Colónia é a 4.ª maior cidade alemã e fica situada na região do Ruhr / Reno, uma das maiores áreas metropolitanas da Europa em termos de população, com cerca de 12 milhões de habitantes.
Colónia fica-se por 1 milhão de habitantes e é a maior cidade do “Nordrhein-Westfalen” (Norte Reno Westfalia), ainda que a capital do Estado seja a vizinha Dusseldorf e a também vizinha Bona tenha sida a escolhida para capital provisória da República Federal Alemã em 1949, no final da II Grande Guerra Mundial.
Colónia desempenha ainda um papel importante na indústria da comunicação social, uma vez que as grandes cadeias de televisão ARD e RTL têm lá a sua sede.
Após o desembarque no aeroporto, partilhado com Bona, não é difícil nem demorado chegar ao centro de Colónia. Existem comboios de hora a hora e a viagem não demora mais do que 15 minutos. O que complicou a coisa foi achar que o primeiro comboio que passasse na linha indicada era aquele a tomar. Sem receios entrámos num comboio bem moderno e confortável. Quando a sra revisora pediu os bilhetes aproveitei para, confiante, mandar um “gutten tag, ihr sind die karte”, esticando a mão. O pior foi depois, perdemos ambas a vontade de falar em alemão e passámos rapidamente para um idioma mais favorável à prevaricadora. Pelo que entendi da explicação, aquele era um comboio de alta velocidade que ligava as grandes cidades alemãs, bem como Amesterdão. Como não tinha nenhuma paragem antes de Colónia e a sra revisora nos perdoou a reposição do dinheiro correspondente àquele bilhete (de 2,20 passaria para 14 euros), seguimos a viagem confortavelmente. Os alemães são brutos, é? Implacáveis, é? Arrogantes e mal educados, é? Então a sra revisora devia ser imigrante.
A estação de comboios de Colónia não poderia ficar mais no centro da cidade e, com isso, melhor localizada. Saindo das suas portas ergue-se imediatamente a Catedral de Colónia, o seu maior símbolo e aquele que nos permite identificar a cidade pelo mundo. A Catedral e o rio Reno. Ou melhor, os dois ao mesmo tempo com a ponte Hohenzollern a piscar-lhes o olho para a fotografia.
A ponte liga as duas margens do Reno e não tem mais do que 200, 300 metros. É obrigatório caminhar por ela, de dia e de noite, para que se possa ficar com uma boa perspectiva da brutal Catedral às margens do rio. Igualmente, é possível, se as pernas e o corpo aguentarem, subir os 500 degraus da torre da Catedral.
Lá do topo observa-se toda a cidade velha bem debaixo dos nossos pés. Estas vistas de pássaro costumam ser imperdíveis e aqui, mais uma vez, não desiludem e vê-se tudo aquilo que a nossa vista – e o clima – nos permitem alcançar. No caso específico de Colónia, interrogamo-nos como foi possível a destruição de grande parte do que vemos agora lá em baixo, por altura da II Grande Guerra Mundial, em que tudo ficou reduzido a escombros. E interrogamo-nos ainda mais, como foi possível a Catedral ter escapado, apenas com uns arranhões, aos bombardeamentos.
A Catedral de Colónia (em alemão: Kolner Dom ou, oficialmente, Hohe Domkirche St. Peter und Maria), em estilo gótico, começou a ser construída em 1248 e as suas obras apenas terminaram em 1880. Nessa época era o edifício mais alto do mundo, com as suas duas torres a atingirem os 157 metros. Tem ainda 144 metros de comprimento e 86 metros de largura. Medidas bem formosas no que toca a monumentalidade. Pena é a que as suas fachadas estejam tão escuras, cortesia dos anos de poluição. O monumento está inscrito desde 1996 na lista do Património Mundial da Unesco, mas em 2004 foi colocado noutra lista, cuja distinção ninguém deseja, a dos Bens Patrimoniais em Risco, devido aos edifícios que vêem crescendo na sua envolvente e o impacto (negativo) que produzem na Catedral.
A cidade velha, “Altstadt”, mas tão tão velha assim, dada a reconstrução a que foi obrigada após a II Guerra, percorre-se num instante, com poucas ruinhas com imensos restaurantes para turistas comerem. Mais pitoresco é o Fisch-markt, com as suas casinhas coloridas. O melhor desta zona da cidade é a possibilidade que oferece de se passear à beira do Reno.
Pelo que deu para entender, a cidade que os habitantes de Colónia vivem estende-se para oeste da Catedral, com ruas comerciais estritamente pedonais, até se chegar ao “Quarteirão Belga”. Aqui, sim, vive-se um ambiente de bairro e pode-se jantar em restaurantes acolhedores e modernos, sem o ar de constante pub da cidade velha.
Por mais voltas que se dê em Colónia sempre se vai ter à praça da Catedral, a Roncalli. Vindos da estação de comboios ou a caminho do Museu Romano-Germânico ou do Museu Ludwig. Com o primeiro, mesmo que não se o visite, fica-se com uma imagem da presença dos romanos pelas margens do rio Reno, pois existem esculturas à volta do museu e o seu lobby, também com esculturas e artefactos, é visível do exterior através de um vidro.
Já o Museu Ludwig é um dos mais importantes no que diz respeito à arte pós-moderna, com uma excelente colecção de pop-art. Possui ainda uma boa colecção do expressionismo alemão e a maior colecção de obras russas de Avant-Garde fora da Rússia. E mais uma vez ficou a prova: Picasso, ainda que tenha vivido muitas décadas, não parava de produzir. Está, igualmente, muito bem representado no Ludwig de Colónia.
Em Abril o museu acolhia uma exposição temporária de Salvador Dali, intitulada “La Gare de Perpignan”, a qual levou magotes a visitarem as obras do surrealista aí expostas. Igualmente, bastante interessante a exposição, também temporária, de fotografia de alguns dos indivíduos mais fotografados do mundo – James Dean, Elvis, JFK, Marlyn Monroe, Marlene Dietrich e ... Adolf Hitler. Os alemães já vão ousando falar, escrever, filmar e expôr o seu ditador. Nada mau para quem em 1998, em plena Sachsenhausen, perto de Oranienburg, arredores de Berlim, não sabia indicar onde ficava a zona que tinha sido usada para campo de concentração.
O edifício onde está instalado o Ludwig foi concluído em 1986 e encontra-se espremido entre a Catedral, a estação de comboios (e a sua linha) e o Reno. O desenho do seu telhado, em zinco metálico, é ondulante, como melhor se observa do topo da Catedral.
De um fim de semana da Páscoa, com feriados e mais feriados, não se poderia esperar mais do lojas fechadas. O objectivo não eram as compras, mas não restou outra solução se não deambular pelas ruas. Felizmente, e mesmo assim sendo, as ruas estavam cheias de movimento, com as pessoas a andarem de um lado para o outro sem destino aparente ou, antes, com o único objectivo de passear. Melhor assim, não há nada mais desagradável do que visitar uma cidade que nos é estranha e não ver ninguém nas ruas, não nos apercebermos da sua vida, das suas rotinas.
Morrer de tédio em Colónia ninguém o fará. Se não se entra nas lojas nem se passeia junto ao Reno, então existem ainda mais museus a visitar para além dos já citados.
Um deles bastante curioso: o Museu do Chocolate. Na sua loja vende-se todo o tipo de chocolates como pãezinhos quentes. Um sucesso entre as famílias. Ao lado deste, fica o Museu do Desporto Alemão e Museu Olímpico. Quem gosta de desporto não o deverá perder, até porque não encontrará muitos exemplos do género.
Por último, ainda que mais existam, uma referência para o Museu Wallraf-Richartz, o qual não visitámos. A sua colecção, que abrange arte do século XIII ao século XIX, com diversos Rubens e Rembrandts, mudou-se recentemente para um edifício com uma interessante arquitectura, especialmente construído para o efeito.
Em resumo, se for a Colónia vá avisado: depois de picar o ponto na obrigatória Catedral, mesmo que seja esquisito não pode fugir aos seus museus, pois há os de todos os géneros e para todos os gostos.