segunda-feira, agosto 29, 2011

5.º Dia em Lanzarote





Domingo é dia de mercado artesanal em Teguise, antiga capital de Lanzarote. Como outros milhares de turistas, seguimos para lá em romaria matinal. Um grupo pequeno de locais passa cantando, numa espécie de rancho com vestes e instrumentos musicais típicos. Mas a partir daqui é só tendinhas e mais tendinhas, umas com artesanato e roupas mais originais e autênticas do que outras, sem grandes pechinchas. Para mim duas palavras descrevem as idas a estes sítios: estafa penosa.
Como este mercado de domingo ocupa quase por inteiro as ruas de Teguise, acabamos por não conhecê-la, digamos, limpa.





Perto de Teguise fica LagOmar, também conhecida como a Casa de Omar Sharif. Conta a lenda que esta casa foi encomendada por um promotor imobiliário inglês a Jesus Soto, um discípulo de César Manrique. Omar veio filmar a Lanzarote, viu a casa, deslumbrou-se por ela e comprou-a. Pouco tempo depois perdeu-a para o mesmíssimo promotor num jogo de bridge. Depois disso a casa já teve vários proprietários, até que nos anos 80 um casal de arquitectos a comprou e decidiu acrescentar-lhe um restaurante e abri-la ao público com o objectivo de fazer do espaço um misto de ponto arquitectónico, gastronómico e artístico, acolhendo lá exposições.
Mas por quê tanto interesse numa casa privada?
Bom, se as obra de César Manrique deslumbram qualquer um, este seu discípulo, antigo electricista no cabildo local, e seu companheiro de muitas obras, não faz por menos. Esta casa LagOmar aproveita a rocha onde está encostada para nela adentrar e criar ou varandinhas ou pequenos espaços de prazer. É um puro delírio de forma e de estética que atiça todos os nossos sentidos. Por mais que tente, não consigo esquecer aquela sala de terceiro andar rasgada por uma larga janela circular com vista para alguns dos cones da ilha. Oh supremo azar ao jogo!







Com esta visita à Casa LagOmar terminamos o périplo pelo que queríamos realmente visitar nesta primeira ida a Lanzarote. E, ao 5.º dia, conseguimos acabar as visitas a meio da tarde, pelo que, agora vou dar um mergulho... na piscina. A praia fica para amanhã de manhã, sem falta, para a última oportunidade de um banho no Atlântico quase com vista para África antes de rumar de volta a Lisboa.

Entretanto, e na saída para jantar rumo ao Teleclub de Marchér, a névoa ainda deixava ver as montanhas a recortarem o céu, como uma pintura de linhas bem visíveis e perfeitas, com o sol, grande e redondo, por companhia. Não poderia haver melhor postal de Lanzarote para ficar como última memória.