sexta-feira, outubro 03, 2008

Saigão de Graham Greene

Saigão está no imaginário de muitas pessoas dos vários pontos do mundo. A década de oitenta foi profícua em produzir cinematografia relativa ao conflito, entre os anos sessenta e setenta, do Vietname com os norte-americanos e lá estavam, como uma das imagens fortes, as ruas de Saigão.
Antes disso, no início dos anos 50, houve outro conflito, a Guerra de Indochina, entre os franceses e os vietnamitas, onde os americanos também tiveram intervenção, que é o tema do “O Americano Tranquilo” de Graham Greene. Quem leu esta obra criou um imaginário da cidade, onde se passa grande parte da narrativa.
Agora como nos tempos do Graham Greene, Saigão ou Ho Chi Minh (o nome oficial) é a grande metrópole. Onde está todo o poderio económico, o cosmopolitismo, onde nos sentimos mais próximo do mundo ocidental, aquele a que estamos habituados. Obviamente, que a isto não é alheia toda a história da cidade, com múltiplas presenças e influências quer dos franceses quer dos americanos, que deixaram inúmeras marcas nas vivências.
Os símbolos da Saigão de Greene permanecem todos. Alguns deles, provavelmente, com vitalidades diferentes mas com presenças igualmente marcantes, até por terem sido protagonistas da história do País e mesmo da história mundial.
A Rua Catinat, um nome forte no universo de Greene, permanece certamente com a mesma vitalidade que antes, uma vez que, a agora Rua Dong Khoi, é uma das principais artérias comerciais de Saigão.
Já não com o esplendor de outros tempos mas ainda assim com uma imagem forte e de glamour, o Hotel Continental, onde ocorreu grande parte da acção do “O Americano Tranquilo”.

Bem ao lado do Hotel Continental continua o Teatro Municipal.

Outra referência ao universo de Graham Greene é o bar do Hotel Majestic, do qual se consegue obter vistas sobre o rio.

O rio, o lugar onde o jovem Pyle teve um fim trágico, naturalmente, continua. Ainda que, parece-me, com menos protagonismo que noutros tempos.
A magnífica Estação de Correios, no final da Dong Khoi, onde o repórter inglês Thomas Fowler ia enviar a correspondência, continua a encantar e a transportar, quem decide conhecer o seu interior, para os tempos em que o Vietname, a par do Camboja e do Laos, fazia parte da Indochina, a colónia francesa do sudeste asiático.

Na praça frontal aos Correios fica a Catedral de Notre Dame, que na opinião de Greene é de estética duvidosa.

Por fim, Cholon, o bairro Chinês de Saigão, onde Fowler ia receber de forma secreta informações sobre os negócios obscuros dos norte-americanos (personificados na personagem do Alden Pyle) nos assuntos do Vietname, nomeadamente no financiamento de grupos de terroristas do Sul que lutavam contra os comunistas do norte, contínua com a azáfama de outros tempos.