Os ismaili são um ramo do xiismo, sendo este, por sua vez, a par do sunismo, uma das correntes com mais crentes do islão. Os ismaili, como xiitas, defendem ser descendentes directos do profeta Maomé, por via do seu primo Ali, casado com a sua filha Fatima.
Possuem como imã o Aga Khan, o 46.º imã, empossado em 1957, líder espiritual e consciência destes muçulmanos. O Príncipe Karim, actual Aga Kahn, homem moderno, com estudos na Suíça, criou a Rede de Desenvolvimento Aga Kahn, a qual advoga os princípios da tolerância, diálogo e pluralismo, com um equilíbrio entre o mundo espiritual e material. Entre outros, através dos Centros Ismailis exerce a sua missão, nomeadamente em actividades sociais, educativas e culturais, reflexão intelectual e contemplação espiritual, abraçando uma relação entre a comunidade onde está presente, o governo e a sociedade civil. Propõem-se, pois, a servir a sua comunidade, mas sempre com uma visão integradora e aberta à sociedade onde se inserem. No fundo, criar pontes entre os indivíduos e os diversos aspectos que os formam, sem perder de vista o entendimento dos princípios intelectuais e espirituais do islão que sustentam.
Lisboa é uma das poucas cidades do mundo a ter a honra de acolher um dos Centros Ismailis (os outros situam-se em Londres, Burnaby - Vancouver, Dubai, Dushanbe - Tajiquistão e Toronto).
Possuem como imã o Aga Khan, o 46.º imã, empossado em 1957, líder espiritual e consciência destes muçulmanos. O Príncipe Karim, actual Aga Kahn, homem moderno, com estudos na Suíça, criou a Rede de Desenvolvimento Aga Kahn, a qual advoga os princípios da tolerância, diálogo e pluralismo, com um equilíbrio entre o mundo espiritual e material. Entre outros, através dos Centros Ismailis exerce a sua missão, nomeadamente em actividades sociais, educativas e culturais, reflexão intelectual e contemplação espiritual, abraçando uma relação entre a comunidade onde está presente, o governo e a sociedade civil. Propõem-se, pois, a servir a sua comunidade, mas sempre com uma visão integradora e aberta à sociedade onde se inserem. No fundo, criar pontes entre os indivíduos e os diversos aspectos que os formam, sem perder de vista o entendimento dos princípios intelectuais e espirituais do islão que sustentam.
Lisboa é uma das poucas cidades do mundo a ter a honra de acolher um dos Centros Ismailis (os outros situam-se em Londres, Burnaby - Vancouver, Dubai, Dushanbe - Tajiquistão e Toronto).
Cada um destes Centros caracteriza-se por uma arquitectura especial.
O Centro Ismaili de Lisboa, em particular, foi inaugurado em 1998 pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio, com a presença de Aga Khan. Fica escondido discretamente entre o Eixo Norte-Sul e a Loja do Cidadão das Laranjeiras.
O projecto arquitectónico é do indiano Raj Rewal, com colaboração do arquitecto português Frederico Valsassina.
O espaço é surpreendente, desde logo pela forma como os arquitectos venceram o desnível do terreno e conseguiram implantar o edifício em vários níveis. Depois, pela forma como integra a zona edificada com a zona de jardins, sendo esta última dominante. Dizer que a maior parte do espaço do Centro é passível de visita pública e não apenas para o uso da comunidade ismaili.
É aqui visível a intenção - bem sucedida - de, partindo da civilização muçulmana, integrar distintas influências arquitectónicas, num encontro entre os legados históricos entre as várias culturas. Assim, foram aplicados materiais e técnicas locais, como o uso da pedra lioz ou o azulejo da Fábrica da Viúva Lamego. Lembrar que o uso da azulejaria é comum quer no nosso país quer na arquitectura islâmica, variando obviamente nos seus motivos. Houve, pois, a preocupação de assimilação de várias influências e culturas.
Uma dessas é a da cidade de Fatehpur Sikri, em Agra, Índia, mandada construir por Akbar, imperador Mogol conhecido pelos seus princípios da tolerância. Ou seja, a influência está na arquitectura, sim, mas também nos princípios de vida - geometria, simetria, equilíbrio - a perfeição.
Outra influência evidente é a dos jardins persas (aqui pensa-se num exemplo perto de nós, o Alhambra, em Granada). Do átrio principal vemos o Chahar Bagh, perfeito na sua geometria, simetria e harmonia - constantes em todo o edifício. Este é uma representação do Jardim do Éden, com quatro canais a representarem os quatro rios do paraíso. A água é um elemento muito presente e faz-se sentir quer visualmente quer pelo constante som da água a correr.
Outra influência evidente é a dos jardins persas (aqui pensa-se num exemplo perto de nós, o Alhambra, em Granada). Do átrio principal vemos o Chahar Bagh, perfeito na sua geometria, simetria e harmonia - constantes em todo o edifício. Este é uma representação do Jardim do Éden, com quatro canais a representarem os quatro rios do paraíso. A água é um elemento muito presente e faz-se sentir quer visualmente quer pelo constante som da água a correr.
Para cada zona fechada há sempre uma zona aberta que lhe corresponde. Seja este Char Bagh, seja o jardim das oliveiras, seja o jardim das laranjeiras amargas. A ideia é poder crescer, sim, mas revela sobretudo a primazia dada à natureza como força capaz de criar lugares de privacidade e tranquilidade para o espirito. Há, pois, sempre uma continuidade entre o interior e o exterior.
Como não podia deixar de ser, esta continuidade está igualmente presente na sala de orações, o espaço mais íntimo e recolhido do Centro, aberto todos as 19:30 aos crentes. Podemos chamar-lhe mesquita ou tão somente Casa da Comunidade - Jamat Khana. A sala é enorme e uma vez mais pejada de elementos que fazem realçar o equilíbrio e a geometria tão caros ao islão. O tapete reproduz exactamente os mesmos motivos que se observam no tecto. Aqui encontramos outro elemento de excepção no projecto deste Centro - o seu tecto enorme não está suportado por colunas, mas antes por cabos de aço, o que faz deste um projecto de engenharia surpreendente.
Como fizemos uma visita guiada, integrada no evento Lisboa Open House 2014, tivemos acesso a este espaço. Como referido, a oração está vedada aos não crentes, mas fora dessa hora será necessária alguma sorte para conhecer esta sala, uma vez que a abertura das suas portas depende da presença de um voluntário. Curioso constatar - uma vez mais - a forma diferente como um, digamos, europeu se senta no chão em relação a um, digamos, asiático. Nós de rabo no chão e pernas cruzadas, eles de lado, numa posição que, diria, é muito mais elegante. Mais uma prova da beleza e harmonia a que se assiste por estes lados?