Já na Serra do Soajo ficam as povoações com o mesmo nome – Soajo (concelho de Arcos de Valdevez) – e Lindoso (concelho de Ponte da Barca), esta última na fronteira com a Serra Amarela.
Ainda que Soajo tenha diversas casas de pedra recuperadas e uma agradável praça principal onde se situa o seu Pelourinho (para além do seu passado histórico de sempre haver reconhecido o rei de Portugal como seu líder, ao contrário de outras localidades que preferiam a liderança espanhola), e Lindoso possua igualmente como ponto alto o seu Castelo, ambas as povoações ganham grande relevo pela sua “colecção” de espigueiros.
Os espigueiros predominam sobretudo no norte de Portugal e servem para secar o milho, protegendo-o de um duplo perigo: intempéries e roedores. Daí o seu desenho rectangular alongado com fendas laterais, para arejar o milho (que é colhido no Outono e secado no Inverno), numa estrutura de pedra elevada para evitar os ratinhos. No topo possuem, normalmente, uma cruz para que o divino possa proteger os cereais. Por tudo isso, a mim fazem-me lembrar os túmulos que os romanos utilizavam para proteger os seus mortos.
Independentemente de algumas moradias disporem dos seus próprios espigueiros, a maioria destes exemplares estão instalados nas eiras comunitárias, reforçando o intenso espírito de comunidade muito presente nesta zona do país (atente-se, a este propósito, o forno comunitário de Tourém, na parte trasmontana do Gerês).
No caso do Lindoso são cerca de 50, bem junto ao Castelo, datados dos séculos XVII e XVIII, muitos deles ainda utilizados pelos seus habitantes.
No Soajo a eira comunitária tem 24 espigueiros, o mais antigo datado de 1782.
O certo é que, tanto no Soajo como no Lindoso, os espigueiros encontram-se pitorescamente dispostos, daqui resultando um autêntico museu destas formas.