No início desta semana fui ouvir e ver Federico Aubele à Aula Magna.
Dito assim, ninguém se recordará de ter dado pela notícia.
O argentino foi abrir o concerto de Josh Rouse & Band e, pelos vistos, este último é um fenómeno no nosso país. Sala cheia até cá acima, como poucas vezes pude ver esta sala de espectáculos improvisada.
Conhecia Aubele do seu primeiro álbum “Gran Hotel Buenos Aires” e quando a mana disse que ele viria a Lisboa apresentar o seu segundo trabalho “Panamericana” não hesitei em aceitar o convite para comprar os bilhetes para ouvir a sua música. Uma mistura de vários géneros, quase todos os que possamos imaginar – dub, hip-hop, reggae, funk, bolero (tudo sons que dificilmente gosto de ouvir isoladamente), – onde o tango acompanhado da electrónica comanda a batida.
Como este era o convidado para ir entretendo o público antes da chegada do artista principal da noite, o seu concerto foi marcado para as 21:00.
Curioso que numa cidade que se vai acostumando a começar os espectáculos a desoras e, as mais das vezes, com atrasos, este tenha iniciado os primeiros acordes numa pontualidade britânica. Para meu azar, uma vez que apenas saia do emprego precisamente àquela hora. Resultado: apenas meia horita de música de Aubele, num total de umas 5 músicas, onde a imagem mais marcante acabou por ser a sua farta cabeleira.
Quanto a Josh Rouse, confesso que o seu nome nada me dizia e que duvidava que pudesse ter ouvido alguma das suas músicas, ainda que a mana garantisse que passava na Radar, a rádio que mais ouço.
Distraídos é que não andavam certamente os milhares que entusiasticamente o receberam na entrada para o palco e assim continuaram de cada vez que uma música tinha o seu início.
Quanto a mim, música após música confirmava que nunca tinha ouvido aquilo na vida (já ia metade do concerto decorrida quando reconheci algo sem que no entanto conseguisse acompanhar o coro da multidão).
Pela primeira vez senti-me deslocada num concerto para o qual havia comprado bilhete.
Estranha esta sensação de ir a uma festa por iniciativa própria e sentir que não se faz parte do meio. Algo assim como ter ido ver o Suécia – Bulgária no Euro 2004 e não saber por quem puxar. Isto, claro, por não conseguir deixar de ter que me envolver no ambiente de festa e puxar pelos artistas.
Ou por um deles.
Por isso, Federico Aubele, cá ficarei à espera de uma próxima visita onde sem pressas – minhas e tuas – possa desfrutar do teu som no teu concerto.