Belmonte, junto à Serra da Estrela, é conhecida sobretudo por ser a terra de Pedro Álvares Cabral, descobridor do Brasil.
A vila possui um rico património histórico, tal como o Castelo, Pelourinho, Igreja de São Tiago, Solar dos Cabrais, entre outros.
No entanto o interesse em descobrir esta vila beirã vai muito para além desse património histórico construído, isto porque Belmonte é a memória viva do antigo judaísmo em Portugal.
Após séculos de organização judaíca em segredo, nos anos vinte do século XX foi anunciada a existência de uma comunidade judaica. Porém, só em 1989 é que foi oficialmente criada essa comunidade. Até essa data esta comunidade sobreviveu às perseguições da Inquisição, aos processos de integração católica (os cristãos-novos) e conseguiu manter vivas as tradições judaícas, ao ponto de ser actualmente a única comunidade de origem Cripto-Judaica na Península Ibérica.
A sua importância não se deve tanto ao seu peso demográfico (cerca de 200 pessoas, 10% da população da vila) mas antes à forma como conseguiu resistir às vicissitudes históricas ao longo dos séculos e com isso manter, secretamente, as principais tradições e ritos religiosos.
O vestígio mais antigo desta comunidade é uma inscrição de uma sinagoga que data de 1296, o que demonstra a existência de uma comunidade nessa época. Tal como antes, actualmente Belmonte mantêm viva a cultura judaica como atestam o cemitério próprio e a nova sinagoga, inaugurada em 1997, que tem um rabino.
No belíssimo e interessante Museu Judaico, inaugurado este ano, podemos conhecer todo este percurso histórico e de resistência da comunidade judaica, assim como os seus costumes e rituais, a sua integração na sociedade portuguesa e o seu contributo para as diversas áreas da sociedade.