Primeiro, uma inspecção ao Mercado Nishiki, uma arcada longa coberta com lojas de doces (rainhas em toda a Kyoto) e todo o tipo de comida. Depois, o Museu da Manga. Nada de fruta, claro, mas antes da arte da banda-desenhada japonesa que se tornou culto um pouco por todo o mundo. Este museu, instalado numa antiga escola, acolhe uma colecção de cerca 30000 livros. A exposição permanente conta as origens da manga, explica quem são os seus leitores, sua temática, evolução e influência no mundo. Tem ainda exposições temporárias e lugar para, ao longo de todo o museu, se ir lendo os inúmeros livros à disposição, alguns dos quais sem ser em japonês.
Depois de um almoço num restaurante especializado em tofu, visitámos o Nanzen-ji.
Veredicto: um dos mais impressionantes e bonitos. Primeiro impressiona a sua enorme porta de madeira. Depois, já no edifício principal, que ainda hoje é lugar da escola rinzai do budismo zen (e vêem-se alguns monges) encanta o seu jardim zen. À volta, e ainda parte deste complexo de Nanzen, encontramos um aqueduto e se caminharmos um pouco monte acima, para além de nos vermos envolvidos na floresta, ganharemos o prémio de chegar a uma queda de água. Mínima, é certo, mas com potencial suficiente para encantar.
Seguindo para norte, percorremos o Tetsugaku-no-michi, o "caminho do filósofo", cerca de agradável meia-hora ao longo do canal, até chegarmos ao Gingaku-ji.
O Gingaku-ji é
conhecido como uma das maiores atracções
de Kyoto, daí que
as expectativas fossem muitas. E foram, efectivamente, plenamente confirmadas.
O lugar é, uma
vez mais, fantástico,
envolvido pelas montanhas imensamente verdes. Ao contrário dos templos até aqui visitados,
que datam quase todos do século
XIII, esta vila foi mandada construir por volta de 1482 pelo então shogun Ashikaga e,
depois da sua morte, foi convertida num templo zen. O Pavilhão Prateado, como é conhecido o seu
edifício
principal, rivaliza em beleza com os jardins que o envolvem. Vê-se verde e mais
verde, num caminho lindíssimo,
mas o que se destaca são
os cones de areia branca que pretendem reflectir a luz da lua, bem ao estilo
dos jardins zen que apelam sobretudo à
sugestão.
O fim de tarde foi passado no Parque do Palácio Imperial, ideal
para descansar, pôr
os pés ao léu e ser mordida de
forma oportunista por umas melgas nos ditos.
Depois de dois dias em Kyoto uma dúvida
cresce: em terra de refinamento e beleza, porque é
que tanto eles como elas fazem questão
de andar com os pés
descaradamente para dentro?