quinta-feira, agosto 15, 2013

Génova




Génova não é tão elegante como Milão, mas possui a sorte de ter a banhá-la as águas do Mediterrâneo. Fundada em 1407, tem um passado glorioso, feito de comércio, sobretudo, e é conhecida como a terra natal de Cristóvão Colombo. Pujante na Idade Média, era uma das Repúblicas Marítimas. O centro histórico de La Superba é património da Unesco e é um dos mais extensos do mundo.

 
Por onde quer que caminhemos esbarramos com portas antigas e edifícios apalaçados, por vezes em ruas tão estreitas que uma envergadura mediana alcança um lado ao outro. A sua geografia é algo acidentada, mas nada que aborreça o viajante. Pelo contrário, dá-nos a possibilidade de subirmos num dos seus inúmeros ascensores e funiculares e obter uma vista de 360 graus da paisagem. Como a do ascensor do Castelletto.




O Porto Antigo domina a cidade para além do centro histórico. Aqui foram efectuadas grandes intervenções nos anos noventa do século passado, como a construção do edifício do Aquário, um dos maiores do mundo. Ainda, alguns símbolos a cargo do arquitecto da cidade e do mundo Renzo Piano, a quem se devem a Biosfera, a bolha que nos atrai as atenções, e o Bigo, ascensor panorâmico (outro) a cerca de 40 metros do solo cheio de tentáculos que nos faz desviar o olhar de tudo o resto.


À entrada do Porto, assim como quem diz à saída do centro histórico, fica o Palácio San Giorgio e sua fachada com frescos pintados a tons verdes claro e amarelo, entrado para a história por ter sido aqui, ao que consta, que Marco Polo ditou as suas viagens a Rusticello de Pisa, enquanto ambos estavam nesta antiga prisão.


Mas quem vem a Génova vem sobretudo pelo seu centro histórico. Extenso, como já referi, e cheio de atracções. A Praça Ferrari, com o edifício do Teatro, da Bolsa e o Paço Ducal é uma boa porta de entrada. A poucos metros damos de caras com a Catedral San Lorenzo, listada como se uma zebra fosse, cuja torre de tão alta se destaca na paisagem quer estejamos onde for.




A piada de Génova é percorrer as ruinhas e ruelas do seu centro histórico, ir ter a praças como a Piazza del Erbe, com os seus edifícios encavalitados a parecer que pedem ajuda. Não se pode dizer que este centro esteja muito bem conservado. Talvez se faça o que se pode, tantos são os monumentos e sítios de interesse em Itália, tanto que há para definir como prioridade. Mas o gosto de nos perdemos por uma rua com graça ou mesmo sem graça, esse ninguém nos tira em Génova.


 
A rua dos palácios por excelência é a Via Garibaldi. Aqui fica o Palazzo Rosso, o Bianco e o Dória-Tursi, a trilogia que constitui os Musei di Strada Nuova. O Rosso, ou Brignole, é do século XVII e o Bianco do século XVI. Ambos albergam colecções de arte genovesa e flamenga, sobretudo retratos de quinhentos e seiscentos. A fachada do Rosso é a que mais se destaca, vermelha como o nome em italiano o indica. O Dória-Tursi é hoje sede do município e o seu pátio seduz, albergando, para além de pintura genovesa, colecções de moedas, louça, tapeçaria e violinos.


Outro Palácio a merecer atenção na Via Garibaldi é o Lomellino, do século XVI. A sua fachada azul acinzentada é a mais bonita e elegante. Quando entramos pelo seu pátio é a ninfa no arco que rouba os nossos olhares.


Uma palavra para os sabores da Ligúria (melhor documentação, como não podia deixar de ser, no saborosíssimo blogue da mana, aqui). Na companhia diária dos gelados experimentei e aprovei o sabor de gengibre no Profume di Rosa. No Gran Ristoro almocei repetidamente as sandes das várias pancettas com os incontáveis ingredientes da pequena casinha sempre com fila à porta. E no Muà acompanhei um delicioso cocktail de menta com um bufete generoso que incluía ostras.