Desde 2004, as Portas de Brandeburgo passaram a ter como vizinho o impressionante Denkmal für die ermordeten Juden Europe (Memorial dos Judeus Assassinados na Europa), convencionalmente conhecido por Memorial do Holocausto.
Este memorial aos judeus vítimas do Holocausto, concluído em 2004 e inaugurado em 2005, pelos 60 anos do fim da 2ª Guerra Mundial, foi desenhado pelo arquitecto americano Peter Eisenman.
Corresponde a 19 000 m2 de um terreno coberto com 2711 blocos de cimento - semelhantes a sarcófagos, com as mesmas dimensões horizontais mas com alturas diferentes, distribuídos por uma grelha rectilínea, mas ainda assim labiríntica.
Para além desta parte escultórica, o memorial inclui também um centro de informação.
A intenção de Eisenman, na minha opinião muito conseguida, foi criar uma atmosfera que provocasse um sentimento de confusão, desorientação e inquietude.
O conjunto, austero e frio, visa assim representar um sistema supostamente ordenado mas que perdeu o contacto com a razão humana.
O memorial foi alvo de várias críticas durante todo o processo. Desde a rejeição do projecto original ao escândalo da contratação da empresa de pintura anti-graffiti utilizada nos blocos de pedra, a qual está relacionada com uma empresa envolvida nas intenções nacionais-socialistas de perseguição aos judeus, nomeadamente na produção do gás utilizado para o extermínio dos judeus.
Algumas das críticas ao projecto apontam que o mesmo devia incluir o nome das vítimas, assim como o número dos mortos, os autores nazis e o lugar onde ocorreram as mortes, de forma a não encobrir o crime dos visitantes (alguma desta informação encontra-se no centro de informação).
Outros, como o crítico de arquitectura Nicolai Ouroussoff, consideram antes que o memorial consegue transmitir os horrores do Holocausto sem recorrer a sentimentalismos, mostrando como a abstração pode ser uma ferramenta mais poderosa para transmitir as complexidades da emoção humana.
Parece-me que o memorial, sem palavras, consegue transmitir isso mesmo.