O programa, incluído nas Festas de Lisboa, consiste em percorrer de eléctrico o trajecto mais emblemático da cidade ao som da música nacional, interpretada por diversos fadistas (cinco) e dois músicos, que se encontram espalhados pelo transporte.
Enquanto percorremos as colinas e observamos a cidade, somos guiados pelo fado, que alimenta a nossa alma. Assim foi quando se cantou:
No castelo ponho o cotovelo
Em Alfama descanso o olhar
E assim desfaço o novelo
De azul e mar
À Ribeira encosto a cabeça
A almofada da cama do Tejo
Com lençóis bordados à pressa
Na cambraia de um beijo.
Lisboa menina e moça, menina
Da luz que os meus olhos vêem, tão pura
Teus seios sãos as colinas, varina
Pregão que me traz à porta ternura
Cidade a ponto-luz bordada
Toalha à beira-mar estendida
Lisboa menina e moça e amada
Cidade amor da minha vida
No Terreiro eu passo por ti
Mas na Graça eu vejo-te nua
Quando um pombo te olha sorri
És mulher da rua.
E no bairro mais alto do sonho
Ponho o fado que sei inventar
A aguardente de vinho e medronho
Que me faz cantar.
Lisboa do amor deitada
Cidade por minhas mãos despida
Lisboa menina e moça e amada
Cidade mulher da minha vida.
Ontem a razão de se cantar o fado, ao contrário do que a música diz,
Há para o sofrimento
Um bom remédio afinal
É cantar e num momento
Ninguém se lembra do mal
Não custa mesmo nada
Tentem fazer como eu
Uma guitarra afinada
Um voz bem timbrada
E tudo esqueceu
refrão:
Quando a tristeza me invade
Canto o fado
Se me atormenta a saudade
Canto o fado
Haja ciúme á vontade
Canto o fado
Por uma esperança perdida
Não passe na vida
Por um mau bocado
Se acaso a sorte o esqueceu
É fazer como eu
Deixe andar cante o fado
Não é que não me interesse
Por quem a dor não resiste
Mas a gente que parece
Que gosta até de andar triste
Tem sempre um ar fatal
A que ninguém o obriga
E nesta vida afinal
Vendo bem nada vale
Mais do que uma cantiga
não era para espantar os males, mas antes para celebrar a alma da cidade.
Viva Lisboa!
Viva Lisboa!