Gosto de música. Não preciso sequer de entender aquilo que se está a cantar. Encantam-me as melodias.
Daí que desde que estive no Camboja tenha ficado com um certo tipo de música na cabeça. Por sorte descobri um grupo que me acompanha até hoje: os Dengue Fever.
No Laos a mesma coisa. Passava por um sítio qualquer e lá estava aquele género de cantar enrolado, num idioma totalmente estranho, mas agradável aos meus ouvidos.
É muito bonito quando se viaja para outros países dizer que se faz amigos, que se estabelece contactos com os seus cidadãos, que se integra na cultura local. Eu até tento, como no Laos, mas por vezes isso é impossível.
Ora vejamos.
Chegada ao Parque Buda, arredores de Vientiane, uma banquinha que vendia sumos tinha um som a tocar. Aquela sonoridade que me persegue nos meus melhores sonhos. Com gestos - não falo laosiano, o rapaz não falava senão laosiano - a apontar para os ouvidos e para o rádio e fazendo o símbolo (ocidental) da pergunta, tentava chegar a uma conclusão do que estava a tocar. Nada.
Até que chegou a minha grande oportunidade, a que não iria deixar de me trazer os frutos que tanto desejava. O condutor do tuc tuc de Pakse falava um bom inglês, era jovem e gostava de música. Reunidas as condições de uma perfeita comunhão com o cidadão e cultura local, passo-lhe para a mão um papel e uma caneta para que me escreva alguns grupos e cantores que deva ouvir. Calmamente, aguardo que o moço pense e me faça uma, senão excelente, pelo menos boa colecção musical de canções do Laos e da Tailândia. Qual não é o meu espanto quando vejo que tudo está escrito no alfabeto deles. Pois é, o rapaz falava inglês, mas não sabia escrever no nosso alfabeto.
Não me resta senão descobrir por mim a música do sueste asiático que toca na minha cabeça.