Por vezes passam-se meses sem que tenha oportunidade de fazer umas das coisas de que mais gosto (a par de viajar): ir ouvir música. Os meses de Novembro / Dezembro foram generosos nisso:
Gotan Project (que havia “perdido” em Julho por estar de férias), Lloyd Cole, Lisa Germano, Lambchop.
Nada mau.
Gotan Project, num Coliseu dos Recreios cheio, cheio, não desiludiu. Pura energia e psicadelismo electrónico misturado no tango. Em comparação com o Bajofundo Tango Club perdeu no intimismo que o Coliseu não permite e que a exiguidade do Teatro Variedades nos dá. Como bónus, ainda uma sessão de Sam The Kid.
De Lloyd Cole já havia escrito anteriormente. Nunca desilude nas suas cantigas / baladas melancólicas e o seu concerto só veio foi tarde, no que à minha estreia diz respeito.
Lisa Germano no Santiago Alquimista. Apenas a conhecia de ouvir 1 música na Radar. Depois de “After Monday” não restou outra solução se não ir ouvir mais do seu novo álbum, "In The Maybe World". A curiosidade de ir descobrir o Santiago Alquimista fez o resto – concerto numa sala a condizer com a música suave da americana que parecia que cantava para os amigos. Estes pediam uma música e Lisa obedecia. Se não o fazia era porque já não se lembrava da música ou da letra, respondia. É pá, peraí! Não lembrava? Então quer dizer que a rapariga não é nenhuma miúda? E tem músicas antigas? Lá tive que ir ouvir o seu historial completo (e foram mais 6 álbuns desde 1991).
Por fim, Lambchop. Talvez a minha banda preferida da actualidade e, por isso, não podia faltar. O lugar? As cadeiras duras para o rabo e desconfortáveis para os joelhos da Aula Magna. A banda é composta por mais de uma dezena de elementos, com Kurt Wagner, um ex-ladrilhador, como vocalista, e nessa noite ainda acompanhada pelos Hands of Cuba, também de Nashville, Tennessee. Há quem classifique a sua música na categoria de alternative country. Talvez sim, mas é também rock e electrónica ou soul e lounge. O certo é que são sussurros saídos da voz muito característica de Kurt, não muitos fáceis de acompanhar cantando mas deliciosos para os meus ouvidos. Concerto excelente. A repetir. Curiosos dois momentos da noite: um 1.º quando uma “maluquinha” saiu da plateia e foi colocar-se entre os muitos elementos da banda, limitando-se a abanar o corpo convenientemente ao som da música para logo voltar para o seu lugar quando esta terminou; um 2.º quando Kurt Wagner, no final, deixou algo esbaforido a sala pela porta que o comum dos mortais utiliza para momentos depois o encontrarmos no hall do edifício a distribuir autógrafos a quem quisesse.
Que o ano de 2007 nos continue a brindar com boas músicas e bandas ao vivo, são os nossos votos.