quarta-feira, agosto 20, 2014

Japão - Kyoto – 3.º dia

A manhã foi dedicada a provar que há mais vida em Kyoto para além dos templos.


Primeiro, uma inspecção ao Mercado Nishiki, uma arcada longa coberta com lojas de doces (rainhas em toda a Kyoto) e todo o tipo de comida. Depois, o Museu da Manga. Nada de fruta, claro, mas antes da arte da banda-desenhada japonesa que se tornou culto um pouco por todo o mundo. Este museu, instalado numa antiga escola, acolhe uma colecção de cerca 30000 livros. A exposição permanente conta as origens da manga, explica quem são os seus leitores, sua temática, evolução e influência no mundo. Tem ainda exposições temporárias e lugar para, ao longo de todo o museu, se ir lendo os inúmeros livros à disposição, alguns dos quais sem ser em japonês.


Depois de um almoço num restaurante especializado em tofu, visitámos o Nanzen-ji.





Veredicto: um dos mais impressionantes e bonitos. Primeiro impressiona a sua enorme porta de madeira. Depois, já no edifício principal, que ainda hoje é lugar da escola rinzai do budismo zen (e vêem-se alguns monges) encanta o seu jardim zen. À volta, e ainda parte deste complexo de Nanzen, encontramos um aqueduto e se caminharmos um pouco monte acima, para além de nos vermos envolvidos na floresta, ganharemos o prémio de chegar a uma queda de água. Mínima, é certo, mas com potencial suficiente para encantar.


Seguindo para norte, percorremos o Tetsugaku-no-michi, o "caminho do filósofo", cerca de agradável meia-hora ao longo do canal, até chegarmos ao Gingaku-ji.



O Gingaku-ji é conhecido como uma das maiores atracções de Kyoto, daí que as expectativas fossem muitas. E foram, efectivamente, plenamente confirmadas. O lugar é, uma vez mais, fantástico, envolvido pelas montanhas imensamente verdes. Ao contrário dos templos até aqui visitados, que datam quase todos do século XIII, esta vila foi mandada construir por volta de 1482 pelo então shogun Ashikaga e, depois da sua morte, foi convertida num templo zen. O Pavilhão Prateado, como é conhecido o seu edifício principal, rivaliza em beleza com os jardins que o envolvem. Vê-se verde e mais verde, num caminho lindíssimo, mas o que se destaca são os cones de areia branca que pretendem reflectir a luz da lua, bem ao estilo dos jardins zen que apelam sobretudo à sugestão.

O fim de tarde foi passado no Parque do Palácio Imperial, ideal para descansar, pôr os pés ao léu e ser mordida de forma oportunista por umas melgas nos ditos.

Ao jantar, sushi e sashimi sentadas ao balcão, alimentando o paladar e a vista.

Depois de dois dias em Kyoto uma dúvida cresce: em terra de refinamento e beleza, porque é que tanto eles como elas fazem questão de andar com os pés descaradamente para dentro?