Se Milão é a capital da moda, então, nada melhor do que começar
o passeio pela cidade pelo Quadrilátero de Ouro. São quatro ruas, a Via Montenapoleone, a Via Sant'Andrea, a
Via Manzoni e a Via della Spiga, esta última pedonal, a formarem um
quadrado onde se encontram todas as marcas mais caras da moda mundial. As
montras são a condizer com o luxo e o
bom gosto que estas marcas nos habituaram. Habituaram é como quem diz; infelizmente, fico-me pelo hábito dado pelas montras, que não possuo fortuna pessoal que me permita falar com
autoridade acerca dos objectos que preenchem o seu interior. Mas não deixa de ser uma delícia visual contemplar as malas
Louis Vuitton, os sapatos Prada, os vestidos Valentino, as blusas Gucci, os
adereços Dolce & Gabbana, os
perfumes Chanel, e tantas outras marcas.
Mas não é só por estas ruas que encontramos as marcas mais elegantes.
Um pouco por toda a cidade elas estão lá. Para me ater às que percorri, acrescentarei
a Corso Vittorio Emanuelle, com marcas também
mais populares, e a Galeria Vittorio Emanuelle. Esta é outra delicia visual, não tanto pelas suas lojas, mas pela sua arquitectura. Construída entre 1865 e 1877, diz que é o centro comercial mais antigo do mundo. Leva a forma de uma cruz e, para além da estrutura do seu tecto em vidro, o elemento que mais espanta e maravilha é a cúpula também em vidro e aço. Arquitectonicamente é, de facto, belíssima.
A entrada principal da Galeria é efectuada ou pela Praça onde fica o Teatro Alla Scala ou pela Praça do Duomo. O exterior do edifício do Scala não me pareceu nada de especial. Quem sabe não me possa seduzir pelo seu interior numa das óperas que um dia, quem sabe, lá assistirei. Já o edifício que ocupa o lado contrário da Praça, o Palácio Marino, do século XVI, é especialmente bonito, sobretudo os pormenores da sua fachada.
Mas a Praça do Duomo é, inequivocamente, o centro de
Milão, o local para onde tudo e
todos confluem. Se não, vejamos: o Corso Vittorio
Emanuelle vem aqui dar, a Galeria de mesmo nome idem, com o Scala a espreitar,
o La Rinascente (armazéns com artigos upa, upa) fica
aqui, o novo Museu del Novecento também. E aqui fica, claro, a
Catedral.
O Duomo de Milão é de uma beleza esmagadora. Conjugando vários estilos, é o gótico que mais sobressai. Uma das maiores catedrais do mundo, começou a ser construída no século XIV e só ficou concluída já no século XX. O seu interior não foi, porém o que mais me seduziu. Foi antes a sua fachada, cheia de esculturas, arcos, esferas e gárgulas. Surpresa maior, não fosse suficiente a elegância e majestade da catedral vista da Praça, é podermos subir até ao seu telhado e por lá caminhar, precisamente por entre as suas esculturas, arcos, esferas e gárgulas. Incrivelmente, estamos a 65 metros do solo e não é a vista da paisagem em volta, que num dia claro diz-se que pode alcançar os Alpes, que ocupa os nossos sentidos. É mesmo a forma, o desenho e os pormenores daquele telhado que nos distraem. É destino obrigatório para quem está em Milão e Milão deveria ser obrigatório só por esta subida ao telhado do seu maior símbolo.
Saindo da Praça do Duomo, mas não muito longe dali, fica o Castelo Sforzesco e suas portas já não tão delicadas como havíamos encontrado antes. Estilo diferente, sim, mas ainda agradável à vista. Aqui ficam diversos museus e sobretudo um parque imenso.
Nestes poucos dias em Milão, tempo ainda para uma caminhada pelo bairro de Brera e uma saltada ao edifício que acolhe a Pinacoteca de Brera. E a uma saltada rápida ao agradável bairro de Navigli e seu canal. Outra surpresa. As margens do canal têm becos a descobrir e estão ocupadas por repetidas esplanadas. Um postal perfeito é o espelho das coloridas casas nas águas do canal.