quinta-feira, novembro 22, 2007

Arte em Ponte de Sor

O Alentejo ganhou em Julho deste ano mais um equipamento museológico (a juntar ao também fresquinho Museu de Arte Contemporânea de Elvas – Colecção António Cachola – e ao Centro de Artes de Sines): a Fundação António Prates, em Ponte de Sor.
Se estes esforços de descentralização da cultura contemporânea portuguesa foram previamente planeados e propositados por parte dos poderes públicos ou antes obra exclusiva de homens da terra que pretenderam mostrar parte dos objectos de arte que foram adquirindo ao longo da sua vida (com a excepção do caso de Sines), não o sei. O certo é que o Alentejo passou a contar com uma oferta cultural bem interessante.


Visitei a Fundação António Prates, em Ponte de Sor, em Outubro. Instalada na antiga Fábrica de Moagem e Descasque de Arroz de Ponte de Sor, a sua transformação em pólo cultural teve a estreita colaboração da autarquia. O espaço acolhe exposições de obras pertencentes à colecção de António Prates (galerista em Lisboa), incluindo umas esculturas lindíssimas de Cruzeiro Seixas e pinturas dos grandes nomes portugueses como Graça Morais, João Hogan, Júlio Pomar, Júlio Resende, Mário Cesariny, Nikias Skapinakis, Pedro Calapez, para nomear os que mais me agradam.
No entanto, e não desdenhando as obras expostas no interior do edifício da antiga fábrica, que valem bem a viagem desde Lisboa, o mais original e pitoresco encontra-se no seu exterior: os “Jardins Portáteis” de Leonel Moura, cheios de cor e bem intencionados acoplando uma arvorezinha.



O que não entendi foi o porquê de os jardins se encontrarem vazios, quando toda a sua estética convida a que nos sentemos demoradamente nos seus sofás móveis, enquanto no espaço limítrofe ao edifício uma multidão acorria a uma daquelas feiras típicas de aldeia (e pelos vistos também de cidade) com tendas de comes e bebes, rifas e tiros ao boneco, com música em altos berros de Emanuel, Toni Carreira e outros que tais.
Há que perguntar, que cultura esperam e desejam os portugueses?