Quantas vezes os lisboetas e quem visita Lisboa passaram pelo Aqueduto das Águas Livres e ficaram deslumbrados? Falando por mim e generalizando pelos outros, muitas. Pois é, sempre que passava pelo Vale de Alcantâra (quase diariamente) pensava “hei-de subir e passear lá por cima”. Demorei mas cumpri.
No meu imaginário estava não só a imponência e monumentalidade do Aqueduto, que faz dele um "ex-libris" de Lisboa, mas também a história, contada em tempos pela minha professora de História, de um homem que se escondia no aqueduto e quando as pessoas iam a passar, roubava-as e deitava-as cá para baixo. Como esse homem acabou por ser enforcado depois de se perceber que não havia uma onda de suicídios mas sim uma de homicídios, lá fui eu descansadamente percorrer a parte mais imponente e visível do aqueduto, aquela que atravessa o Vale de Alcantâra e é composta por 35 arcos, o maior dos quais com 65 metros de altura e 29 de largura.
Este troço, que liga a colina de Monsanto à das Amoreiras, é uma parte dos 18,6 km (58,1 km se contarmos com todos os ramais) que começam em Caneças e terminam em Lisboa, na Mãe d’ Água das Amoreiras.
Esta grande obra hidráulica foi construída, por ordem do “Magnânimo” D. João V, entre 1732 e 1748, quando entrou em funcionamento.
Durante muitos anos o Aqueduto serviu não só como meio de abastecimento de água para Lisboa como ponto de passagem e de acesso à cidade. Actualmente, e após um longo período em que estiveram encerrados por razões de segurança, os dois passeios que se estendem pelos arcos sobre o Vale de Alcantâra servem apenas (e já não é pouco) para se disfrutar e contemplar a cidade de cima, sentir tranquilamente a azáfama que se desenrola cá em baixo e estarmos mais próximos da serenidade do céu.
Vale a pena!