De carro, no caminho para casa para almoçar, procurava mentalmente chegar à conclusão se o ano de 2007 que agora acaba teria sido um bom ano para mim ou não.
Ainda bem que não ia sintonizada no rádio da TSF; se o fosse, apesar de ter chegado nesse momento imediatamente a uma conclusão, teria tido um choque.
Tive o choque na mesma, minutos mais tarde, quando vi as breaking news na tv.
Como explicar – para os outros mas também para mim mesma – a dor e o sentimento de angústia, desolação e tristeza com a morte de alguém tão distante e que nem sequer se conhece, mas que se admira profundamente sem que (quase) se encontre reais motivos para tal?
Não me interessa com quem o PPP concorrerá às eleições, se haverá eleições ou se voltará o estado de emergência ao Paquistão; não me interessa o caminho que o país, aquela zona do globo ou o mundo irá tomar agora; não me interessa se a democracia populista sai a perder, se o fanatismo de alguns venceu mais uma batalha; não me interessa sequer se a dinastia Bhutto voltará ao poder no Paquistão; interessa-me, sim, saber como lidar com a devastação de quem sofre sozinha por ver partir um dos seus símbolos.