Há mais de uma
década que não ia ao Rio de Janeiro, meu destino frequente e querido na década
de 90.
Contrariamente a
todas as vezes anteriores, desta vez a entrada na cidade maravilhosa deu-se por
estrada, pela Via Dutra, a estrada que liga São Paulo ao Rio de Janeiro.
À medida que nos
aproximamos do Rio de Janeiro o termómetro do autocarro revela-nos que a
temperatura exterior é cada vez maior.
34º, 35º, 36º, 37º,
38º, 39º…
…40º…
Impossível não
lembrar da música da Fernanda Abreu:
“Rio 40 graus
Cidade maravilha
Purgatório da beleza
e do caos...”
A beleza, ali ainda
não era presença, apenas o caos. Muito caos. Urbanístico. Trânsito diabólico.
Inferno puro e duro.
As placas, ou
“pracas” como diz uma senhora dentro do ónibus, denunciam que estamos na
Baixada Fluminense.
“Penha” e avistamos a igreja da Penha lá em cima.
“Ramos” e lembro-me
do piscinão de Ramos, praia artificial que o governador, de sobrenome Garotinho,
inaugurou há uns quantos anos e ficou conhecida por aparecer numa novela da
Globo.
“Bonsucesso” e lembro-me da música em que o Gilberto Gil canta:
“Começou a circular o Expresso 2222
Que parte direto de Bonsucesso pra depois
Começou a circular o Expresso 2222
Da Central do Brasil
Que parte direto de Bonsucesso
Pra depois do ano 2000”
O inferno continua.
O sol demolidor que entra pela janela. O trânsito mais do que condicionado para
entrar na cidade, que adicionado ao trânsito à saída de São Paulo, perfaz um
atraso de 2 horas em relação à hora prevista de chegada.
Aproximamo-nos da
zona do Terminal Rodoviário Novo Rio, em Santo Cristo, área que está a ser
intervencionada para ser convertida no Porto Olímpico. Tudo parado. O trânsito
continua impossível. Mais uma vez as palavras cantadas de Fernanda Abreu vêm-me
à cabeça, apesar da diferença horária e localização geográfica dentro do Rio.
Ainda que o nosso destino e local de residência dos próximos dias seja referido
pela cantora.
“Seis e meia tô parado
Pôr-do-sol abotoado
Na lagoa, no aterro
Tô parado
Voluntários, São Clemente
Tô parado
No rebouças, túnel, velho
Tô parado pra ver
Swing-balanço-funk”
Enfim, chegamos. À
Rodoviária. Agora só falta ir até São Clemente, Botafogo. Mais um pouco de
paciência, depois de 8 horas dentro de um ónibus.
A sensação é que
muito tem ainda que ser feito para albergar os Jogos Olímpicos que são já em
2016.
Dirigimo-nos às
bancas dos táxis pré-pagos, a melhor opção com malas e com a cidade entupida,
as moças debruçam-se como se estivessem a vender outro tipo de serviço, bem
diferente e mais pessoal que uma viagem de táxi.
Confirma-se, muito
tem que ser feito para as Olimpíadas e não só. Vamos lá Rio. Toca a melhorar
para receber a molecada em 2016.
Por agora, toca para Botafogo. Rápido, motorista. Que o Rio espera por nós. E tínhamos a certeza que nos ia receber bem.