E porquê o “disparate” de levantar às 3:30 para ir para a fila do posto de controlo da guarda de entrada no sítio arqueológico de Machu Picchu se este posto só abre lá para as 5:30 / 6:00? Simples. A ansiedade de chegar a Intipunku (a Porta do Sol) e ter a imagem de postal da citadela de Machu Picchu ao nascer do sol desde cá bem de cima era insuportável. De tal forma que ninguém colocava a hipótese de ai chegar com o tempo completamente coberto. Mas, pese embora a quase correria de uma hora sempre de noite – e já não apenas caminhada – dos trekkers (nós) para serem os primeiros a chegar, foi isso mesmo que aconteceu. Não me perguntem como é a paisagem desde a Intipunku, pois nem sequer consigo explicar como é este sítio que estava ali bem defronte do meu nariz. Para de uma vez por todas se entender o sentimento e as emoções que se vivem naquela altura, depois de 3 dias inteiros de caminhada, em que o objectivo final está mesmo ali à porta, literalmente, direi apenas que não era só uma pessoa que derramava lágrimas com o cenário desolador. Vai daí, silêncio total na descida até à entrada da recepção da mítica Machu Picchu (por onde entram obrigatoriamente aqueles que não fazem o caminho inca). Chegámos por volta das 7:30 e às 8:00 iniciámos o nosso tour guiado pelos nossos guias Herbert e Williams, que nos acompanharam todos estes dias. Com o tempo completamente limpo. A alegria e o optimismo voltavam, mas a vista de Intipunku, essa, ninguém nos devolveria, a não ser que fizéssemos questão de subir cerca de 1h e meia para descer novamente e correr o risco de nada ver, quer lá em cima, quer cá em baixo – mas aqui por falta de tempo.
Assim, ao invés, e depois do reconhecimento de Machu Picchu, insatisfeitas com os poucos km percorridos, resolvemos subir à montanha de Wayna Picchu – a montanha mais famosa que fica atrás das ruínas nas fotos mais comuns de Machu Picchu. É um pouco difícil a subida de cerca de uma hora, por vezes com degraus estreitos e muito altos. Do topo a nossa vista alcança tudo: as montanhas à volta, o rio Urubamba, o caminho serpenteado de Aguas Calientes para Machu Picchu e, claro, a própria cidade perdida dos incas. A vontade de subir sempre mais um pouco para tirar “a” foto não cessa. Descobrir cada vez mais, ir mais além, sem deixar que o cansaço nos vença.