Gosto de viajar.
Em muitos países não é estranho que uma pessoa trabalhe durante um período com o objectivo exclusivo de amealhar o dinheito suficiente para viajar durante uns tempos.
Nunca o fiz, duvido que isso fosse bem visto pela minha mãezinha e duvido mais ainda que conseguisse arranjar com tanta facilidade assim uns trabalhos flexíveis e moderadamente remunerados que permitissem essa forma de vida. Mas, mais do que tudo, não tenho esse objectivo. O meu objectivo era mesmo viajar quando me dessem ganas para isso, sem depender de dinheiros ou trabalhos.
Vem esta conversa a propósito de que, não tendo ainda conseguido os meus intentos, dou-me por contente de ter apenas 5 dias para visitar uma cidade.
No caso, Paris.
O 1.º Dia:
O local de poiso escolhido foi Pigalle, reputado antro de indecência, com cabarets, live-sex-shows, sex-shops e, mesmo ao lado do hotel, um sexodrômo. Pelos vistos, a Paris da folie já não é o que era, pois o que se vê na rua nessa zona são apenas os bandos de turistas à porta do Moulin Rouge a tirar fotos sem parar, manas incluídas, como é óbvio.
Dadas as limitações de tempo, o programa de festas é andar de manhã à noite a pé, na tentativa de se conhecer o mais possível dos recantos e encantos da cidade. Assim, e para condicionar fisicamente logo o resto da jornada, no primeiro dia foram feitos a pé os quilómetros necessários para se ir de Montmartre até à Torre Eiffel, passando pelas inevitáveis Galerias Lafayette e pela Praça Vendóme, onde nos juntamos aos japoneses com os olhos em bico pela profusão de marcas de alta costura. Estão todas aqui, bem como na Avenida Montaigne. Depois, seguiu-se pelos Champs Élysées acima. Descubro que à Cartier prefiro os relógios com a marca da Quiksilver. A propósito, porque é que Paris, que não tem mar, tem uma loja da melhor marca de acessórios de surf e Lisboa não? Adiante, outra irreflexão: prestes a chegar ao Arco do Triunfo, um caramelo pavoneia-se com a camisola do Benfica. Caramba! Eu que me tinha pirado de Portugal para não ter que aturar estes tipos. Mas, pensando bem, quem me mandou escolher a cidade fora de Portugal com mais portugueses?
Para acabar a tarde, a escolha recaiu num passeio de bicicleta pelos boulevards, avenidas, ruas e praças de Paris que terminaria com um passeio de barco nocturno pelo Sena. Em duas rodas, num só passeio, uma visão geral da cidade, a ser descoberta mais aprofundadamente nos próximos dias.