arranhões, aos bombardeamentos.
A Catedral de Colónia (em alemão: Kolner Dom ou, oficialmente, Hohe Domkirche St. Peter und Maria), em estilo gótico, começou a ser construída em 1248 e as suas obras apenas terminaram em 1880. Nessa época era o edifício mais alto do mundo, com as suas duas torres a atingirem os 157 metros. Tem ainda 144 metros de comprimento e 86 metros de largura. Medidas bem formosas no que toca a monumentalidade. Pena é a que as suas fachadas estejam tão escuras, cortesia dos anos de poluição. O monumento está inscrito desde 1996 na lista do Património Mundial da Unesco, mas em 2004 foi colocado noutra lista, cuja distinção ninguém deseja, a dos Bens Patrimoniais em Risco, devido aos edifícios que vêem crescendo na sua envolvente e o impacto (negativo) que produzem na Catedral.
A cidade velha, “Altstadt”, mas tão tão velha assim, dada a reconstrução a que foi obrigada após a II Guerra, percorre-se num instante, com poucas ruinhas com imensos restaurantes para turistas comerem. Mais pitoresco é o Fisch-markt, com as suas casinhas coloridas. O melhor desta zona da cidade é a possibilidade que oferece de se passear à beira do Reno.
Pelo que deu para entender, a cidade que os habitantes de Colónia vivem estende-se para oeste da Catedral, com ruas comerciais estritamente pedonais, até se chegar ao “Quarteirão Belga”. Aqui, sim, vive-se um ambiente de bairro e pode-se jantar em restaurantes acolhedores e modernos, sem o ar de constante pub da cidade velha.
Por mais voltas que se dê em Colónia sempre se vai ter à praça da Catedral, a Roncalli. Vindos da estação de comboios ou a caminho do Museu Romano-Germânico ou do Museu Ludwig. Com o primeiro, mesmo que não se o visite, fica-se com uma imagem da presença dos romanos pelas margens do rio Reno, pois existem esculturas à volta do museu e o seu lobby, também com esculturas e artefactos, é visível do exterior através de um vidro.
Já o Museu Ludwig é um dos mais importantes no que diz respeito à arte pós-moderna, com uma excelente colecção de pop-art. Possui ainda uma boa colecção do expressionismo alemão e a maior colecção de obras russas de Avant-Garde fora da Rússia. E mais uma vez ficou a prova: Picasso, ainda que tenha vivido muitas décadas, não parava de produzir. Está, igualmente, muito bem representado no Ludwig de Colónia.
Em Abril o museu acolhia uma exposição temporária de Salvador Dali, intitulada “La Gare de Perpignan”, a qual levou magotes a visitarem as obras do surrealista aí expostas. Igualmente, bastante interessante a exposição, também temporária, de fotografia de alguns dos indivíduos mais fotografados do mundo – James Dean, Elvis, JFK, Marlyn Monroe, Marlene Dietrich e ... Adolf Hitler. Os alemães já vão ousando falar, escrever, filmar e expôr o seu ditador. Nada mau para quem em 1998, em plena Sachsenhausen, perto de Oranienburg, arredores de Berlim, não sabia indicar onde ficava a zona que tinha sido usada para campo de concentração.
O edifício onde está instalado o Ludwig foi concluído em 1986 e encontra-se espremido entre a Catedral, a estação de comboios (e a sua linha) e o Reno. O desenho do seu telhado, em zinco metálico, é ondulante, como melhor se observa do topo da Catedral.
De um fim de semana da Páscoa, com feriados e mais feriados, não se poderia esperar mais do lojas fechadas. O objectivo não eram as compras, mas não restou outra solução se não deambular pelas ruas. Felizmente, e mesmo assim sendo, as ruas estavam cheias de movimento, com as pessoas a andarem de um lado para o outro sem destino aparente ou, antes, com o único objectivo de passear. Melhor assim, não há nada mais desagradável do que visitar uma cidade que nos é estranha e não ver ninguém nas ruas, não nos apercebermos da sua vida, das suas rotinas.
Morrer de tédio em Colónia ninguém o fará. Se não se entra nas lojas nem se passeia junto ao Reno, então existem ainda mais museus a visitar para além dos já citados.
Um deles bastante curioso: o Museu do Chocolate. Na sua loja vende-se todo o tipo de chocolates como pãezinhos quentes. Um sucesso entre as famílias. Ao lado deste, fica o Museu do Desporto Alemão e Museu Olímpico. Quem gosta de desporto não o deverá perder, até porque não encontrará muitos exemplos do género.
Por último, ainda que mais existam, uma referência para o Museu Wallraf-Richartz, o qual não visitámos. A sua colecção, que abrange arte do século XIII ao século XIX, com diversos Rubens e Rembrandts, mudou-se recentemente para um edifício com uma interessante arquitectura, especialmente construído para o efeito.
Em resumo, se for a Colónia vá avisado: depois de picar o ponto na obrigatória Catedral, mesmo que seja esquisito não pode fugir aos seus museus, pois há os de todos os géneros e para todos os gostos.
Colónia fica-se por 1 milhão de habitantes e é a maior cidade do “Nordrhein-Westfalen” (Norte Reno Westfalia), ainda que a capital do Estado seja a vizinha Dusseldorf e a também vizinha Bona tenha sida a escolhida para capital provisória da República Federal Alemã em 1949, no final da II Grande Guerra Mundial.
Colónia desempenha ainda um papel importante na indústria da comunicação social, uma vez que as grandes cadeias de televisão ARD e RTL têm lá a sua sede.
Após o desembarque no aeroporto, partilhado com Bona, não é difícil nem demorado chegar ao centro de Colónia. Existem comboios de hora a hora e a viagem não demora mais do que 15 minutos. O que complicou a coisa foi achar que o primeiro comboio que passasse na linha indicada era aquele a tomar. Sem receios entrámos num comboio bem moderno e confortável. Quando a sra revisora pediu os bilhetes aproveitei para, confiante, mandar um “gutten tag, ihr sind die karte”, esticando a mão. O pior foi depois, perdemos ambas a vontade de falar em alemão e passámos rapidamente para um idioma mais favorável à prevaricadora. Pelo que entendi da explicação, aquele era um comboio de alta velocidade que ligava as grandes cidades alemãs, bem como Amesterdão. Como não tinha nenhuma paragem antes de Colónia e a sra revisora nos perdoou a reposição do dinheiro correspondente àquele bilhete (de 2,20 passaria para 14 euros), seguimos a viagem confortavelmente. Os alemães são brutos, é? Implacáveis, é? Arrogantes e mal educados, é? Então a sra revisora devia ser imigrante.
A estação de comboios de Colónia não poderia ficar mais no centro da cidade e, com isso, melhor localizada. Saindo das suas portas ergue-se imediatamente a Catedral de Colónia, o seu maior símbolo e aquele que nos permite identificar a cidade pelo mundo. A Catedral e o rio Reno. Ou melhor, os dois ao mesmo tempo com a ponte Hohenzollern a piscar-lhes o olho para a fotografia.
A ponte liga as duas margens do Reno e não tem mais do que 200, 300 metros. É obrigatório caminhar por ela, de dia e de noite, para que se possa ficar com uma boa perspectiva da brutal Catedral às margens do rio. Igualmente, é possível, se as pernas e o corpo aguentarem, subir os 500 degraus da torre da Catedral.
Lá do topo observa-se toda a cidade velha bem debaixo dos nossos pés. Estas vistas de pássaro costumam ser imperdíveis e aqui, mais uma vez, não desiludem e vê-se tudo aquilo que a nossa vista – e o clima – nos permitem alcançar. No caso específico de Colónia, interrogamo-nos como foi possível a destruição de grande parte do que vemos agora lá em baixo, por altura da II Grande Guerra Mundial, em que tudo ficou reduzido a escombros. E interrogamo-nos ainda mais, como foi possível a Catedral ter escapado, apenas com uns arranhões, aos bombardeamentos.
A Catedral de Colónia (em alemão: Kolner Dom ou, oficialmente, Hohe Domkirche St. Peter und Maria), em estilo gótico, começou a ser construída em 1248 e as suas obras apenas terminaram em 1880. Nessa época era o edifício mais alto do mundo, com as suas duas torres a atingirem os 157 metros. Tem ainda 144 metros de comprimento e 86 metros de largura. Medidas bem formosas no que toca a monumentalidade. Pena é a que as suas fachadas estejam tão escuras, cortesia dos anos de poluição. O monumento está inscrito desde 1996 na lista do Património Mundial da Unesco, mas em 2004 foi colocado noutra lista, cuja distinção ninguém deseja, a dos Bens Patrimoniais em Risco, devido aos edifícios que vêem crescendo na sua envolvente e o impacto (negativo) que produzem na Catedral.
A cidade velha, “Altstadt”, mas tão tão velha assim, dada a reconstrução a que foi obrigada após a II Guerra, percorre-se num instante, com poucas ruinhas com imensos restaurantes para turistas comerem. Mais pitoresco é o Fisch-markt, com as suas casinhas coloridas. O melhor desta zona da cidade é a possibilidade que oferece de se passear à beira do Reno.
Pelo que deu para entender, a cidade que os habitantes de Colónia vivem estende-se para oeste da Catedral, com ruas comerciais estritamente pedonais, até se chegar ao “Quarteirão Belga”. Aqui, sim, vive-se um ambiente de bairro e pode-se jantar em restaurantes acolhedores e modernos, sem o ar de constante pub da cidade velha.
Por mais voltas que se dê em Colónia sempre se vai ter à praça da Catedral, a Roncalli. Vindos da estação de comboios ou a caminho do Museu Romano-Germânico ou do Museu Ludwig. Com o primeiro, mesmo que não se o visite, fica-se com uma imagem da presença dos romanos pelas margens do rio Reno, pois existem esculturas à volta do museu e o seu lobby, também com esculturas e artefactos, é visível do exterior através de um vidro.
Já o Museu Ludwig é um dos mais importantes no que diz respeito à arte pós-moderna, com uma excelente colecção de pop-art. Possui ainda uma boa colecção do expressionismo alemão e a maior colecção de obras russas de Avant-Garde fora da Rússia. E mais uma vez ficou a prova: Picasso, ainda que tenha vivido muitas décadas, não parava de produzir. Está, igualmente, muito bem representado no Ludwig de Colónia.
Em Abril o museu acolhia uma exposição temporária de Salvador Dali, intitulada “La Gare de Perpignan”, a qual levou magotes a visitarem as obras do surrealista aí expostas. Igualmente, bastante interessante a exposição, também temporária, de fotografia de alguns dos indivíduos mais fotografados do mundo – James Dean, Elvis, JFK, Marlyn Monroe, Marlene Dietrich e ... Adolf Hitler. Os alemães já vão ousando falar, escrever, filmar e expôr o seu ditador. Nada mau para quem em 1998, em plena Sachsenhausen, perto de Oranienburg, arredores de Berlim, não sabia indicar onde ficava a zona que tinha sido usada para campo de concentração.
O edifício onde está instalado o Ludwig foi concluído em 1986 e encontra-se espremido entre a Catedral, a estação de comboios (e a sua linha) e o Reno. O desenho do seu telhado, em zinco metálico, é ondulante, como melhor se observa do topo da Catedral.
De um fim de semana da Páscoa, com feriados e mais feriados, não se poderia esperar mais do lojas fechadas. O objectivo não eram as compras, mas não restou outra solução se não deambular pelas ruas. Felizmente, e mesmo assim sendo, as ruas estavam cheias de movimento, com as pessoas a andarem de um lado para o outro sem destino aparente ou, antes, com o único objectivo de passear. Melhor assim, não há nada mais desagradável do que visitar uma cidade que nos é estranha e não ver ninguém nas ruas, não nos apercebermos da sua vida, das suas rotinas.
Morrer de tédio em Colónia ninguém o fará. Se não se entra nas lojas nem se passeia junto ao Reno, então existem ainda mais museus a visitar para além dos já citados.
Um deles bastante curioso: o Museu do Chocolate. Na sua loja vende-se todo o tipo de chocolates como pãezinhos quentes. Um sucesso entre as famílias. Ao lado deste, fica o Museu do Desporto Alemão e Museu Olímpico. Quem gosta de desporto não o deverá perder, até porque não encontrará muitos exemplos do género.
Por último, ainda que mais existam, uma referência para o Museu Wallraf-Richartz, o qual não visitámos. A sua colecção, que abrange arte do século XIII ao século XIX, com diversos Rubens e Rembrandts, mudou-se recentemente para um edifício com uma interessante arquitectura, especialmente construído para o efeito.
Em resumo, se for a Colónia vá avisado: depois de picar o ponto na obrigatória Catedral, mesmo que seja esquisito não pode fugir aos seus museus, pois há os de todos os géneros e para todos os gostos.
Manas Aus Deutschland
A ideia era ir até à Alemanha por altura do mundial de futebol, ver um ou dois jogos, escolher uma ou duas cidades. A Fifa recusou-nos o bilhete no sorteio que realizou e, por isso, a visita à Alemanha foi antecipada para o fim de semana da Páscoa.
A escolha da cidade de destino teve que ver, sobretudo, com o preço da viagem de avião. A Alemanha é, provavelmente, o país para onde existem actualmente mais ofertas de voos, quer pela Tap quer por companhias “low cost”.
Berlim já era nossa conhecida, ainda que numa cidade destas fique sempre muito (tudo?) por conhecer. Para mais, estivemos lá em 1998, altura em que nem o Reichstag estava ainda remodelado, e desde aí muita reconversão a um ritmo frenético sofreu a capital, talvez uma das que mais mudou de cara em menos de uma década (Potsdamer Platz e Museu Judaico parecem ser bons exemplos para se querer voltar lá em breve). Aliás, a ida a Berlim serviu para contrariar a ideia que tinha da Alemanha e dos alemães em geral. Ideia feita que, infelizmente, muitos de nós não conseguimos contrariar. O passado persegue e é mais forte do que a vontade de esquecer e de seguir em frente. No entanto, e tirando o facto de muitos não falarem inglês e o meu alemão ser francamente rudimentar, tenho boas recordações dos deutsches.
Para o retorno à Alemanha, a primeira escolha tinha recaido sobre Munique ou Frankfurt. A Tap voa para ambas.
Todavia, a escolha final viria a ser Colónia, destino mais em conta em termos de passagem aérea (German Wings) e, na realidade, aquele que estava programado a princípio com a desculpa de assistir à estreia de Portugal e Angola no mundial de futebol, não fosse a dona Fifa ter trocado as voltas àquela intenção.
Ou seja, Munique, Frankfurt, Estugarda, Hamburgo, Dresden e, claro, Berlim, ficarão para uma(s) próximas(s).
A escolha da cidade de destino teve que ver, sobretudo, com o preço da viagem de avião. A Alemanha é, provavelmente, o país para onde existem actualmente mais ofertas de voos, quer pela Tap quer por companhias “low cost”.
Berlim já era nossa conhecida, ainda que numa cidade destas fique sempre muito (tudo?) por conhecer. Para mais, estivemos lá em 1998, altura em que nem o Reichstag estava ainda remodelado, e desde aí muita reconversão a um ritmo frenético sofreu a capital, talvez uma das que mais mudou de cara em menos de uma década (Potsdamer Platz e Museu Judaico parecem ser bons exemplos para se querer voltar lá em breve). Aliás, a ida a Berlim serviu para contrariar a ideia que tinha da Alemanha e dos alemães em geral. Ideia feita que, infelizmente, muitos de nós não conseguimos contrariar. O passado persegue e é mais forte do que a vontade de esquecer e de seguir em frente. No entanto, e tirando o facto de muitos não falarem inglês e o meu alemão ser francamente rudimentar, tenho boas recordações dos deutsches.
Para o retorno à Alemanha, a primeira escolha tinha recaido sobre Munique ou Frankfurt. A Tap voa para ambas.
Todavia, a escolha final viria a ser Colónia, destino mais em conta em termos de passagem aérea (German Wings) e, na realidade, aquele que estava programado a princípio com a desculpa de assistir à estreia de Portugal e Angola no mundial de futebol, não fosse a dona Fifa ter trocado as voltas àquela intenção.
Ou seja, Munique, Frankfurt, Estugarda, Hamburgo, Dresden e, claro, Berlim, ficarão para uma(s) próximas(s).
quarta-feira, maio 03, 2006
Kings of Bergen em Lisboa
Os Kings of Convenience são uma daquelas bandas não mainstream que fazem um surpreendente sucesso em Portugal. Como Lloyd Cole, Tinderticks e outros dedicados às músicas melódicas.
Sábado encheram por completo a Aula Magna, em Lisboa.
Erlend, um dos elementos do duo, já era sobejamente conhecido por ser um animador nato, seja nas músicas mais suaves dos KOC, seja a solo com músicas mais viradas para a electrónica ou mesmo como DJ.
Eirik, mais sério, contrabalança o ruivo com ar de nerd estouvado. Tão sério, tão sério, que arriscou cantar “Corcovado” de Tom Jobim num português praticamente impecável, mesmo se a pronúncia de algumas palavras da letra tenham arrancado risotas do imenso público presente.
A banda vem de Bergen, Noruega. E Erlend contou-nos nessa noite que há uns anos atrás esteve no Lux e passeou bem juntinho ao rio. Esta semana voltou a jantar para os lados da Bica do Sapato e deu de caras com o mesmo que já tinha visto em Bergen: a vedação que impede os cidadãos de usufruirem em pleno o espaço junto ao rio. Rio Tejo em Lisboa, Oceano Atlântico em Bergen. Hoje apenas se espreita o rio ou o mar.
Em ambas as cidades a água tem um presença fortíssima.
Em Bergen, como se não bastasse a água dos fiordes que entra pela terra a dentro, existe ainda um enorme lago (artificial?) bem no centro da cidade.
Em Lisboa os desejos de todos os alfacinhas de verem na cidade uma maior comunhão com o Tejo, que não exclusiva da zona do Parque das Nações, não tem vindo a tornar-se realidade. Pelo contrário, às intervenções prometidas, se vierem mesmo a ser concretizadas, esperam-nos décadas de estaleiros de obra, à semelhança do que acontece no Terreiro do Paço.
Porque temos de nos sentar à beira-rio com uma rede a separar-nos fisicamente e esteticamente do que deveria ser nosso por inteiro?
Regras da UE, que não olha a nomes nem às especificidades dos locais, seja Portugal ou Noruega, ou qualquer um outro que não tenha relação com a água.
Assino por baixo o que o norueguês dos KOC afirmou: É um crime. Roubaram-nos os locais onde nos costumavamos apaixonar.
Subscrever:
Mensagens (Atom)