De Vang Vieng para Vientiane seguimos num autocarro local bem cedinho. O dito sai da estação mas vai apanhando passageiros no caminho até encher. Encher de objectos, não de pessoas. Aqui tudo se transporta (não só na bagageira), e as pessoas são apenas um detalhe. Dividimos o espaço com sacas, cadeiras, ventoinhas, placars publicitários, enfim, tudo o que for transportável.
Vientiane é provavelmente a capital mais calma da Ásia.
Nada a
ver com Phom Phen. Saigão ou Hanói, então, parecem outro planeta.
Podemos
caminhar nas ruas sem ouvir o constante buzinar de carros e motas. Podemos até andar de bicicleta juntamente com os carros. Mais. Eles até nos cedem passagem.
A cidade começou a ser habitada já no século IX. Tal como Luang Prabang, alternou períodos de autonomia com outros de domínio por parte dos siameses, dos vietnamitas e dos burmeses. Quando os franceses chegaram, em meados do século XIX, e a tomaram como protectorado, também não eram uma das suas prioridades na sua Indochina. Mais uma vez, não abundam os exemplos de arquitectura colonial, apesar de se ver um aqui ou outro ali. O regime comunista também ainda não conseguiu deixar a sua marca. A frente do Mekong está tristemente voltada ao abandono, com edifícios em ruínas, mas existe um mamarracho de dezenas de andares, lugar de um hotel. À sua volta nada. Mas projectos megalómanos são anunciados em longos tapumes. Está bem que a China tem ajudado, mas duvido que daqui a dez anos os tapumes a anunciar os world trade centers a que qualquer cidade tem direito tenham saído do sítio.
Gostei do edifício do Palácio Presidencial e gostei da vista do alto do Patuxai, género de Arco do Triunfo, que prova que a cidade terá sido pensada, com longas e largas avenidas ao estilo dos boulevards franceses.
Interessantíssima a visita ao Cope, centro
de reabilitação de mutilados, cujo centro de
visitas nos dá a conhecer a história de bombardeamentos no Laos e consequências físicas para milhares de
humanos.
No mais é agradável caminhar pelas ruas
principais paralelas, Th Setthathirath e Th Samsenrthai, e suas
perpendiculares.
Restam os incontáveis e omnipresentes marcos religiosos.
O mais afastado Pha That Luang é uma stupa de 45 metros de altura e representa o monumento nacional mais importante do Laos, símbolo quer do budismo quer da soberania do Laos.
Já bem no centro da cidade ficam o Wat Si Saket e Haw Pha
Kaeo.
A cerca de 24 kms fica o Xieng Khuan, o Parque Buda. É um exemplo bem kitsch da criação de padre / yogi / shaman que mesclou a filosofia, mitologia e iconografia budista e hindu. Resultado? Uma série de esculturas para todos os gostos, incluindo um imenso Buda reclinado. Pese embora toda esta fantasia exagerada, merece uma visita.