sábado, abril 14, 2012
Guimarães
Em 2012 a cidade berço foi escolhida, juntamente com a eslovena Maribor, capital europeia da cultura. Claro que isso, e o facto de o centro histórico da cidade ser património da humanidade, são apenas desculpas para a visitar uma vez mais.
Só que desta vez, a par do dito centro histórico e do Castelo e do Paço dos Duques de Bragança, houve que dedicar tempo também à cultura.
E à tradição.
Logo pelo meio-dia, ainda a caminho de Guimarães, a TSF falava acerca das rebuçadeiras e encontrar uma delas passou a ser um objectivo primordial. A nova estrela da rádio recebeu-nos e vendeu-nos os pirulitos - oito por um euro - abancada ali à entrada do centro histórico na Alameda junto ao Largo República do Brasil, lugar que nos explicou que a custo a Câmara a deixou assentar arraiais. Aí, um senhor contou-nos a história destes pirulitos e rebuçados que só se vendem na época da Quaresma: era uma forma das mães convencerem os pequenos a irem à missa nesta altura. Desse dito senhor ficou a sugestão de um restaurante que já levávamos indicado de casa e para o qual até já tínhamos reservado o jantar dessa noite: o Papaboa. Pela risota dos amigos que o acompanhavam ele desbroncou-se - era o dono dos dois restaurantes da cidade de mesmo nome. À noite, por sua sugestão, provamos um pão-de-ló fantástico, uma autêntica gemada, regado a vinho do Porto. E mais ficou encomendado para domingo de Páscoa.
O centro histórico de Guimarães está de facto um mimo de conservação e reabilitação. As suas ruas estreitas e intrincadas são fáceis e agradáveis de percorrer, cheias de bons exemplos de belos edifícios. Mas o mais pitoresco são mesmo as suas casas de cores vivas mas sóbrias, com varandas de madeira e portas e janelas em destaque.
O Largo da Oliveira é, no entanto, o ex-líbris da cidade, não pela igreja de Nossa Senhora da Oliveira, mas pelo carismático Padrão do Salado, um pequeno monumento gótico, e pelas colunas também góticas do edifício estilo alpendre do Domus Municipalis. De registar ainda o também pitoresco Largo de Santiago que à noite, à semelhança do Largo da Oliveira, vê as suas casinhas iluminadas com pequenos pontinhos de luz nas fachadas.
O Castelo e o Paço dos Duques de Bragança estavam fechados no domingo de Páscoa (galo! fui à procura do domingo de borla e bati uma vez mais com o nariz na porta). Muitíssima gente a passear pelo Campo de São Mamede, no entanto, e a contentar-se por ver os monumentos no seu exterior (não fiquei muito chateada porque os havia visitado há poucos anos). O Castelo poderia ser apenas mais um não fosse aquele que foi construído (e muito alterado depois disso) antes mesmo de D. Afonso Henriques lá nascer e morar. Foi a Condessa Mumadona que no século X o havia mandado construir para defender o seu convento. E, pronto, o Estado Novo fez questão de o transformar num símbolo da nacionalidade.
Salazar tentou ainda que o Paço dos Duques de Bragança (o qual recuperou da quase ruína) fosse lugar da Presidência da República, mas o máximo que conseguiu foi levar decoração de outros palácios para lá ocupar as suas salas vazias. Mandado construir por um filho bastardo de D. João Mestre de Avis no século XV, nunca foi casa dos Bragança. A sua arquitectura é única em Portugal e não tem nada a ver com as construções da época ou de qualquer outra. Tem sim tudo a ver com os castelos normandos, tendo as construções senhoriais francesas servido de inspiração.
Mas como este ano a cidade se dedica à cultura vamos então focarmo-nos nela. Guimarães e o vale do Ave vivem ainda hoje da indústria, embora esta tenha sido assolada pelo fecho de portas de muitas fábricas. Ora, a programação da Capital Europeia da Cultura faz-se valer dessa aura industrial e, principalmente, com a alteração e transformação da paisagem e edifícios industriais para a vertente cultural. Pega na antiga Fábrica da Asa, dos lençóis, e transforma-a no Espaço Asa, a poucos kms da cidade, em Covas, à beira da estrada nacional. Por esta altura estava a ser apresentada a exposição dedicada ao arquitecto Nuno Portas, a qual fazia muita questão de ver, mas tive que bater com o nariz na porta por "espaço em remodelação". Quê? Ainda agora abriu e já está em remodelação? E logo no fim-de-semana da Páscoa? Mas foram todos rezar, ou quê? Fica a imagem exterior do edifício, ao estilo Pompidou rural.
Antes tinha tentado dar com a Fábrica Pátria, de plásticos, hoje Casa da Memória, mas o máximo que consegui foi não dar o tempo e o passeio por mal empregues e contornar as ruas até ao Estádio do Vitória. Já nem tive coragem de me por a caminho dos dois outros espaços: a antiga Confil, de têxteis para crianças, hoje Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura, e a antiga Fábrica da Ramada, de curtumes, hoje Instituto do Design.
Segui, então, para o Palácio e Centro Cultural Vila-Flor, o espaço cultural por excelência da cidade, já entrado no roteiro da música moderna do país, que não se fica só por Lisboa e Porto. Lá vi a exposição "Missão Fotográfica: Paisagem Transgénica", com fotos de habitações e fábricas aos caídos dos arrabaldes e montagens do castelo e de outros edifícios.
O Museu Alberto Sampaio vale também uma visita, se não pela sua colecção de arte sacra (de que não sou adepta), pelo menos pelo claustro que fica paredes meias com a Igreja Nossa da Oliveira.
Quanto a animação de rua, esperava muita e com excepção de uns chatos brasucas com a sua arte de capoeira que se instalaram no Largo da Oliveira, de armas, bagagens e música de berimbau que nunca mais se calava (lembrar que a Pousada onde fiquei dá para o Largo), não vi nadinha. Nem um teatrinho de rua, nem sequer um fulano qualquer vestido de D. Afonso Henriques.
Moral da história: Guimarães não precisa do epíteto de CEC para ser visitada.
quinta-feira, abril 05, 2012
Parque e Palácio de Monserrate
A caminhada desde o centro da Vila até Monserrate é agradável e fácil, pela estrada com não muito trânsito mas sem bermas.
Monserrate tem uma história curiosa que começou com o nome de Quinta da Boa Vista no século XVI, mesmo século em que foi aí construída uma capela dedicada a Nossa Senhora de Monserrat.
Depois de propriedade de nacionais passou para uma série de ingleses, como De Visme, o responsável pela construção do primitivo palácio neo-gótico no lugar da capela, ou William Beckford que se dedicou à construção do jardim, incluindo a cascata e os arcos de pedra. Com a partida deste no princípio do século XIX o local entrou em declínio e a sua fama romântica cresceu, muito por causa de Lord Byron e dos seus relatos de viagem. Em 1841 inicia-se a reabilitação de Monserrate – palácio e jardins – por intermédio de outro inglês de nome Francis Cook. Em 1949, após a compra da propriedade por um português comerciante de antiguidades que leiloou o recheio do palácio e tentou lotear a quinta, o Estado adquiriu-a. Se dissermos que só em 2001 se iniciou o processo de recuperação do hoje imóvel classificado, dá para ver muito bem quantas décadas teve esta beleza para se degradar.
O certo é que hoje ela aparece-nos em todo o seu esplendor. No seu conjunto é um excelente exemplo da arquitectura do período romântico em Portugal, com uma mescla de gótico veneziano com influências indianas e mouriscas. O jardim, que vem por aí abaixo do palácio, ou este vem por aí acima, bem pertinho do céu, como se um troféu se tratasse, o jardim, dizia, é um manto interminável de verde, com caminhos que se entrecruzam com direito a ramos a fazer de ponte e laguinhos com nenúfares.
As obras no interior ainda estão a desenrolar-se ao mesmo tempo que podemos ir aproveitando o já recuperado. E que bem recuperado. Uma maravilha que deixo para as fotos. Mas não deixo de pensar e dizer… ai aqueles tectos!
Sintraaa!!!
Este ano comecei com um almoço nas Azenhas do Mar.
Talvez um bom auspicio para visitar Sintra. Melhor dizendo, revisitar, que tudo lá merece incontáveis retornos.
Há dias voltei a Monserrate, depois de lá ter estado em 2007, precisamente o ano em que se iniciou o processo de recuperação do interior do Palácio.
Antes, em 2004, subi até ao Castelo dos Mouros.
Em 2005 subi um pouco mais até ao Convento dos Capuchos.
Em 2006 foi a vez de um passeio de eléctrico até à Praia das Maças, com direito a piquenique na areia.
Em 2007 visita à Pena como cicerone para os primos emprestados brasileiros.
A Regaleira foi alvo de umas quantas visitas, uma das quais a trabalho quando ainda não estava aberta ao público e outra para assistir a uma peça de teatro em movimento – o Hamlet em ambiente misterioso.
Mas o bom da Regaleira, tal como de Seteais, é que ficam mesmo ali à beira da estrada, prontos para serem devorados pelo olhar e todos os nossos outros sentidos.
Fica a faltar o Palácio da Vila, nunca visitado mas tantas vezes fotografado, cartão postal da Vila de Sintra.
E uma estreia absoluta: o Chalé da Condessa d´ Edla, aberto o ano passado.
Talvez um bom auspicio para visitar Sintra. Melhor dizendo, revisitar, que tudo lá merece incontáveis retornos.
Há dias voltei a Monserrate, depois de lá ter estado em 2007, precisamente o ano em que se iniciou o processo de recuperação do interior do Palácio.
Antes, em 2004, subi até ao Castelo dos Mouros.
Em 2005 subi um pouco mais até ao Convento dos Capuchos.
Em 2006 foi a vez de um passeio de eléctrico até à Praia das Maças, com direito a piquenique na areia.
Em 2007 visita à Pena como cicerone para os primos emprestados brasileiros.
A Regaleira foi alvo de umas quantas visitas, uma das quais a trabalho quando ainda não estava aberta ao público e outra para assistir a uma peça de teatro em movimento – o Hamlet em ambiente misterioso.
Mas o bom da Regaleira, tal como de Seteais, é que ficam mesmo ali à beira da estrada, prontos para serem devorados pelo olhar e todos os nossos outros sentidos.
Fica a faltar o Palácio da Vila, nunca visitado mas tantas vezes fotografado, cartão postal da Vila de Sintra.
E uma estreia absoluta: o Chalé da Condessa d´ Edla, aberto o ano passado.
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