Escolhemos
ficar em Banglamphu e foi acertado. Esta zona é
a parte antiga da cidade, onde estão as maiores atracções turísticas. Mas ao preço a que os táxis saem em Banguecoque,
arrisco-me a dizer que qualquer zona da cidade é
boa para assentar arraiais. 3 euros para fazer 8 kms? Quase dado. Melhor, para
três pessoas o táxi acaba por ficar mais barato do que o metro ou o
skytrain. Há quer ter em conta, porém, duas situações. Uma é que à noite nem todos os taxistas
gostam de ligar o taxímetro e, então, os preços mais do que triplicam. Há que procurar bem e fugir às
ruas mais centrais. Outra, e mais importante, é
que o trânsito de Banguecoque pode ser
infernal e gastar-se mais tempo parado no ar condicionado do táxi do que a rolar nas estradas. Aí, claramente, a opção certa e rápida é o metro.
Na zona
de Banglamphu fica o Wat Suthat, o primeiro que visitámos em Banguecoque (leia-se: ainda não estávamos enjoados com tantos
wats), o qual possui a maior capela da Tailândia.
A diferença para os wats que havíamos visitado no Laos é marcante. Sem retirar a
beleza a estes últimos, o estilo é semelhante, mas os de Banguecoque são mais requintados e mais delicados nos seus pormenores. Os
Budas, de todos os tamanhos e diferentes posições,
esses, são presença constante em todos os wats, sejam de Banguecoque ou de
uma qualquer cidade do Laos.
Passando
o canal (Banguecoque tem diversos canais, o que faz com que seja conhecida como
a Veneza da Ásia), encontramos numa breve
subida a stupa no topo do Monte Dourado. À noite fica iluminada,
destacando-se na paisagem e sendo um ponto de referência bem bonito. De dia a vista daqui é brutal, o nosso primeiro verdadeiro impacto com a dimensão avantajada de Banguecoque, uma espécie de montanha russa de edifícios,
uns baixos, outros médios e cada vez mais arranha céus. Os wats não dominam mais a paisagem.
Nesta imperam agora os arranha céus cada vez maiores. A crise
económica de 1997 pode ter abalado
e parado muita construção, mas a euforia e a pujança parecem estar de volta, a analisar pela quantidade de
edifícios que se preparam para
romper o skyline sem fim.
Mas o que
mais me encantou por esta zona da cidade foi o Wat Ratchanatda. É antes um complexo de templos, do qual destaco o Loha
Prasat, ou Palácio de Metal, a pensar nas 37
esferas de metal que o adornam. O Lonely Planet tem uma descrição curiosa mas acertada: é
uma espécie de bolo de aniversário medieval. Pena que estava em restauro, mas deu para
sentir a sua arquitectura e estética diferente dos demais.
Podemos ainda subir aos seus vários andares e termos uma
perspectiva diferente da cidade, como que uma prévia
do que veríamos do Monte Dourado.
A rua
mais famosa de Banglamphu é a (Th) Khao San, outrora
conhecida como a rua dos mochileiros. Indo directamente ao assunto: tem demasiados
restaurantes e bares que podiam estar em qualquer Algarve do mundo, inclusive
McDonalds e Starbucks, e as suas lojas vendem quase todas o mesmo. Mas faz
parte visitar estes locais feitos a pensar em nós,
viajantes remediados sem direito a alojamento no Peninsula ou Oriental e a
comprar Prada ou Louis Vuitton nos modernos centros comerciais. Assim, e por
respeito à classe, limitámo-nos a passar por eles da mesma forma - descontraída e curiosa.
Na
verdade, a Th Khao San até tem um ambiente divertido, com
muito movimento nesta rua, suas paralelas e perpendiculares, cravadas de bares
hoje frequentados também pelos tailandeses. E come-se
aqui bem, seja na verdadeira acepção da palavra, um pad thai ou
um doce de ovos com coco, por exemplo, seja com os olhos, tantas são as iguarias em exposição
na rua, incluindo aquelas coisas que pensamos ir encontrar na Ásia. Sim, isso mesmo, a pacifica rã ao lado de escaravelhos e bicharocos do estilo.
Antes de
visitarmos o centro histórico, conhecido como Ko
Ratanakosin, onde fica o Palácio Real e o Wat Phra Kaew,
demos uma saltada até ao Palácio Dusit. Este é uma criação do primeiro rei tailandês
a visitar a Europa, no fim do século XIX, daí a hibridez da sua arquitectura, um misto de estilo europeu
com thai, tendo ficado conhecido como a Versalhes de Banguecoque. O seu
interior é luxuoso, com deslumbrantes
tronos em ouro. À volta do Dusit, no parque de
mesmo nome, existem uma série de edifícios, mas o mais delicado é
a Mansão Vimanmek, diz-se que a maior
construção em teca do mundo. Esta foi a
residência real e olhando para o
mimo que é tanto o seu exterior como o
seu interior custa a crer que alguém tenha feito dela museu e não a queira só para si. Obrigada, em todo o
caso.
De volta
ao centro de Banguecoque, uma visita à maior atracção turística da cidade: o Palácio Real e o Wat Phra Kaew, ambos no mesmo complexo à beira do rio Chao Phraya.
O Wat
Phra Kaew é o Templo do Buda de
Esmeralda, o mais famoso e deslumbrante de toda a Banguecoque. É uma explosão de cor e criatividade a ser
partilhada com milhares de companheiros turistas. Sossego para se contemplar os
Budas ou a sua arquitectura fantasiosa não há. O melhor é procurá-la no vizinho (já fora dos muros deste
complexo) Wat Pho. Quer dizer, uma tranquilidade relativa, aqui os turistas são apenas centenas para chegar ao Buda reclinado e admirar
as stupas delicadas cheias de ornamentos.
Atravessado
o Chao Phraya numa curta viagem de barco estupidamente barata (menos de duas mãos cheias de cêntimos), chegamos ao Wat Arun,
mesmo junto ao rio. Do seu topo alcança-se uma vista maravilhosa,
apesar de termos de penar um pouco para subir os estreitos degraus. A espécie de torre de 82 metros em estilo khmer parece um pedaço de granito de longe. No entanto, quando chegamos perto
vemos que é bela e não bruta, cheia de motivos florais coloridos em porcelana.